sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Chinês...

- Bom dia. Qual o preço desses filhotes? – pergunta a garota ao vendedor na loja.

O vendedor dos filhotes de cachorro aponta um por um, indicando os preços. São pelo menos doze filhotes, felpudos e fofinhos. A garota olha mais um pouco e, finalmente se decide.

- Quero aquele ali.

- Claro, como quiser.

O vendedor pega o filhote do caixote de vidro e leva para os fundos da loja. Depois de alguns minutos ele volta com um jornal e um punhado de carne dentro. A garota olha sem acreditar. É o animal desossado. Incrédula ela se dirige irritada para o vendedor:

- Não! O que você fez? Eu queria em filés.



Povo estranho esse chinês. Como pode uma raça que come cães? Tudo bem, os indianos devem imaginar a mesma coisa de nós, que comemos a vaca. Mas, cachorro? Aí é sacanagem.

Fomos a um restaurante chinês, na liberdade. A verdade é que eu fujo desse tipo de culinária, já que os nossos amigos de olho puxado, são conhecidos por comerem tudo o que se mexe. Gafanhotos, baratas, aranhas, lesmas, cães, gatos, enfim, tudo. Pra eles, tudo mesmo pode virar uma "lefeição". Algumas vezes você foge, outras você luta. Havia chegado a minha vez de enfrentar os chineses e a sua tão temida "culinália".

Entramos no restaurante e nos dirigimos ao andar superior. Obviamente nenhum dos atendentes falava a língua de meu país de origem, mas eles apontaram em vários caminhos errados dentro do estabelecimento, até encontrarmos nossos amigos, que já haviam feito o pedido da entrada. Uma porção de rolinhos primavera. Esclarecendo que a porção chinesa é composta por 12 unidades, diferente da francesa, que é composta por duas. Deve ser proporcional ao número de habitantes de cada país. Como estávamos, por coincidência e desistência de dois dos mais espertos membros, em doze também, uma porção seria a quantidade exata para o grupo.

Apesar da demora em chegar os rolinhos, fomos distraídos pela decodificação dos pratos do cardápio. E o atendimento deve ser excelente para os padrões chineses. Quando perguntada do porque da demora, a chinesa mandou rapidamente um "espela". Claro. Há outra saída?

Graças ao bom Deus esses orientais tem também um cardápio voltado para pessoas semi-normais, com comidas semi-normais do tipo frango xadrez e yakissoba, que foram selecionados pelo grupo junto com uma tigela de Shimeji e um de camarões.

Chegaram os rolinhos, juntamente com os refrigerantes. Cada pessoa presente na mesa pegou um e o ultimo ficou sem. Veio um a menos.

- Você quer reclamar? Foi perguntado ao sorteado.

- Melhor não. Ouvi dizer que cospem na comida.

Havia óleo no rolinho. Muito. O suficiente para separar a minha urina da água algumas horas depois de ter ingerido e o corpo ter desistido de digerir. O resto deve ter ido para as veias ao redor do coração. Mas estavam bons. Ou eu estava com fome às três da tarde.

Os pratos foram chegando em sequência a começar pelos camarões. E que camarões. Gigantescos. O próximo prato para deleite dos que por azar são alérgicos a camarão foi o Yakisoba. Delicioso. E foi seguido pelo frango xadrez e a tigela de Shimeji. Esse último, definitivamente, o mais estranho. Os cogumelos pareciam glandes. Não, não é um chinês dizendo que os cogumelos eram enormes. É isso mesmo que você está pensando, glandes, as pontas das genitálias masculinas.

Estranhamente o prato ficou intocado.

Mais uma rodada de refrigerantes e muita conversa jogada fora, alguém pediu a conta. No total, com todos muito satisfeitos, a conta não saiu por mais de 17 Reais por pessoa. Barato e no geral, gostoso. Mesmo assim, como houve o incidente do rolinho primavera que estava faltando, um amigo resolveu conferir a conta.

- Alguém sabe como se escreve refrigerante em chinês?




Agradecimentos à amiga Mel pela história fofa do início do texto.