terça-feira, 30 de outubro de 2007

Um drink no limbo...

Sábado à noite, vinte e duas horas, vinte graus e em frente ao número 90 da Rua Treze de Maio, onde fica o Zinc rock bar, chega uma Van com a banda de cover do WhiteSnake, chamada Blacksnake, mais um vocalista e um baterista de uma outra banda chamada Ironia-SP. O baterista esta bêbado. Tanto quanto se pode estar embriagado. Talvez um pouco mais.
Durante a viagem em direção ao local do show ele entra em atrito com membros da outra banda e quase começa ali uma briga. Bêbados são invencíveis, segundo a lenda. O vocalista parece um pouco preocupado. Além do ébrio estado do baterista, o guitarrista e o baixista ainda não chegaram. Eles moram longe. Quase tão longe quanto Santana do Parnaíba, já ouviu falar?
Os pagantes começam a entrar enquanto os músicos afinam os instrumentos.
Os músicos de outras bandas, claro. O baterista sumiu. Deve ter ido a um bar para beber mais um pouco.
Resolvi dar uma volta pelo estabelecimento. Do tamanho de duas salas de aula (medida padrão para professores bitolados), o minúsculo bar é dividido em dois andares: o térreo e o inferior, onde tem uma mesa de sinuca, os famosos sofás, que um dia, antes das manchas de líquidos inomináveis, tiveram uma cor e talvez fossem azuis e os banheiros. Todos sabem que eu conheço o nível de uma casa pelo banheiro que ela acomoda. Essa não tinha luz no banheiro. Me enganaram. Mas mesmo no escuro a coisa era feia. E pintado de preto ainda. Ou seria apenas mofo? Achei melhor subir para uma das mesinhas espalhadas pelo andar térreo e esperar o show começar.
O vocalista, Will, sim o mesmo do artigo “Um drink no inferno...”, ocupa uma mesa próxima a nossa e resolve começar a escrever a playlist. Agora? É. Mas ele desiste no meio, pois terá que fazer uma para cada integrante, e o baterista, com certeza, não conseguirá ler. Afinal nem era um rótulo de cachaça. “Na hora a gente vê. Eles ainda nem chegaram.”.
Quando o relógio marcou onze em ponto, um cara do bar, chegou perto do vocalista e disse: “Vocês tem que entrar agora, mesmo. Eu vou ao banheiro e quando voltar vocês tem que estar em cima do palco.” .
E agora? Foi quando o Will avistou o guitarrista e o baixista entrando, sem camisa junto com o baterista. Com exceção do próprio Will e do baixista, esse, um professor de Geografia, os outros estavam completamente bêbados. Confesso que fiquei preocupado e previ o vexame. Seriam notas erradas, com deslizes e talvez, sendo um pouco apocalíptico até jatos de vômito no palco.
Eles se posicionaram, sem afinar os instrumentos, pediram um guitarrista de outra banda emprestado, um cara chamado Guilherme (toca muito), e começaram o show. A cada música terminada, uma virada do vocalista e o pedido de nova música. E assim foram. Uma a uma.
Eu não sei como eles fazem isso. Devem ser os poderes dos deuses do rock. É a mesma coisa do Ozzy. Ele não consegue nem falar direito, por conta de tanta droga nos idos anos, mas quando ele pega o microfone, se transforma. Incrível.
Aconteceu à mesma coisa a eles. Tocaram muito. Muito mesmo. Não erraram nada. E o Will, pra variar, cantou demais.
Estou ficando famoso no submundo das bandas de rock. Ganhei um outro agradecimento, além do Kurt na semana passada. O Will mandou um agradecimento ao professor “from hell”. Valeu Will.
Show bem sucedido e banda normalmente alcoolizada. De novo, nem andavam em pé direito. Tudo dentro da mais perfeita normalidade.
A outra banda a tocar, também tinha um ex-aluno meu, o Rafa, que arrebentou no teclado. E que banda. BlackSnake. Segundo o Rafa, apenas dois ensaios separaram eles do show. Inacreditável.
Perdi algumas partes do show por conta do baterista bêbado, mas com memória absolutamente incrível, que gritava a cada beijo que eu dava em minha namorada “Aeeeeeeee professor!!”. Ele lembrou que eu estava no ultimo show, que eu estava com ela, e que ainda não estávamos namorando. Álcool acaba com os neurônios? De jeito nenhum. Acho que na verdade conserva-os.
Uma noite excelente com shows excelentes, que acabou com uma carona para um rockstar.
A cada dia eu fico mais feliz por ser professor e ter a oportunidade de conhecer gente assim como o Will, seus amigos e o Rafa.
Pena só, eu não ser professor de música.
Quem sabe um dia agente de bandas de rock, pelo menos?


Nas fotos - Ironia SP e Rafa

4 comentários:

Gwen disse...

Acho que vc não teria tantos alunos músicos se fosse professor de música.

Kd as críticas? Só estou vendo sua agenda cultural. Sei que eles merecem os elogios, mas esse blog está muito melado. I'm bored ;)

Prós disse...

hehehe.. .será que estou ficando mole com a idade? Eu nunca tive coração... estranho isso agora ;)

Vivi disse...

é o amor q amolece o coração! hehe
kisses

Anônimo disse...

Tem razão. Pode ter sido mesmo o inferno astral (rsrsrsrs). Tentarei pisar no freio.
Bjos e obrigada pela passagem.