quinta-feira, 25 de março de 2010

Ida ao dentista é o canal...

Que terça-feira brava. O dia começou com a ida ao dentista. Tratamento de canal. O primeiro grande desafio é o de levantar cedo (ainda mais pra quem não gosta disso, como eu), sabendo que todo o esforço será dedicado apenas para sofrer de boca aberta. Tomar um café da manhã, passar o fio dental e não esquecer de aparar os pelos da barba. Cara, quando eu esqueço de cortar os pelos do rosto, aquela maldita luva de borracha contra os aparelhos fazem uma depilação pelo a pelo. Como se não bastasse a dor proporcionada dentro da boca.

Sentei na cadeira, relaxei o máximo possível (o que realmente não significou muito) e começamos o tratamento. Dentistas, apesar de toda a tecnologia disponível, ainda lembram torturadores medievais. Eles usam brocas, lixas, agulhas, instrumentos com pontas tortas e afiadas, alicates, fogo e coisas que eu tenho medo até de lembrar. Inquisição dentária.


Eu gostaria de saber porque eles fazem questão de deixar as mesinhas com os instrumentos bem na altura dos olhos do paciente, de forma que seja possível ver tudo o que eles pegam para colocar na sua boca. E fico curioso também em saber por que todo dentista gosta de dizer o que vai fazer. "Agora eu vou pegar essa lixa de metal e lixar entre os seus dentes para tirar esse excesso. Vai doer um pouquinho.". É claro que vai doer. E não vai ser um pouquinho. Soa como "Agora eu vou puxar essas catracas e quebrar os ossos de suas pernas e braços. Depois vamos queimar você vivo."


Quando ele começou a trabalhar o único som no escritório, além do horrível som da broca, era o do rádio. E tocava Amy Winehouse. Eu odeio Amy Winehouse. A perfeita trilha sonora para a tortura. O efeito seria quase o mesmo se ele parasse de trabalhar e deixasse apenas o rádio me maltratando.


Pensei: "Calma. Logo isso acaba. Primeiro a Amy vai parar de cantar e logo depois o dentista termina o seu trabalho.". Verdade. A música acabou. Mas, começou outra. E depois mais uma. E o locutor entra e avisa que após pequeno intervalo comercial a estação voltaria com o especial da Amy. Que felicidade. O tratamento terminou antes do fim do programa. E acredite, demorou uma vida. Quase duas.


A única coisa boa é que quando acaba você fica com aquela sensação de alívio. Dá vontade de prestar depoimento na Discovery Channel no programa "sobrevivi". Mas esse sentimento logo é substituído pela angústia, quando ao sair do consultório o Doutor acena e lhe diz: "Tchau. Até a semana que vem."


E essa semana passa voando...