segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O que eu odeio no Natal...

Ah o natal. Esse espírito de bondade contagiante. Todos se amam, as doações aumentam, as pessoas alimentam os mendigos e todos colocam luzes de natal enfeitando as suas casas.
Às vezes eu odeio o espírito de natal.
Ninguém sente raiva? Só eu? Não é possível.
Esses dias mesmo eu estava assistindo ao Jornal da Globo e eles mostraram uma pesquisa que indicava que o estresse de oitenta e seis por centro da população aumenta significativamente nessa época do ano. Mas, isso é perfeitamente compreensível, pois é no natal que somos colocados à prova, como Hércules que teve que realizar suas doze tarefas. Que sorte a dele. eram apenas doze.
Olhe como é fácil fazer uma lista de algumas coisas odiáveis no natal.

Presentes.
Você é uma pessoa cheia de parentes e amigos queridos? Então sua vida certamente vai se complicar no final do ano. Presente para o amigo secreto da família, do serviço e se você estiver estudando, da escola. Se estiver namorando a coisa fica mais complicada, por que aí tem que comprar um presente a mais e como as mulheres preferem torturar a ajudar ela com certeza não vai escolher um presente que é para te ferrar e fazer você entrar no shopping lotado sem a menor idéia do que vai comprar e ainda vai dizer que é para saber se você conhece o gosto dela.
Se estiver noivo a coisa piora um pouco, porque além do presente da namorada, ainda tem o presente dos pais da menina, que você obrigatoriamente tem que comprar para puxar o saco. Se for casado o número de amigos secretos aumenta em um que é o da família dela, e como você é um azarado, vai acabar tirando aquele filho da puta do tio chato dela, que não se contenta com nenhum presente e ainda diz que serve qualquer coisa, só para não denunciar o que ele quer. Contou o número de presentes? Vamos para o próximo tópico então.

Trânsito
Não é possível. Eu tenho certeza que quando eles admitem qualquer pessoa na CET paulista, o cara tem que passar por uma série de cursos do tipo “Como foder o trânsito de uma cidade com sete cones laranjas”, ou “Cem motivos para bloquear pistas no horário de pico.”. Eles resolvem sempre fazer obras e testes para o trânsito nessa época do ano. Os motoristas estão ocupados demais cantando Jingle Bells para perceberem que estão parados no trânsito e xingar os marronzinhos.
Além disso, ainda tem aquele pessoal que acha que é papai Noel e pega o trenó somente no natal. Fácil reconhecer esses motoristas. São os que dois quilômetros antes do radar de 50Km/h, resolvem diminuir e estabilizar a velocidade em 20Km/h.
Isso tudo sempre pode piorar em São Paulo. Choveu? Parou. Mesmo com tudo isso você conseguiu chegar ao shopping? Parabéns. Pegue o seu tíquete do estacionamento e vamos ao outro tópico.

Vagas de estacionamento.
Chegar ao shopping é só o começo do sofrimento. Você ainda tem que parar o carro. E essa não será uma tarefa fácil, acredite. Primeiro que o número de vagas é insuficiente e como se não bastasse, agora inventaram as vagas para idosos, diminuindo ainda mais o número de lugares para quem é honesto. Sim, porque tem um monte de cretinos que simplesmente para e usufrui da vaga reservada. Aliás, por que um espaço reservado para o idoso estacionar? Se o cara quer ir ao shopping ou ao mercado, aproveite que é aposentado e vá fora dos horários de pico. Estacionou? Ainda não acabou.

Achar os presentes.
Agora começa a tortura máxima. Descobrir, apenas andando nos corredores, quais são os presentes idéias para cada pessoa. Se você estiver com uma abençoada lista de presentes de cada um de seus amigos secretos, parentes e namorada, ótimo, sua tarefa será apenas muito difícil. Caso contrário, pode ter certeza de que será mais fácil cruzar os portões do inferno. E voltar. E não adianta olhar e revisar a lista milhares de vezes. Assim que chegar à sua casa e colocar os presentes guardados é que se dará conta de que se esqueceu de alguém. É sempre assim. É o destino. E ele é inexorável.

Para o artigo não ficar muito grande eu paro por aqui, apesar de haver muito mais coisas odiáveis no natal, mas tudo isso acontece porque as pessoas se esqueceram do verdadeiro sentido do natal. A comemoração da vinda do menino Jesus e coisa e tal, acabou se transformando nisso que conhecemos hoje. Melhor para o comércio que conta com as maiores vendas do ano, melhor para a economia que cresce e melhor para os terapeutas que terão seus consultórios lotados de pessoas estressadas em janeiro.
É isso. Dezembro reserva sempre a mesma coisa. As pessoas se unem, trocam presentes e não percebem que na noite de natal, toda aquela felicidade se dá apenas por que acabou o sofrimento.
Pelo menos até o ano que vem.

domingo, 3 de agosto de 2008

Funcionários Públicos...

Quarta-feira. Faltando apenas um dia para o final do mês, resolvi acertar algumas pendências com a prefeitura de Osasco e fui pagar o imposto atrasado de meu imóvel. Já é extremamente chato fazer um cheque no valor que eu fiz e ver toda essa grana abandonando a conta bancária sem ao menos um misero adeus, agora, ter que agüentar funcionário público, é muita sacanagem.

Meia hora para estacionar o carro, ouvindo um pessoal fazendo piquete em frente à prefeitura, e me questionando durante todo o tempo: “Porque será que os ‘piqueteiros’, sempre usam musicas sertaneja e pagode?”. Acho que é para irritar mais quem está passando na rua. Não há outra explicação plausível.

Me apresentei ao balcão de informações, a menina me perguntou nome, RG, CPF, qual o motivo para eu estar lá, endereço completo e finalmente me mandou para os bancos de espera.
Na sala de atendimento, me deparei com a foto do prefeito de Osasco, olhar altivo, com pose Mao Tse Tung, olhando de cima os funcionários como se estivesse vigiando todos eles. Apenas três pessoas na minha frente e oito atendentes, sendo que sete estavam livres. Isso vai ser bem rápido, pensei.

Pensei errado. E só percebi o quão longe eu estava da verdade, quando reparei que uma das atendentes, uma loira feia pra caramba, estava preenchendo uma cruzadinha. Juro. Uma cruzadinha. E a lápis. Acho que ao final ela apagava e tentava de novo. Quem faz uma porra de uma cruzadinha a lápis?

Tirei uma foto, com o meu celular, e ela se sentiu constrangida. Levantou e foi terminar a cruzadinha em outro lugar, mas não sem antes mandar aquele olhar de ódio, que só as loiras feias conseguem enviar.

Depois de uns quarenta minutos, fui atendido por um senhor (o único trabalhando efetivamente), que me perguntou nome, RG, CPF, qual o motivo para eu estar lá, endereço completo e não demorou mais do que três minutos, para imprimir uma folha e me mandar pagar no banco. Sem desconto? Sem desconto, ou você acha que isso aqui é um bazar popular? Senso de humor refinado. Gosto disso.

Fui até um banco da Nossa Caixa e fui novamente atendido por servidores. Já estava relativamente cansado disso.

Que fique bem claro que eu não tenho nada contra funcionários públicos, até mesmo porque eu faço parte dessa massa, mas as vezes, dá vontade de quebrar todos os ossos de algumas pessoas que não levam a sério a profissão. Duas garotas atrás do caixa, somente eu na fila e elas discutiam alegremente sobre uma festa que iria “rolar” no sábado. Não tenho pressa viu meninas. Mais um olhar de ódio. Não tão ruim quanto o das loiras feias, mas ainda assim, um bom olhar de ódio. Fui mal atendido (o que eu queria?) e finalmente deixei uma boa parcela, do que eu ganharei até o final de 2009. Pelo menos tudo pago.

Mais tarde, muitos professores faltaram na escola e mais uma vez eu maldisse essa raça de servidores. Muitas faltas, muitos problemas pra mim.

O dia acaba e eu finalmente me livro de qualquer funcionário público. Finalmente. Deitei a cabeça no travesseiro e cochilei. Só até as quatro da manhã, quando ouço o barulho de alguma coisa caindo no quintal. Levantei as orelhas e fiquei prestando atenção, quando ouvi passos em frente a minha janela. A ultima linha de defesa da minha casa, saiu da casinha em disparada e latindo contra o alvo primário. Fiquei esperando ouvir o cara sendo rasgado em milhares de pedaços pela fúria canina assassina do meu vira-latas. Ele correu em disparada, parou, parou de latir, voltou e foi buscar a bolinha para o cara.

Cachorro filho da puta. Só serve para cagar no quintal e enferrujar as rodas do meu Gurgel, mijando todos os dias nelas.

O pior de tudo foi ter cuspido para cima e ter que ligar para a policia, depois de tanto ofender os funcionários públicos. Mas eles não me deixaram na mão e nem me obrigaram a mudar de opinião. Trinta e cinco minutos depois, ligaram para confirmar o endereço e mais dez minutos chegaram à minha casa. Entraram, não acreditaram que alguém mais havia entrado e foram embora. Mas antes mandaram o olhar de “viemos a toa”. Foi por pouco. Se eles tivessem chegado apenas trinta minutos antes, teriam dado de cara com o pulador desavisado. É que quando achei que a coisa fosse demorar, eu preferi fazer barulho no meu quarto, para que o cara resolvesse pular de novo, mas para o lado da rua.

Depois que eu voltei a deitar, fiquei me perguntando, “Será que o meu cachorro, pensa que foi contratado pelo Estado?”. Bom, pelo menos nele eu posso descontar. Pela manhã eu vou enfiar aquela bolinha goela abaixo...

terça-feira, 1 de julho de 2008

Brisa...

O asfalto escuro, absorvendo todo o calor do sol em sua plenitude máxima, devolvendo o ar quente, que deforma a paisagem através do vapor, vai ficando para trás. O tempo está abafado com o risco de uma tempestade. O rosto suado, o corpo cansado, as pernas insistindo no correr mecânico, irrefletido, um passo após o outro, perna passando perna, rápido, com os movimentos programados e treinados desde o nascimento, aprimorados para uma corrida, que anos atrás, começou com um propósito, mas que hoje é executada, ele não sabe mais por que. Talvez, simplesmente, não tenha conseguido parar e o faça de forma automática.

Uma gota de suor escorre desde a testa, passando ao lado do olho direito, descendo como uma lágrima, contornando a bochecha, beijando de leve o canto da boca e se atirando ao lado do queixo, em direção ao asfalto, que em segundos faz com que evapore e vá se acumular as negras nuvens, que pouco a pouco se unem ameaçando tapar o sol, apenas para despencarem novamente em direção ao chão, num ciclo que lembra a vida.

O limite próximo, o obriga a reduzir e então parar. As mãos vão para os joelhos enquanto seus pulmões se enchem e se esvaziam de ar, pesadamente, sofregamente, fazendo com que seu peito estufe e diminua, chiando, lembrando que ele correu por tempo demais.

E ali, parado ele sente a brisa.

Fresca, delicada tocando suavemente o seu rosto, levando o vapor de seu corpo, fazendo com que ele feche instintivamente os olhos para apenas sentir sua caricia. Ele, então, entende que é hora de parar de correr e voltar a andar devagar. Essa sensação, trazida pela brisa faz com que ele saiba exatamente o que fazer.

Andando, devagar, a paisagem lhe mostra detalhes, que ficavam ocultos pela pressa.

terça-feira, 10 de junho de 2008

O mundo é gay...

Não adianta negar, espernear, nem ficar louco de raiva com isso, até mesmo porque isso é coisa de viado, e assim você só estaria realçando essa constatação e engrossando o contingente gay.

Eu ando meio ocupado e, portanto, não foi possível escrever por aqui nesses últimos tempos, e aqui vai um artigo meio passado sobre o dia da parada gay. Disseram os jornais que o público da parada estava em três milhões de pessoas, mas os órgãos gays (sem trocadilho, eu juro), juram de pés com pantufas juntos, que havia mais de cinco milhões de pessoas, entre homossexuais e simpatizantes.

Apesar dos gays serem meio exagerados, eu acredito mais no segundo número. Tinha gente pra cacete por lá (de novo, sem trocadilho). Como eu sei? Aí é que está. Seria muito mais fácil eu dizer que fui e pronto, e evitaria desgastes, porque a verdade é muito mais difícil de acreditar.
Estava voltando da casa de minha irmã, quando para evitar a 9 de julho que estava entupidassa, resolvemos subir de carro uma rua que para nosso desespero, desembocou na Rua Frei Caneca. Com tantas ruas em São Paulo para cair de pára-quedas, e fomos cair justo no reduto rosa da cidade em dia de parada gay. Se isso não é azar, eu não sei o que é. No desespero, para fugir do transito resolvemos pegar a primeira rua à esquerda, seguindo os desvios colocados pela CET e acabamos caindo na Augusta. Pronto. Que maravilha. Rua Augusta. E bem na hora em que estavam encerrando os eventos na Paulista.

Com o carro praticamente estacionado no meio da pista, nos movendo a incríveis 0,2Km/h o meu pensamento reconfortante foi: “Quem sabe agora não passa um casal de lindas lésbicas e começam a se agarrar na frente do carro?”. Claro. Podia acontecer. Eu confiando na força do pensamento positivo, fiz figas e fiquei de olho no movimento, afinal de contas isso seria interessante. Mas fui arrancado dos meus devaneios por um “cara” com camiseta que não cobria o umbigo, enfiando a mão pelo vidro entreaberto do carro e passando a mão no meu peito. Isso foi muito gay.

É melhor que fique claro agora, eu sou uma pessoa muito compreensiva e não tenho nada contra o homossexualismo, desde que ele seja o homossexualismo feminino. Convenhamos que dois homens se agarrando é uma coisa extremamente nojenta. Parece um programa da National Geographics, sobre a difícil vida dos ursos em tempo de escassez de pesca, quando a câmera foca dois seres peludos e assustadores se agarrando e mordendo para tentar ficar com um peixe. Coisa feia.

Conseguimos pegar o sentido contrario da Rua Augusta e passamos por um Golf que estava totalmente destruído, com policiais em volta dele. O carro era zerinho e estava acabado. Acho que os ocupantes devem ter sido estúpidos o suficiente para entrar em conflito com os meninos da parada. Fazer isso deve ter sido como fechar um motoboy em plena hora do rush na 9 de julho, e descer batendo na nuca do cara e xingando a mãe dele. Os caras devem ter apanhado muito. Tudo para confirmar a frase que marcou a XII parada gay: A Homofobia mata.

Se mata eu não sei, mas que faz neguinho apanhar de chinelada, isso é certeza.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Mais uma sexta em São Paulo...


A minha sexta-feira começou cedo. Acordar às cinco e meia da manhã, tomar um café corrido e enfrentar o congestionamento de sempre. Voltei para casa, tomei um banho fiz a barba, almocei e saí de novo. Fui chamado para fazer uma entrevista em uma boa instituição de treinamento em TI na Paulista. Um trânsito de arrebentar.
Bom, ninguém mandou morar na cidade das oportunidades.
A tal da entrevista estava marcada para as 14:00h e mesmo saindo de casa ao meio dia e meia, quando meu relógio apitou as duas da tarde eu ainda estava sobre a ponte da Anhanguera, a pouco mais de 10 quilômetros de casa. Não sou de desistir, então continuei o árduo caminho e pouco mais de uma hora de atraso e meio tanque de combustível depois, lá estava eu nas calçadas da Avenida Paulista. E acredite ou não, peguei trânsito na calçada também. Juro. Tudo parado.
Larguei a porra do carro, em um estacionamento a coisa de trezentos metros do prédio e queria ir andando rápido, mas estão reformando as calçadas, então o público que normalmente encontra três metros de calçada para andar, não podia contar com mais de um metro, o que resultou em um engarrafamento de pedestres. Problemas de paulistano.
Cheguei, sem saber se iriam me atender, e como era de se esperar, me pediram para entrar em uma sala e me deram um vingativo chá de cadeira. Chá amargo, diga-se de passagem. Eu só pensava na volta.
Meia hora depois, a entrevistadora entrou pela sala, se apresentou e começamos o bate-papo. Uma coisa que vem com a idade, é que você sempre sabe quais serão as perguntas. Se fossem feitas na ordem, daria para responder antes mesmo de serem feitas.
A volta não foi tão feia como achei que seria. Também não foi sem transito, mas nem se comparou a ida. Mas cheguei atrasado ao outro colégio e ainda tinha dois conselhos de classe pela frente.
Finalmente é chegada a noite, eu calculei que saindo às 21:00h eu chegaria com sobra de tempo para o show do WhiteSnake. Calculei errado. O trânsito ainda estava uma bosta e só cheguei ao show quando o ponteiro pequeno já passava do número onze. Maravilha, para fechar o dia chegando em todos os compromissos com atraso. E demorei mais 15 minutos para achar um estacionamento, haja visto que não há vagas no Credicard Hall, para todos os carros. Na verdade, nem para a metade deles. Pra variar, como acontece com quem chega tarde a esses eventos, deixei o carro na rua e R$17,00 (porque chorei) na mão de um flanelinha filho-da-puta, que só estava ganhando a vida honestamente.
Estava tudo apinhado dentro daquele lugar e eu acho que venderam pelo menos mil ingressos a mais, além da lotação. Pelo menos. Não dava nem pra se mexer. Demoramos uma meia hora para achar um lugar em que era possível balançar a cabeça e levantar os braços, de forma que eles pudessem voltar a posição original depois, e fomos agraciados pelos sons de “Here i go again” e “Burn” entre outros, para lavar a alma de quem ouvia. Os caras mandam muito.
Mas dali a pouco, quando a coisa estava esquentando de verdade, que já estava começando a valer a pena todo o esforço, o trânsito, o flanelinha e o ingresso, o David Coverdale agradece, diz que ama São Paulo e dá um tchauzinho. As cortinas se fecham e... não abrem mais.
Fiquei esperando um pouco, porque dentro de mim algo dizia, “Não, espera que ele volta. Ele ainda não cantou Love Ain´t no Stranger. Espera que ele volta.”
Não voltou. O filho-da-puta simplesmente seguiu o script, arrecadou a grana e vazou do palco. Disse que amava São Paulo e se arrancou.
Porra. Ainda por cima o poser é mentiroso. Quem consegue amar essa porcaria dessa cidade em uma sexta-feira de congestionamento.
Acho que ele foi para o show de helicóptero.

terça-feira, 8 de abril de 2008

A caçada...


Eu entendo você. Juro. Pode acreditar. Eu sei que no momento você não quer nenhuma mulher. Também, acabou de se separar. Mas seus amigos não entendem isso. Eles acham que têm que arrumar alguém pra você.
É meu caro, a sociedade cobra de nós homens. Agora que você não tem mais um par, seus amigos o taxarão de imprestável e molenga, a menos que você fique com o maior número de mulheres possível. Quando estamos sozinhos, somos páreas e não podemos carregar esse estigma. Para as mulheres, acredite, estar sozinha é tão ruim quanto e, portanto, talvez, apenas talvez, você acabe ficando com alguém muito em breve. Como dizia Maquiavel, se é para acontecer, não espere, faça de uma vez. Então vamos à caçada.

A estratégia.
Se você quer algum resultado é preciso ter uma estratégia. Eu gosto da seguinte: Chegar, reconhecer o território, localizar o alvo, esperar um sinal e atacar.

O território.
Escolha com clareza o local onde você ficará. Mas se você for escolher as imediações da porta do banheiro feminino, por favor, nunca diga a ninguém que me conhece. Esse truque só é usado pelos mais desesperados homens sem nenhuma imaginação e, hoje em dia, nenhuma mulher mais, cai nessa de ser puxada pelo braço e beijada, a caminho do sanitário. A não ser que esteja muito bêbada ou muito desesperada.
Para uma boa caçada procure ficar em um local visível, onde boa parte das mulheres possa te enxergar.
Espere. Tire essa idéia da cabeça. A gaiola da dançarina no centro da balada, não é um bom local.

O alvo.
A escolha do alvo é o ponto mais importante nesse momento. Tudo depende de qual é o seu grau de confiança. As mulheres mais disponíveis, normalmente são as mais bonitas e acompanhadas das amigas. Isso porque os homens ficam com medo e se afastam, mesmo diante de olhares enviados por ela. Em grupos grandes, fica mais fácil ainda. Mas é necessário ter uma autoconfiança sobrenatural para chegar nela. E saiba que, se for tomar um fora, ele será assistido por todas as amigas, diminuindo muito a sua chance de sair da balada com alguém. Evite as mulheres muito disputadas, pois elas se sentem, as ultimas bolachas do pacote.
Mas se você estiver com a moral em baixa, procure conversar com as mais próximas do balcão do bar. E de preferência as que estiverem rindo mais. Graças ao lúpulo e a cevada, unidos ao álcool, essas estarão mais suscetíveis a seus encantos. Vá à luta Tom Cruise.

O sinal.
Mulher não gosta de parecer disponível. E elas também não gostam de dar segundas chances. Reconheça o seu próprio potencial. O número ideal de olhadas é dois. Não mais que isso. Um longo olhar também conta como dois. Não fique esperando o terceiro, pois ele não virá.
Lembre-se que você também está olhando, então, por favor, evite olhares do tipo, “Eu sou o fodão, e quero levar você para cama nesse momento.”. Esse tipo de coisa só afasta mulheres. Se elas gostassem de homens das cavernas, elas teriam sido paleontólogas.
Procure mandar um olhar terno e carinhoso, acompanhado de um sorriso. Se esforce ao máximo, para enquanto estiver fazendo isso, não parecer gay. Você não quer mais uma amiga, quer?

A cantada.
Existe um gráfico que compara a linha do tempo da vida das mulheres com o tipo de cantada. A elaboração da cantada é inversamente proporcional à idade da mulher. Quanto mais nova a garota, mais elaborada deve ser a cantada. Se você chegar com o velho “Você vem sempre aqui?”, ou “Nos conhecemos de algum lugar?”, você será sumariamente excluído das possibilidades de alguém para dividir uma bebida com ela essa noite. Após os quarenta anos a cantada ideal, para lançar para uma mulher seria “Boa noite. Eu não sou gay.” É garantido.
Evite ser muito engraçadinho, usando coisas como: “Vamos tomar alguma coisa? Tipo... um banho?”.

O álcool.
Tem gente que usa o álcool para tomar coragem. Mas eu aconselho a ficar distante desse tipo de liquido. Mulheres, normalmente odeiam o hálito azedo que algumas bebidas deixam. E existe uma ligação direta, que a bebida faz entre a sua boca e a parte do seu cérebro que tende a achar que você é um pouco mais bonito, charmoso, rico e também, um pouco menos visível, do que você realmente é. Isso costuma gerar problemas. Alguns, inclusive, físicos. Principalmente por que o álcool costuma diminuir a visão periférica e você pode não notar o acompanhante musculoso, alto e mal encarado dela. E o filho da puta, normalmente não tem senso de humor.

Lembre-se, você é melhor que o Brad Pitt.
É verdade, eu não estou puxando o saco. Você é melhor mesmo. Uma mulher vive até os trinta anos, sonhando em um dia sair com o Brad Pitt e então, um dia, ela se dá conta de que isso nunca vai acontecer. Em compensação essa mesma mulher, nunca nem sonhou em um dia ficar com você e hoje quando ela se der conta, já será tarde demais.

É isso. O que você tem a perder? Nada.
Saiba que na pior das hipóteses, você pode acabar a noite com alguém. E se tudo der errado, apaixonado.


Bom, ninguém mandou querer sair...

segunda-feira, 24 de março de 2008

O kit solteiro...

O problema agora é assimilar que acabou. Quanto mais tempo levar pra fazer isso, mais tempo irá se passar até que você esqueça. Vamos então utilizar uma lição que aprendemos com as mulheres da nossa vida. Está com problemas, vá fazer compras. Não considere essa uma dica gay. Na verdade, agora que você separou, é preciso que analise friamente o seu guarda-roupa. Quantas peças existem lá, que você realmente escolheu? Quanto maior o tempo de casado, menor o numero de peças que você tenha escolhido. Então vamos a luta. O negócio agora é ir atrás do primeiro item da lista de um desquitado: o “kit solteiro”.
O kit solteiro consiste em um par de camisetas, um par de calças jeans, um par de tênis novos e cuecas e aqui vão algumas dicas que podem ajudar muito na hora da compra.

As camisetas.
Tudo bem. Não se culpe. Você se acostumou com alguém, comprando tudo para o seu guarda roupa. Você tem as roupas ideais para seduzir apenas uma mulher e, justamente, uma que está fora da lista de pretendentes. Nada de andar para trás, meu amigo. Nem para tomar impulso.
O que acontece é que você não sabe que tipo de camisetas deve comprar. Peça ajuda para a vendedora e de preferência, escolha uma vendedora bonita e jovem, assim quem sabe você já não consegue o primeiro telefone? Diga que você está voltando ao mercado agora e precisa de uma boa embalagem para valorizar o produto. Aproveite que o sofrimento fez com que você emagrecesse e compre uma camiseta do seu número. Nada de camisetas largas, que vão até os joelhos. Não se incomode com a sensação de vestir uma dessas novas camisetas, pois elas vem mais curtas mesmo. E lembre-se, camiseta escura para calças claras e camisetas claras para calças escuras. Você ainda não sabe o que está fazendo, portanto evite estampas. E não confie totalmente na vendedora. Ela quer vender tudo que estiver encalhado no estoque e, além de tudo, é uma mulher.

As calças.
Não adianta querer parecer o cantor Daniel e ficar judiando do seu saco com calças apertadas. É feio pra cacete e, além disso, deve ser difícil usar um instrumento esmagado. Procure comprar um jeans que caia bem e que o deixe a vontade. Uma amiga vai muito bem nessa hora. Ela, apesar de ser mulher, é bem mais confiável que a vendedora, e tem que aprovar o caimento. Se ela fizer uma carinha insegura, enquanto você experimenta, tire e descarte imediatamente a calça. Mesmo que você tenha gostado.

Tênis.
Isso aqui, não é blog de moda e se você não souber comprar nem a porcaria de um tênis, então é melhor comprar um par de sandálias e virar um monge franciscano.

Cuecas.
Eis aqui um dos mais importantes itens do kit solteiro. A Cueca. As dicas vêem da mulherada. Prefira cuecas do tipo boxer, sem arriscar muito nas cores. Ou branca ou preta. Nada de desenhos ou propagandas na cueca. E quando finalmente conseguir convencer alguém a ir para cama com você (você verá que isso é bem mais fácil do que era com a sua ex-mulher), lembre-se de tirar antes as malditas meias. É um tanto embaraçoso esquecer as meias e a visão de você de meias e cuecas, não deve ser, acredite, das melhores. E se tirar a cueca antes das meias, essa pode ser a sua ultima garota nesse circulo. Isso pode provocar risadas e ambos sabemos que risadas não são o melhor afrodisíaco. Ainda mais se você for o alvo.

Você está pronto. Parta para a luta agora. Isso é uma guerra. Não existe isso de que o importante é competir. Saia para ganhar e lembre-se que não fará feio.

Bom, pelo menos você está bem vestido.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Admirável mundo novo...

Minha irmã casou-se.

Não me olhe desse jeito, é claro que eu a avisei. Que tipo de irmão você acha que eu sou?

Disse tudo o que penso a respeito do casamento e, quem me conhece sabe que minha visão sobre esse tipo de sociedade, não é das mais favoráveis. Ainda essa semana estava conversando com um conhecido, falando sobre a trilha que eu fiz, e ele me contou que também fazia trilhas com moto, e que era viciante e coisa e tal. Obviamente perguntei por que parou e ele, sábio, lançou essa pérola: ”Quando casamos, viramos crianças novamente. Quando você vai a algum lugar, tem que dizer onde vai, com quem vai e que horas volta. E não conseguimos fazer mais nada sozinhos.”. Brilhante.

Eu sou separado. Meu casamento não sobreviveu à confusão de sentimentos e opiniões diversas do casal. Até aí tudo bem. O problema é que eu sou o único da pequena família a ter me separado. Quando minha mãe foi chamada a “dizer algumas palavras para os noivos”, ela olhou pra mim de relance e mandou, entre lagrimas: “Façam durar”. Ui. Essa doeu.

Já na grande família, nós, os divorciados, somos um seleto grupo de três pessoas. Meu padrinho, minha madrinha e eu. Está vendo? Não foi culpa minha. Eu fui mal influenciado pelos irmãos mais velhos da minha mãe e do meu pai respectivamente.

O casamento é uma coisa confusa, porque você tem que aprender a amar e odiar a pessoa, vivendo todos os dias com ela, na mesma casa, dormindo na mesma cama. Mas não é, realmente, algo ruim. De coração. Se você ignorar a falta de sexo, o crescimento desenfreado e continuo das barrigas, de ambas as partes e, uma vez por mês a TPM de sua esposa, o que sobra é até que bem legal.

O problema de verdade é quando o relacionamento termina, porque você se acostuma àquela rotina e quando cada um vai para o seu lado, você se sente mal. Ainda mais pessoas como eu, que não gostam de mudança. Você sofre, com certeza, mas depois de um tempo, percebe que não era por amor.

Desculpem-me os românticos de plantão, mas amor, como tudo na vida, tem prazo de validade. E é a primeira coisa que o casamento estraga. Você pode ter amizade e carinho, mas amor mesmo é algo que se consome. E os casais acabam por se separar. E é para essas pessoas que a partir de hoje eu começo a escrever artigos, que podem funcionar como um pequeno manual de sobrevivência para os recém-novamente-solteiros, que faço a partir das minhas experiências, e com as experiências de amigos e amigas, que também se separaram, e se viram diante de um mundo completamente diferente daquele que deixaram, quando embarcaram no golpe da vida a dois.

As regras mudaram, as pessoas mudaram e os relacionamentos mudaram também. O que valia antes, agora é falta de educação e o que você jamais faria, virou comportamento apreciado.

Bem vindo ao mundo novo.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Mulheres contentes...

Todos nós temos defeitos. Acho que é mais fácil encará-los, quando sabemos que eles são comuns a outras pessoas. O importante, mesmo, é enxergá-los.

Vou variar um pouco e falar dos homens. Homens são seres fortes e decididos. Pelo menos por fora. Por dentro, são criaturas estúpidas, frágeis e inseguras. Todos nós queremos ser aceitos. Todos nós queremos ser aprovados. Não importa se homem ou mulher. É praticamente uma lei da natureza.

Mas o homem, seja por culpa da natureza, seja por culpa da sociedade, acha que deve ser superior às mulheres.

É aí que o maior defeito de algumas mulheres, se torna a sua arma mais eficaz. As mulheres sonsas têm tudo o que querem.

A coisa acontece da seguinte maneira. Uma mulher vai procurar emprego. Se ela for bonita e tiver uma aparência vulnerável e frágil, então tem vantagem sobre as outras. O homem, por trás da entrevista, se sentirá superior e isso fará bem a ele. Ele se sentirá compelido a ajudar a pobre e indefesa donzela. E ela invariavelmente conseguirá o emprego. Diferente das mulheres seguras. Diferente das mulheres independentes. Essas põem medo nos homens inseguros. E todos nós homens, somos inseguros, em diferentes graus.

A mulher de aparência vulnerável, não fica mais de dois minutos sozinha em uma balada. Os homens criam coragem e avançam. Isso acontece com as modelos, ou as mulheres bem resolvidas com suas poses irrefragáveis? Não. Por quê? Porque os homens são covardes natos.

Mas isso gera conseqüências.

As mulheres guerreiras, passam muitas vezes por isso. Ficam sozinhas nas baladas, os homens fogem ou demonstram medo nas conversas, fazendo com que elas desanimem. Que homem quer ter uma mulher mais inteligente, ou mais alta, ou que ganhe mais dinheiro que ele próprio? Eles acham que as pessoas ririam deles. É preciso muita segurança pra isso. Seria preciso ser muito... homem.

Então elas, que não deveriam, vão ficando fragilizadas. Vulneráveis.

Um dia, acontece na história de todas elas. Um cara aparece e por conta do serviço ou dos amigos ou de outra desculpa do acaso, inicia uma conversa. A conversa se estende e ela percebe que ele não serve para ela. Mas ele insiste. Mulher não resiste à insistência. Elas às vezes ficam com eles, para que não insistam mais. E vão ficando. Tornam-se dependentes. Não querem mais passar pelo que passaram quando não tinham ninguém. Meses ou até mesmo anos de solidão, conseguindo apenas relacionamentos superficiais. Elas já se cansaram de dispensar pretendentes.
E o mundo feminino é cruel. As mulheres solteiras acabam sendo delicadamente expulsas, inclusive, de alguns círculos de amizades. Por quê? Porque elas passam a representar um risco para as amigas casadas.

Então, por medo da solidão, elas vão ficando. E vão se contentando. E vão se tornando ovelhas em um relacionamento, mesmo que sejam onças ferozes no âmbito profissional. Aceitando situações embaraçosas, situações humilhantes e às vezes até situações que representam risco para a sua integridade física. Elas deixam de acreditar em seus dotes e sua beleza. Uma mulher dessas nunca aceita um elogio calada, sempre acha que tem que retrucar alguma coisa, simplesmente porque não acredita que isso possa ser verdade.

Esse artigo tem uma função muito cruel. Defender as mulheres que não deveriam ter nenhum motivo para serem defendidas. E criticar as mulheres sonsas com aparência frágil.

Quem disse que esse é um mundo justo?

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Viagem – Dias 04 e 05 – Retorno...

Depois de quase três dias de praia e sossego, já estava pronto para o retorno. Eu tinha duas opções. Pegar a serra de Taubaté e a Dutra, ou voltar pela serra de Cunha de novo. Como o carro ainda não estava em condições perfeitas de uso, por causa do motor recém feito, eu resolvi voltar por Cunha. Como a estrada é esburacada e não passa muita gente, ninguém ficaria me atormentando por conta da velocidade. Decidido, barraca e mochila dentro do carro e toca pra estrada.

Até o trevo de Paraty, tudo foi às mil maravilhas. Entrei na serra e depois de alguns quilômetros, lá estava eu de novo na trilha. Os primeiros quilômetros foram lindos, como foram na ida. Eis que chegou o sétimo quilometro da trilha.

Alguma coisa fez barulho embaixo do carro. A direção correu da minha mão e o carro puxou violentamente para a direita. Não. Isso já me aconteceu antes. Não pode ser. O pivô é novo.
Desci do carro e fui em direção a roda da frente do lado do passageiro. Pivô. O mesmo da ultima vez. Inacreditável.

Vamos lá Ivan. Nada de tocar fogo no carro. Cabeça fria e analise as possibilidades. Primeira coisa: Achar um guincho, pois vai ser impossível tirar o carro daqui de outra forma. Terá que sair com a frente erguida, pois a roda está pendurada.

Então está fácil. Pegue o celular e mande uma mensagem para alguém que possa te ajudar a achar um guincho em Cunha, ou Paraty. Sem problema, é só mandar uma mensagem para a namorada.

Celular sem sinal. Bom, uma hora dessas deve passar alguém por aqui.
A verdade é que muitos jipes novos passaram. E que nenhum desses parou nem pra perguntar nada. Os caras olhavam e se arrancavam, só não levantando poeira, porque chovia. Nenhum jipeiro de verdade passou por ali. Senão teria parado.

Uma família encostou, indo para Cunha. Ofereceram carona, mas eu não pude aceitar. Não podia deixar meu carrinho filho da puta, largado, no meio do mato. Poderiam depenar ele. Com quatro pneus lameiros novos e outros equipamentos, seria um prato cheio. Pedi que achassem um guincho pra mim em Cunha e pediram o número do meu celular. A mulher disse “Meu nome é Paula, nós vamos achar ajuda e eu te ligo depois.”. Avisei que estava sem sinal, por isso não conseguia guincho, e eles disseram para eu não me preocupar. Olhei no relógio do celular, que para isso estava servindo, e vi que eram menos de três e meia da tarde. Perfeito. Até o anoitecer eu estaria fora dali. Peguei uma revista e deitei em cima do capô, encostado no para brisa. Agora era só esperar. Outros carros passaram, mas também não demonstraram o menor interesse em ajudar. Dali a pouco o guincho iria aparecer.

Quando estava chegando perto das cinco da tarde eu comecei a ficar preocupado. Nada do guincho ainda. Não podia ficar contando com a sorte. Três motos passaram e eu pedi que avisassem alguém em Cunha, um guincho ou um mecânico. E depois mais um carro com outra família.

Um caminhão passou e parou. Três pessoas na caçamba mais o motorista. Eles pularam, e ofereceram ajuda.Começaram a olhar e tentar colocar no lugar. Atento como estava ouvi um dizer para o outro quando estavam os dois outros afastados “Ele está sozinho?”, o outro respondeu “Está.”. Fui até o carro, abri a porta e meti o meu canivete no bolso. Melhor do que nada. Mas, os caras foram legais e ao contrario do que eu imaginei eles me ajudaram. Tentaram prender a porcaria do pivô, mas o carro andou menos de cinqüenta metros e quebrou de novo. Prometeram então conseguir ajuda em Cunha. Os caras eram de Guaratinguetá.

Voltei a minha leitura. Estava cada vez mais difícil de ler, a luz indo embora. E então as coisas começaram a acontecer. Um bicho, provavelmente uma porra de um besouro, só que quinze vezes maior, passou dando um rasante pela minha cabeça, que estava absorvida na leitura. Paguei pela brincadeira do sapo em Trindade. Então o meu cérebro passou a jogar contra, juntamente com meu ouvido. Eu juro que o mato mexia. Algo passava a menos de oito metros de onde eu estava. Alguma coisa grande. Fui para dentro do carro, mas pensei que as minhas janelas de plástico, não iriam me ajudar muito. E o sol estava se pondo.

Foi quando parou um morador de Cunha. “Precisamos tirar voce daqui. Está escurecendo e a coisa fica feia por aqui, depois que a luz some.”. Decidido. Eu iria arrastar meu carro nem que fosse nas costas. Procuramos um ponto de apoio no carro dele, para prender a cinta de reboque, e não achamos nenhum. Então um vizinho dele passou com uma caminhonete. Enquanto enxergávamos alguma coisa ainda, prendemos o carro e o arrastamos, por pelo menos, três quilômetros. Isso destruiu o carro.

Pra se ter uma idéia do que aconteceu, o pneu lameiro era novo. Os cravos, arrancaram o amortecedor, que entrou no pneu e rasgou ele de ponta a ponta, abrindo um rombo na câmera. A barra de direção entortou e tudo que era de borracha, debaixo do carro, se desfez, além de um pedaço do pára-choque dianteiro, ter trincado.

Colocamos o carro no portão de uma fazenda e fui até Cunha no carro da família, para acharmos um mecânico. Ele estava se aprontando para ir me socorrer, pois o guincho da cidade, estava com o motor fundido. Disse que quatro caras em um caminhão pararam na cidade para avisá-lo. Bendita solidariedade do povo de Guará. Já era por volta de dez da noite.

Voltamos para socorrer o carro, ouvindo Zeca Pagodinho (vontade de morrer), onde ele desentortou um pouco a barra de direção, colocou um amortecedor usado e um outro pivô. Fomos até a cidade e parei de novo na pousada da ida. Mais uma noite em Cunha. Eu fiquei meio cabreiro, mas pelo menos a pior parte tinha passado. Meia noite e meia agora.

Eis que toca o telefone. Uma mensagem de voz. Liguei para a caixa postal.
“Ivan, aqui é Paula, são quatro da tarde. Nós não achamos guincho. Boa sorte.”

Bom saber...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Viagem - Interstício – acampando...

Tem gente que não gosta de acampar. A verdade seja dita. O conforto é quase zero. Dá pra dormir muito bem na barraca, desde que você tenha um colchãozinho inflável e que ainda assim, levante antes das nove da manhã. Depois disso o calor na barraca de microondas fica insuportável. E também precisa saber lidar muito bem com a tela de proteção contra mosquitos, porque se você não for um bom operador dessas telas, sua barraca ficará super povoada e os demais habitantes não te deixarão dormir. Mas sem luxo e quase sem conforto acampamentos se tornam inimigos de muita gente.

Tem pessoas que conseguem contornar os problemas de formas inusitadas. Em um dos campings em que parei antes de achar o definitivo, encontrei um carro com um aparelho de ar-condicionado em uma das janelas! É. Um aparelho de ar-condicionado. Fui conversar com o dono, claro. Quando falei para ele que precisava tirar uma foto senão ninguém iria acreditar em mim, ele mandou: “Então tire a foto de dentro do carro.”. Pois bem, quando ele abriu a porta, por dentro o carro estava todo forrado por um tecido escuro e grosso, sem nenhuma passagem para a luz, o que facilitava o “congelamento” do interior pelo aparelho. Mas não foi isso que me impressionou. O cara tinha um computador desktop, e uma televisão LCD com aparelho de TV a cabo, dentro do carro. “Não fala alto, se não vão cobrar um extra pela energia elétrica.”, e deu risada. O carro do cara estava muito melhor equipado do que o meu quarto em São Paulo. A verdade seja dita, até que a minha casa. Tudo isso para economizar nas diárias das pousadas.

Mas para mim o inferno está no banheiro. Um problema é a fila e quanto mais gente no camping, pior é a espera. Outro é a limpeza, apesar de ter dado sorte nesse ultimo, não tenho as melhores lembranças dos outros. E por ultimo, tudo é por sua conta. Isso significa que você tem que levar inclusive o papel higiênico. E todas as vezes que quiser utilizar o quartinho, as pessoas sempre saberão o que você vai fazer. Levou o equipamento higiênico? Numero dois. Certeza. Não há privacidade.

Mas tirando isso, todo o resto é muito legal. E tem coisas que só acontecem quando se está acampado.

Na manhã do terceiro dia eu fui escovar os dentes e quando eu olhei para a pia, havia uma porra de um sapo olhando pra mim. Grudado na parede do tanque. Não tenho nada contra esses bichinhos e com a minha mãe que adora essas criaturinhas verdes, frias e gosmentas, aprendi a gostar também. Mas eu tomei um susto. Um dos bons. Susto de macho é verdade. Controlado. Sem gritaria, sem histeria, sem sangue quente nas veias. Igual ao o sapo. Apenas arregalando os olhos, até as pupilas quase saltarem para fora e logo em seguida se recuperando. Reação contraria a da primeira mulher que topou com o bichinho. Se eu não avisei? Claro que não. Fiquei na minha, fiz cara de paisagem e quando ela gritou, ainda perguntei com a maior cara de pau: “O que aconteceu? Você está bem?”.

Divertido. Pena que não deu pra dividir o momento com ninguém. Até agora...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Viagem - Dias 02 e 03 - Trindade...


Acordei as oito e meia, café da manhã na pousada mesmo e toca pra Trindade. Peguei a estrada ainda antes das nove. São mais ou menos uns 40 quilômetros de Cunha até o final do asfalto, cruzando por umas duas pequenas cachoeiras e então começa a trilha, que eles, os moradores de Cunha, chamam de serra. Os dez quilômetros de estrada mais bonitos que eu já peguei.

Durante o percurso muita lama, buracos e pedras, em locais que só passam um carro por vez, mas que compensam o sofrimento do carro com corredeiras e paisagens maravilhosas. Talvez, a melhor parte de toda a viagem. As prefeituras não podem asfaltar esse trecho histórico, da estrada do ouro, então o numero de carros é muito reduzido. Algumas ruínas de construções antigas fazem parte do cenário.

Evite datas como o natal, pois bandidos de moto cercam o carro e roubam os turistas, conforme me disseram depois.

Se você tiver um carro baixo e gostar um mínimo desse carro, então, não tome esse caminho. Por todo o percurso é possível encontrar calotas de carros e pedras arranhadas pelo fundo dos carros.

No meio da serra, uma visão inusitada no meio do nada. Um bar. Um cidadão abriu um bar de sucos bem no meio da serra. Não deve vender muito, acredito.

Ao final da trilha, já no começo do asfalto existe um morador que vende esculturas e artesanatos. Vale dar uma parada por curiosidade. Da varanda dele, já é possível avistar Paraty. Mais cem metros, uma ponte estreita, onde só passa um veiculo por vez e uma cachoeira, linda ao lado.
Ao final da serra, já se encontra o trevo de Paraty. Não tem como errar. Mais doze quilômetros de estrada pela direita do trevo e a humilde e quase invisível entrada para Trindade, já aparece, permitindo o acesso pelo acostamento.

Também não é aconselhável pegar essa estradinha a noite. Muitas curvas, em um ângulo acentuado, primeiro para cima e depois para baixo, forçam o motor e o freio o tempo todo. A torcida é para não cruzar com os ônibus da cidade. Eles desafiam todas as leis do universo que dizem respeito à sua largura e comprimento e descem a serra em alta velocidade.

Ao final da serra a praia está à esquerda. Um rio corta a rua e segue em direção ao mar. Eis aí uma armadilha. Depois da serra os freios estão praticamente incandescentes e ao cruzar o rio com o carro, os discos costumam empenar. Dá pra ver a careta dos motoristas que se lembram disso assim que passam. Eu fiz careta. Não há outro caminho. É uma boa idéia descansar na beira da praia para o carro esfriar e então seguir viagem.

Há na cidade muitos campings e pousadas, mas durante a alta temporada os preços das diárias, ficam bem salgados, variando entre R$ 120,00 e R$ 150,00, o casal. Sim. Só fazem preços para casal. Quem seria o perdedor que iria para aquele lugar paradisíaco sozinho?

Ainda bem que nos campings eles ainda não cobram por tamanho da barraca, mas por pessoa. Alguns desses lugares ficam bem na beira da praia, mas o que parece perfeito pode não se mostrar uma boa idéia, já que pessoas estranhas (e como tem pessoas estranhas nesse lugar), cruzam os terrenos o tempo todo para acessar as praias. Seria uma preocupação com as barracas e mochilas.

Trindade é um lugar maravilhoso, que faz jus ao nome, com a combinação de praias, mata e cachoeiras. Muitas trilhas pela cidade, garantem a diversão de quem não curte muito o sol.
Algumas praias são acessíveis, apenas de barco, ou por trilhas que podem levar duas horas para serem vencidas.

Há todo o tipo de turista, mas o que mais me deixou a vontade, é que a maioria das pessoas, não importa a idade, vai com a barraca, acampando. Todos na mesma situação, todos procurando economizar seus cobres, duramente somados para as férias. Conheci muita gente interessante, vinda de Brasília, Minas e interior de São Paulo. Não conheci nenhum carioca. Uma indicação de que a sorte estava voltando.

E tudo nessa cidade, fede a maconha. Tudo. O cheiro está em qualquer lugar que você vá. Principalmente à noite na praia. Toda noite tem show na praia do Meio, onde as pessoas levantam as bitucas e ficam balançando os cigarrinhos, ao som do reggae. Incrível como ainda há espaço para outro tipo de vegetação naquele lugar. E que bom que essa fumaça não agride a camada de Ozônio. Senão eles poderiam tirar o primeiro lugar da China, como destruidores do meio ambiente.

Uma outra coisa boa é a aparente segurança. Apesar de não ter visto em nenhum momento a policia circulando, enquanto estive por lá, não soube de ninguém que foi assaltado.

Um milagre, se levarmos em consideração que Trindade pertence ao Estado do Rio de Janeiro.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Viagem - Dia 01 - A ida...

Toda viagem começa com a decisão. E eu estava decidido a viajar para o litoral. Há cerca de três meses, Gustavo, um professor que dividia aulas comigo em um dos colégios para o qual eu trabalhei, me convidou para atravessarmos o litoral paulista, eu de carro e ele de moto, procurando trilhas e areia. A idéia pareceu muito boa, e por conta disso, preparei o meu carro, instalando pneus lameiros altos, bancos concha e cinto cinco pontas.


Após a noticia de que ele precisaria de mais uma semana para começar a viagem, eu decidi testar o carro, e para isso escolhi ir até Cunha. Passei a ultima segunda feira cuidando dos detalhes, como freios e revisão do motor.


Na terça feira, dia 08, acordei às 04:30h joguei no carro a mochila e a barraca e botei o pé na estrada. Anhanguera, Marginal Tietê e Dutra. E o carro respondendo bem. No primeiro pedágio, já perto de Arujá, o carro morre. Uma fumaceira dos diabos saindo do motor. Um dos funcionários do pedágio me ajudou e empurramos o Gurgel até uma área sem movimento à espera do guincho.


Já vi a viagem fazendo água. Para quem queria ver o mar...


Esperei cerca de uma hora pelo Guincho e quando ele chegou me levou até uma oficina mecânica em Arujá, interior de São Paulo. Como cheguei por volta das seis e meia, precisei esperar até as oito para que ela abrisse. Quando abriu demorou até as dez para regular o motor e então me avisou. “Eu tentei regular o motor duas vezes. Se ele fizer isso de novo, será necessário trocar o cabeçote.”.


Pra quem não entende de motor, basta dizer que essa é a segunda pior coisa que pode acontecer, no quesito financeiro, perdendo apenas para “motor fundido.”. Rezei para que não fosse. Muito.
Paguei, peguei a estrada de novo e nem dez quilômetros se passaram, quando percebi que não apliquei a fé necessária. Deveria ter lido com mais afinco aquele livro besta “O segredo”. Talvez tivesse desejado com mais vontade, ou da maneira correta. Não deu outra. O motor abriu o bico de novo. Fazer um retorno na Dutra e voltar para a oficina. Mais uma hora se passou e a noticia veio. Mais de mil e trezentos Reais pra consertar. Havia outra possibilidade? Não. Conserta.


O mecânico me avisou que se as peças chegassem até as duas da tarde, seria possível fazer o reparo no dia mesmo. Mas caso isso não acontecesse, então o carro só ficaria pronto no dia seguinte. Arapuca foi a palavra que me veio a cabeça. Arapuca. Preso nessa porra de cidade e ainda terei que passar a noite dentro do carro, preso na oficina. Pelo menos o banco é confortável.


Minha sorte mudou um pouco, quando as peças chegaram por volta de uma e meia da tarde.
Fiquei um pouco mais calmo. Bastava que o mecânico cumprisse a sua palavra.
Para passar o tempo, eu intercalava cochilos com a leitura de um livro do Sidnei Sheldon que levei.


O problema é que a oficina estava em reforma, provavelmente com o dinheiro dos viajantes desavisados, que por lá aportavam com seus carros quebrados, e havia dois pedreiros quebrando o chão. O dia todo.


As pancadas ritmadas das marretas não paravam. PUM, PAM, PUM, PAM. Irritante. Ainda bem que foram apenas umas nove horas de pancadas contra o concreto do contra piso.
Durante determinado momento eu estava lendo e ouvi barulhos diferentes das pancadas no chão. Os pedreiros jogaram as marretas no chão e correram para fora, seguidos dos mecânicos da oficina. Tiros.


Um carro roubado passou na frente da oficina e a policia atenta, disparou quatro tiros em direção ao carro que, desgovernado foi em direção à calçada e ficou preso entre um poste e um muro. Um ladrão a menos no mundo, um a mais no inferno. Todos os mecânicos a menos na oficina. Demorou para a cidade voltar a suas tarefas, depois desse evento. Isso estava me preocupando. Já passávamos das cinco da tarde.


Quando o relógio já marcava sete e meia, o mecânico finalmente acabou o serviço. Dei uma volta para experimentar o carro e aprovei. Fui em direção a estrada novamente. Parei diante da placa que indicava São Paulo para a esquerda e Rio de Janeiro, para a direita.


Fui para a direita. Não desistiria agora.


Peguei a Dutra novamente e segui viagem. Cheguei a Cunha por volta das dez e meia. Como eu sabia que era muito desaconselhável pegar a trilha de Cunha até Paraty depois de escurecer procurei uma pousada bem baratinha. Meu bolso ainda estava doendo muito. Paguei R$20,00 a diária. Banheiro coletivo. Uma pousadinha “quase” limpa. Deixei as minhas coisas no quarto e, como estava com fome, fui procurar algum lugar para comer.


Cidade do interior com alguma coisa aberta depois das dez em plena terça feira? Acorda Ivan. Amanhã de manhã você toma café.


Tomei banho e foi só encostar a cabeça no travesseiro com cheirinho de mofo para dormir.


Viajar cansa.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

A diferença entre a teoria e a pratica...


A teoria.
Dia 07 eu embarcaria em uma viagem onde atravessaria o litoral paulista, começando no Rio, em Paraty pra ser mais exato, e terminaria em Cananéia. Para isso reformei o meu carro e estava me preparando.

A pratica.
A viagem teve que ser adiada, pois o Gustavo, meu amigo, que me acompanharia na aventura, precisou de mais uma semana. Como o carro estava preparado, eu tive a brilhante idéia de fazer uma viagem de teste. Peguei minha barraca, mochila e carro e toquei em direção a Cunha, na divisa com o Rio de Janeiro, para descer até Trindade. Pra quem gostou do filme “férias frustradas”, vai achar interressante a minha viagem.
Contarei em artigos a partir de hoje. Muita história.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Feliz ano novo...


Ele passara a tarde toda conversando com a namorada e os amigos sobre as bobas crendices da passagem de ano. Sua mãe, em outros anos, já ficara furiosa com ele por conta desse assunto. Ela que sempre acreditou e, nunca deixou de colocar folhas de louro e sementes que deveriam deixar o dinheiro sempre presente em sua carteira.


Em outros anos, dizia ele, eu permiti que a folha de louro ficasse em um lugar escondido da carteira, para que, como minha mãe havia prometido, o dinheiro nunca faltasse. E realmente não faltou. A nota de um dólar, reservada para o nhoque da sorte, todo dia vinte e nove de cada mês, sempre estivera presente, fazendo companhia a folha de louro, no mesmo compartimento escondido.


A gota final, para matar os mitos e crendices, em sua vida, veio em forma de sementes de mostarda, deixadas sob o tapete do carro, para que o mesmo ficasse sob proteção. As sementes protegeriam o carro, vejam só. A verdade seja dita, ele não batera mesmo o veículo durante o ano, mas talvez apenas, não tivesse tido tempo suficiente. O carro precisou ser vendido para pagar algumas dividas e, isso aconteceu no meio do ano. As sementes, claro, foram com ele. Já estavam há muito esquecidas sob a tapeçaria.


Não. Esse ano seria diferente. Nada dessas crendices. Sua mãe e namorada que o perdoassem, mas ele não perderia seu tempo com essas baboseiras supersticiosas.


Estava determinado a arriscar a sorte do ano para provar a todos que nada disso tinha valia nenhuma. E faria isso mesmo.


Faltando poucas horas para o término do ano e inicio do outro, ele tomou banho e de forma despretensiosa, pegou qualquer roupa da mala. Por um acaso a cueca de cima era amarela. Amarelo, fortuna. Besteira, mas ele prometeu não perder tempo com isso e a vestiu mesmo assim. A bermuda branca também era a primeira e a camiseta branca era a terceira, mas as outras cores não combinariam. Nada de superstição. Apenas noção de como se vestir razoavelmente bem. Tirariam fotos. Não poderia se vestir de qualquer maneira.

Calçou o par de chinelos novos e desceu para a ceia.


Comida farta. Evitou o frango, não porque alguns bobos diziam que no ano novo não era bom comer carne de um bicho que cisca, mas pelo simples fato de não sentir vontade de frango. Havia outros pratos mais chamativos para apreciar. Frango era muito comum.


Passada a ceia e faltando apenas vinte minutos para a passagem do ano, a namorada, ele e os amigos todos, dirigiram-se para a praia. Ele foi para acompanhá-los e também assistir a queima de fogos. A cada ano a coisa ficava mais e mais bonita.


Contagem regressiva, os fogos queimando no céu o primeiro beijo do ano, a rolha sendo expulsa da garrafa de champanhe pela pressão, o conteúdo da garrafa sendo distribuído entre os copos dos presentes até que não restasse mais nada no vasilhame. E o brinde. Saúde, paz, prosperidade, etc.


Um pouco de champanhe de seu próprio copo caiu em seu pé. Em seu chinelo novo. Antes que começasse a grudar ele o lavaria na praia. Avisou a todos e andou até o mar. Antes de entrar, olhou para trás e viu que todos estavam distraídos com o finalzinho da queima de fogos.


Entrou com o pé direito, pedindo licença para Iemanjá e rapidamente lavou o pé melado. Antes da oitava onda, depois de pular todas as anteriores, já estava saindo. Olhou para trás e fez um pedido.


Que esse ano seja melhor que o anterior. Para meus amigos todos e eu.


Crendice? Não. Sua avó já dizia. Melhor um pouquinho de canja de galinha do que quilos de remédio.


Tenhamos todos um feliz 2008!