terça-feira, 28 de agosto de 2007

Envenenado...

Tarde quente de fim de verão. Deitado na calçada, ele percebe que não deveria ter acreditado no banquete preparado para ele. A vida toda ele teve que lutar para comer. Sempre foi obrigado a roubar restos para sobreviver. Por que haveria de ser diferente agora?
Seu estomago queima e o sistema nervoso também foi afetado pelo veneno. Começou com uma forte dor de barriga, que se transformou em vômitos, diarréia e agora a paralisia de seu sistema locomotor. Ele não consegue mais ficar em pé. Deitado, na calçada, as pessoas passam e se afastam dele, lançando na melhor das hipóteses um olhar. Ainda treme de frio nesse dia insuportavelmente quente.
Ele conseguiu se afastar do local onde se banqueteou com sua ultima refeição. Ele talvez não saiba, mas não conseguirá se agarrar a sua vida por mais de duas horas.
E isso talvez fosse uma benção.
Deitado, sem conseguir fugir, percebe que as criaturas se aproximam. Elas o estudam com cuidado e o cercam lentamente. Logo haverá as primeiras investidas. E não deve demorar.
Enquanto observa sem poder se mexer ele sente a primeira mordida. Presas em posição horizontal, duras como aço, se fecham ao redor de sua carne, rompendo tendões e músculos fazendo com que ele se encolha em um reflexo natural. Percebendo que não pode ser atacada, a criatura faz nova investida. E novamente um pedaço de tecido muscular é rompido.
Difícil saber qual é a pior dor. A de dentro ou a de fora. A eternidade vai acabar e essa tortura não.
Um homem passa e olha a cena. E então se afasta. A dor é terrível, quem vê tem que saber, tem que perceber. O homem se apieda da criatura e volta, com um caixa de papelão.
E coloca o rato dentro.
O pobre bichinho envenenado, agora não tem que se preocupar com as formigas que estavam dilacerando seu corpo. Ele só tem que se concentrar em seu estomago, que esta se rompendo devido ao veneno utilizado para atraí-lo e matá-lo.
Ele terá uma morte lenta, dolorosa, mas não terá que se preocupar em virar alimento vivo.
A caixa foi colocada dentro do carro, pois o homem não podia se atrasar para voltar ao escritório e lá chegando constatou que o animal tinha a respiração muito curta e rápida. Não deveria demorar agora. E não demorou. Pelo menos não para o humano.
O rato foi deixado, no quintal, nos fundos do escritório, atrás de uma pilha de carretéis para cabos de grosso diâmetro, onde só foi encontrado muito depois de sua carne ter secado e só sobrado ossos.
Apenas uma pessoa saberá como o rato foi parar ali.
E ele não contará para ninguém.
Quem entenderia as razões que lhe fizeram tomar essa atitude?

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Maldito pedófilo.... Maldito Google...

Quer se dar bem? Cometa crimes pela internet. Você estará protegido pela incompetência da policia federal.

Eu estou abismado com o que aconteceu com a filha de um micro empresário de Osasco. Ainda tenho dificuldade em compreender a morosidade do caso.

Em 2004 a policia federal baiana, recebeu a cópia de um CD com imagens de uma criança de nove anos, sofrendo abuso sexual, em um vídeo transmitido pela internet, através do MSN.
Começaram as investigações. A policia federal pediu auxilio a Microsoft que enviou o e-mail, ip e horário da transmissão do vídeo. Com os dados em mãos a policia recorreu à Telefonica e conseguiu o endereço do acusado. Chegando ao local, os policiais perceberam que a linha usada para a conexão era desviada da casa do vizinho do pedófilo. Conseguiram um mandato de busca e apreensão e pronto! Três anos depois o tal pedófilo é preso. Três anos depois. Três anos de abuso depois.

Infeliz da criança que tinha apenas a policia brasileira entre ela e o pai.
Os jornais mostram isso como um grande feito. Tardio, é o que eu acho. A obrigação da policia era a de prender o desgraçado do pai, que deveria garantir a infância sadia da filha e não destruí-la. Mas três longos anos?

Só para efeito de comparação, no mesmo ano, 2004, no mês de outubro, eu bati o carro. Na verdade um caminhão bateu no Corsa que eu dirigia. O cara do caminhão fugiu. Com apenas a placa do veiculo na mão, em duas semanas eu tinha o nome do dono da carreta, o telefone, os dois endereços, pois ele havia se mudado e o nome e endereço da mãe dele. Eu, que não sou hacker, não sou policial, não sou detetive e não tenho recursos maiores, do que me são permitidos pela minha banda larga. Mesmo com a morosidade da justiça brasileira, eu recebi o que o dono do caminhão me devia, agora em fevereiro desse ano.

Seis meses antes da policia por as mãos no pedófilo.

Eu acredito que se o governo contratasse a garotada que existe por aí, utilizando os conhecimentos em computador, para piratear programas, vídeos, musicas e jogos pela internet, o bandido não teria ficado livre nem três meses.

Pode ser que a policia federal venha atrás de mim, por chamá-la de incompetente. Pode até ser. Mas se isso acontecer, eu tenho bastante tempo até 2010. Isso se não me mudar antes, durante as investigações.

Ah. Eu havia me esquecido. Esse blog não é mantido pela Microsoft, que entrega os culpados, mas sim pelo Google, que tem como política encobertar pedófilos e todo tipo de criminoso que utilize qualquer um de seus programas.

2010 de repente, me pareceu uma data muito próxima...

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Um dia difícil...


Esse artigo é um pouco despropositado, mas eu achei que seria bom contar a experiência. Alguém que estiver se sentindo meio azarado, pode ficar menos triste, sabendo que alguma coisa assim pode acontecer com mais alguém. Além dele mesmo, é claro.


A segunda dia 13, começou até que tranqüila. Foi preciso faltar a um de meus compromissos como professor, mas por uma boa causa. Depois de um final de semana no hospital, cheguei em casa por volta das onze horas da manhã. Tomei um banho, me troquei, almocei e peguei o carro. Como é de praxe, peguei a Anhanguera livre, sentido Lapa, e o carro atingiu por volta de 120km/h. É. O gurgel. Acredita? Cheguei à escola e tive as aulas normais durante a tarde. Até ai nada demais. O único contratempo foi que eu esqueci a carteira em casa, mas não voltaria de jeito nenhum para pegar.


Os problemas de verdade começaram ao sair da escola. Estava me dirigindo ao Módulo, onde deveria aplicar trabalhos importantes para as turmas do noturno, antes das provas de encerramento de trimestre (sim, ainda não encerraram o trimestre), quando percebi que a Brigadeiro Gavião estava muito lotada e resolvi desviar pela rua Cuevas. Ao chegar quase no cruzamento com a Rua Mercedes o carro de repente e não mais que de repente, virou para a direita em direção à calçada, arrancando o volante de minhas mãos. Apesar de pisar no freio com muita força, ele não funcionou e o carro continuou andando até bater de encontro à calçada. Só parou na guia. Detalhe. Eu estava a 20 km/h.


Desci do carro e fui ver o que tinha causado aquilo. Quebrou o pivô que segura a roda, fazendo com que ela ficasse deitada, parecendo o DeLorean de “De volta para o futuro”, só que na forma de Gurgel. Isso tem bem menos charme. Fiquei pálido. Não sabia que isso poderia ocorrer. Fiquei imaginando o que aconteceria se eu estivesse na Anhanguera. Esse blog só seria alimentado de novo por alguém que psicografasse minhas mensagens.


Sentei na calçada e tentei lembrar se eu conhecia alguém com serviço de guincho e lembrei de um amigo meu. Peguei o meu celular e liguei para ele. No meio da conversa a ligação cai. Acabaram-se os meus créditos. Precisava recarregar o celular urgente para continuar a conversa e retirar o carro que estava atravessado na frente do escritório da CET. Corri até a banca e pedi o cartão de recarga. Quando fui pagar, lembrei algo em relação a minha carteira. Ela havia ficado em cima da mesa, no meu quarto. Contive um acesso de ira. E fui, mais ou menos, bem sucedido.


O meu auto-controle foi testado ao extremo, quando um transeunte, saído do escritório em frente, perguntou o que havia acontecido. Contei resumidamente e ela apenas virou as costas e continuou andando. Simplesmente, assim. Ainda bem que não ando armado. Alguém se lembra o que aconteceu, quando Michael Douglas, conseguiu uma arma? O sujeito me fez chegar perto do meu dia de fúria.


Voltei ao carro e o meu amigo do guincho ligou de volta. Alma bondosa. Disse que se eu pudesse esperar, em torno de uma hora, uma hora e meia, ele iria buscar o carro. Disse que esperaria claro. No mesmo lugar. Nem um centimetro deslocado.


Liguei o pisca alerta e abri o porta malas, a fim de pegar o triangulo para sinalizar que o meu carro estava quebrado. Achei o triangulo. Pelo menos o que sobrou dele. Em algum momento do passado o mini-macaco hidráulico que eu guardo no mesmo lugar caiu por cima dele e o transformou em um monte de pedaços reflexivos. Peguei os restos mortais dele e fui para a traseira, tentar deixá-lo montado, para que ninguém reclamasse. Afinal, eu estava na frente do escritório da CET. Foi nesse momento em que eu percebi, que a seta traseira do lado do motorista estava queimada. Olhei para cima e pensei no quão curioso é o senso de humor de Deus. Bem aqui. Corri para dentro e desliguei a seta.


Meu pai se ofereceu para ir até lá me ajudar, mas eu disse que não precisava, afinal não haveria muito que fazer, mas ele apareceu, para “fazer companhia”, como ele mesmo disse. E trazendo a minha carteira. Peguei-a e corri de novo até a banca de jornal, para colocar créditos no meu celular. Ela estava fechada.


Voltei e, já que não dava pra fazer nada em relação ao carro, ficamos conversando. Depois de quarenta minutos mais ou menos, o guincho com meu amigo chegou. Levantamos a frente com o meu macaco e pela traseira colocamos o Gurgel no guincho. Meu pai acompanhou o carro, enquanto eu corri para o colégio de onde do momento da quebra, até quando eu cheguei, me ligavam a cada 20 minutos, aproximadamente. Quando já no colégio, fui informado que a turma havia sido liberada dois minutos antes de eu colocar os pés no prédio. Realmente o senso de humor Dele é bem esquisito.


O pior disso tudo, é que mesmo com a perda de mais de R$300,00, eu afinal, não posso ficar reclamando. Para todos que eu conto o que aconteceu, falam “Imagina se você estivesse voltando para casa ao invés de ir para o Módulo.”


E quer saber?


Isso teria sido muito mais complicado. É estranho quando nos consolamos com algo ruim, comparando com o que poderia ter sido muito pior.


Eu posso me considerar uma pessoa azarada? Acho que não.


Sortudo? Não. Sem exageros.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O que é ser um Nerd?


Tenho amigos nerds. Tenho alunos nerds. Talvez eu mesmo, seja um nerd. Acho que estou mais pra geek, mas isso ainda é um termo para especificar um subgrupo nerd. E só nerds utilizam esse tipo de especificação. A discussão entrou nas rodas de conversa principalmente depois do excelente “Duro de Matar 4.0”. Muitas mentiras, muitos tiros, muita ação, muito bom.
Melhor vestir logo a pele de nerd, então e recorrer à ferramenta preferida dos ditos. A Wikipedia. Segundo a enciclopédia mais visitada da internet Nerd é um termo relativamente abstrato que levanta muitas questões sobre o seu significado. A maioria definiria o nerd como um jovem anti-social cujos interesses recaem sobre tecnologia, coleções, RPG, ficção cientifica, comics, literatura, cinema, etc. Geralmente é empregado de forma pejorativa.
Por partes.
De acordo com essa definição eu definitivamente sou nerd. Trabalho com tecnologia, tenho coleções de gibis, notas e moedas, amo RPG, adoro cinema e tento ler um livro por mês. As únicas coisas que não encaixam são a parte da ficção cientifica e sobre ser anti-social. Aliás eu posso dizer que é o oposto. Sempre gostei de ser o centro das atenções. Não tenho problemas com público e quanto maior for a platéia, mais a vontade eu me sinto. Achei a profissão perfeita. Um professor não pode ser anti-social. Isso não seria natural.
A definição continua e faz inclusive menção a um tipo de autismo chamado síndrome de Asperger ou transtorno de Asperger e tem como sintomas: dificuldade de interação social e empatia; interpretação muito literal da linguagem; dificuldade com mudanças, perseveração em comportamentos estereotipados. No entanto, pode isso ser conciliado com desenvolvimento cognitivo normal ou alto. É mais comum no sexo masculino.
Vejam só. Mas tirando a dificuldade com mudanças (Eu odeio mudanças. Ainda mais as que eu não controlo.), isso não pode ser aplicado a minha personalidade. Tentarei então desvendar, o que afinal de contas, é ser um nerd.

Vestimentas
Não pode faltar no guarda-roupas de um nerd a boa e velha camisa xadrez, camisas pretas com bandas antigas de rock estampadas, calças (as vezes mais curtas do que deveriam) e acessórios que difereciam essa tribo das demais: óculos e aparelho. O nerd terá quarenta anos e ainda usará seu aparelho. Se for fixo tudo bem, mas o bom mesmo é o móvel. Atinge a perfeição se for do tipo capacete.

Equipamentos
Todos eletrônicos. Agenda, celular, computador de mão, notebook e PC nãopodem faltar na vida desses seres. Se sair para algum lugar e esquecer um desses itens (tirando o PC, claro), ele volta para pegar. Seria a mesma coisa que andar de cueca pela rua. A falta desses equipamentos por muito tempo, pode causar terríveis crises de abstinência, que podem levar a depressão, com tremedeiras e prováveis tentativas de suicídio. Jamais convide um Nerd para ir a uma fazenda que não tenha pelo menos um ponto de acesso para seu Notebook.

Esportes
Ao ser questionado sobre esportes organizados e em equipe, os nerds logo se lembram de Lan´s party. Counter strike e batltefield podem ser considerados excelentes esportes em equipe, já que é necessário percorrer a pé todas as fases diversas vezes, com um mínimo de organização. E o melhor é que isso não faz suar.


Convívio Social
Dizer que um nerd não tem vida social é pura mentira. Eu diria que uma mentira deslavada. Quem diz isso não sabe que eles podem ter a sua própria casa, ganhar seu dinheiro, constituir família, enfim, levar uma vida normal. Existem muitos M.M.O.R.P.G.´s (Massive Multiplayer On Line RPG) que permitem isso. Ele conhece pessoas de todo o mundo. O problema é que toda a vida social dele fica dependendo de energia elétrica e equipamentos. Aliás, a maioria dos amigos do nerd, não sabem muito bem o que ele faz para ganhar dinheiro.

Sexo.
Só se for virtual. A falta de sexo marca essas pessoas. Afinal para conseguir isso, ele precisaria conviver com pessoas do sexo oposto, conversar durante horas para amolecer a resistência, e os assuntos não poderiam girar apenas em torno de tecnologia. Viva o sexo virtual. Pontos extras para os nerds casados (se houver). Ninguém entende mais a falta de sexo do que eles.

Filmes.
Senhor dos anéis, Matrix, Star Wars e Star Trek, são filmes obrigatórios. Se assistiu a todos eles, mas apenas uma vez, não ganha pontos. A partir da terceira reprise passam a contar. Detalhe. Nunca fale mal de Senhor dos Anéis para um nerd. Dizem que eles não são agressivos, mas é melhor não contar muito com a sorte. Ele não mexe com a sua religião. Não mexa, portanto, com a dele.


Não acho, afinal de contas que o termo nerd, possa ser usado de forma pejorativa. É mais um estilo de vida, como os hippies ou mauricinhos. Mas mesmo assim, se quiser continuar a atormentar essas pessoas, é sempre bom lembrar que eles um dia podem ser os seus chefes. As chances são grandes.
E outra.
Por muito tempo, o cara mais rico do mundo foi um nerd.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Rapidamente...

Estou de volta. Depois de uma semana tremendamente corrida (eu sabia que seria, mas não a imaginava desse jeito), e de um final de semana dentro de um quarto de hospital, como acompanhante e não paciente, estou de volta. Todos passamos por fases e eu estava em uma meio pesada. Normal. Mas os meus textos estavam acompanhando essa fase. A lixeira do meu computador ficou cheia por esses dias. Até o meio dessa semana devo colocar alguns novos textos, que já estão no forno, por aqui.
Aproveito e agradeço as visitas que o blog tem recebido.