segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O que eu odeio no Natal...

Ah o natal. Esse espírito de bondade contagiante. Todos se amam, as doações aumentam, as pessoas alimentam os mendigos e todos colocam luzes de natal enfeitando as suas casas.
Às vezes eu odeio o espírito de natal.
Ninguém sente raiva? Só eu? Não é possível.
Esses dias mesmo eu estava assistindo ao Jornal da Globo e eles mostraram uma pesquisa que indicava que o estresse de oitenta e seis por centro da população aumenta significativamente nessa época do ano. Mas, isso é perfeitamente compreensível, pois é no natal que somos colocados à prova, como Hércules que teve que realizar suas doze tarefas. Que sorte a dele. eram apenas doze.
Olhe como é fácil fazer uma lista de algumas coisas odiáveis no natal.

Presentes.
Você é uma pessoa cheia de parentes e amigos queridos? Então sua vida certamente vai se complicar no final do ano. Presente para o amigo secreto da família, do serviço e se você estiver estudando, da escola. Se estiver namorando a coisa fica mais complicada, por que aí tem que comprar um presente a mais e como as mulheres preferem torturar a ajudar ela com certeza não vai escolher um presente que é para te ferrar e fazer você entrar no shopping lotado sem a menor idéia do que vai comprar e ainda vai dizer que é para saber se você conhece o gosto dela.
Se estiver noivo a coisa piora um pouco, porque além do presente da namorada, ainda tem o presente dos pais da menina, que você obrigatoriamente tem que comprar para puxar o saco. Se for casado o número de amigos secretos aumenta em um que é o da família dela, e como você é um azarado, vai acabar tirando aquele filho da puta do tio chato dela, que não se contenta com nenhum presente e ainda diz que serve qualquer coisa, só para não denunciar o que ele quer. Contou o número de presentes? Vamos para o próximo tópico então.

Trânsito
Não é possível. Eu tenho certeza que quando eles admitem qualquer pessoa na CET paulista, o cara tem que passar por uma série de cursos do tipo “Como foder o trânsito de uma cidade com sete cones laranjas”, ou “Cem motivos para bloquear pistas no horário de pico.”. Eles resolvem sempre fazer obras e testes para o trânsito nessa época do ano. Os motoristas estão ocupados demais cantando Jingle Bells para perceberem que estão parados no trânsito e xingar os marronzinhos.
Além disso, ainda tem aquele pessoal que acha que é papai Noel e pega o trenó somente no natal. Fácil reconhecer esses motoristas. São os que dois quilômetros antes do radar de 50Km/h, resolvem diminuir e estabilizar a velocidade em 20Km/h.
Isso tudo sempre pode piorar em São Paulo. Choveu? Parou. Mesmo com tudo isso você conseguiu chegar ao shopping? Parabéns. Pegue o seu tíquete do estacionamento e vamos ao outro tópico.

Vagas de estacionamento.
Chegar ao shopping é só o começo do sofrimento. Você ainda tem que parar o carro. E essa não será uma tarefa fácil, acredite. Primeiro que o número de vagas é insuficiente e como se não bastasse, agora inventaram as vagas para idosos, diminuindo ainda mais o número de lugares para quem é honesto. Sim, porque tem um monte de cretinos que simplesmente para e usufrui da vaga reservada. Aliás, por que um espaço reservado para o idoso estacionar? Se o cara quer ir ao shopping ou ao mercado, aproveite que é aposentado e vá fora dos horários de pico. Estacionou? Ainda não acabou.

Achar os presentes.
Agora começa a tortura máxima. Descobrir, apenas andando nos corredores, quais são os presentes idéias para cada pessoa. Se você estiver com uma abençoada lista de presentes de cada um de seus amigos secretos, parentes e namorada, ótimo, sua tarefa será apenas muito difícil. Caso contrário, pode ter certeza de que será mais fácil cruzar os portões do inferno. E voltar. E não adianta olhar e revisar a lista milhares de vezes. Assim que chegar à sua casa e colocar os presentes guardados é que se dará conta de que se esqueceu de alguém. É sempre assim. É o destino. E ele é inexorável.

Para o artigo não ficar muito grande eu paro por aqui, apesar de haver muito mais coisas odiáveis no natal, mas tudo isso acontece porque as pessoas se esqueceram do verdadeiro sentido do natal. A comemoração da vinda do menino Jesus e coisa e tal, acabou se transformando nisso que conhecemos hoje. Melhor para o comércio que conta com as maiores vendas do ano, melhor para a economia que cresce e melhor para os terapeutas que terão seus consultórios lotados de pessoas estressadas em janeiro.
É isso. Dezembro reserva sempre a mesma coisa. As pessoas se unem, trocam presentes e não percebem que na noite de natal, toda aquela felicidade se dá apenas por que acabou o sofrimento.
Pelo menos até o ano que vem.