segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Família


Existem muitas formas de se contar algo...

Almoço de família no domingo.
Sempre as mesmas piadas, sempre os mesmos assuntos.
- A bacalhoada da Vó Nena deveria se chamar batatalhoada.
A mesma piada sempre. Todos riem.

Antonio chega atrasado, acompanhado do amigo Fredi.
- Chegou cedo para o jantar Antonio. Diz tio Ricardo.
Todos riem.

O primo Vitor conta pela milésima vez a mesma história.
- Outro dia a Vó Nena disse que o canário estava doente, pois ficava abrindo o bico e mexendo as asas, mas não soltava um único pio. Foi só ligar o aparelho de surdez dela que o passarinho sarou na hora.
Todos riem.

O assunto em pauta é a barriga do tio Márcio que estava alcançando proporções dignas do guinness book.
- Isso não é barriga – Se defende tio Márcio. – É calo sexual
- Ainda não aprendeu como é que se faz? – Retruca tio Juca.
E apesar das piadas serem as mesmas, todos riem.
- Quem passa dos trinta e não tem barriga ou é atleta ou é gay – Diz Antonio acompanhado de seu amigo Fredi.
Todos riem.

O pai de Antonio ainda rindo manda:
- Mas Antonio, você tem mais de trinta anos e não é atleta. Cadê sua barriga?
Todos riem.
Antonio e Fredi não riem.
Ninguém mais ri...

terça-feira, 20 de julho de 2010

Amigos...


Saudades da época em que os amigos chamavam pra sair invariavelmente para uma pizzaria ou um bar. Os tempos mudaram. E mudaram também os locais de encontro entre amigos. Outro dia mesmo fui a uma festa de aniversário em que o local era um teatro até as 23h. Depois os caras fechavam exclusivamente para a festa. Bebida quase de graça. Uma coca (a bebida) e uma caipirinha de vodka custaram alarmantes cinco reais e cinqüenta centavos. Eu disse para a caixa: Mas foi uma coca e uma caipirinha de vodka; e ela me respondeu bem devagar para eu entender “Cinco Reais e cinquenta centavos.”. Passei por retardado mas economizei uma grana. Justo. Ainda assistimos sentados em sofás ou no chão uma mulher contando histórias, acompanhada por um cara que tocava flauta. Romântico. Pelo menos era o que pensaram todos os casais gays do lugar. Eu não ligo para isso, mas a troca de afetos entre dois homens ainda me deixa enojado. Nada contra, mas façam isso quando eu não estiver vendo. Agradeço.

Outra vez marcaram no espaço gourmet do prédio de um namorado de uma amiga da minha namorada. Caramba. Quase deu grau de parentesco. Fomos ao tal espaço gourmet, mas não sem chegar com pelo menos uma hora de atraso, proposital, para não ter que preparar o próprio jantar. Não adiantou nada. Quando chegamos, todos estavam ainda bebendo e conversando e nada de jantar pronto. Os ingredientes ainda estavam fechados e nada estava cortado. Ouvi alguém dizendo “Pronto, eles chegaram, podemos começar”. Perfeito.

Eu não ligo em cozinhar. Sério mesmo. Eu inclusive gosto muito. Mas, dividir a cozinha com outras pessoas me irrita um pouco. Muito mais se forem homens. E muito mais se forem homens que tomaram a frente para fazer um prato cuja receita foi baixada da internet, pouco antes de comprar os ingredientes. Minha mãe sempre me ensinou: ” Vai cozinhar pros outros? Teste antes pra não fazer feio.” . E piora. Era macarrão. Não tem como errar certo? Errado.

Fizemos o prato a dez mãos e cada mão cuidando pra fazer algo errado. Ok, ficou comestível, mas cobrou o seu preço. Terminamos o jantar e ficamos divididos em dois grupos. Um dentro e outro fora do espaço gourmet. O grupo de dentro era composto basicamente de mulheres assistindo um DVD com o show de algum guitarrista e conversando e o de fora era misto. Senti uma pontada de dor de barriga. Agora não, pensei. Passou. Voltou. Passou. Voltou. Passou. Ficou.

Suor escorria profusamente de minha testa. Não dava pra ir embora, pois havíamos prometido levar um casal de amigos de carona. A dor aumentando. Meu Deus, acho que tem um alien dentro da minha barriga. Ele vai rasgá-la e espirrar sangue em todos os amigos gritando e olhando pra cena grotesca. Ensaiei ir ao banheiro, mas não consegui andar. Rosto impassível, postura ereta e uma revolução acontecendo dentro de mim. Minhas tripas sendo torcidas em silêncio. Não havia outra saída. Esperei as contrações diminuírem e fui em direção ao banheiro, sem falar com ninguém pra que não percebessem.

Entrei no espaço e as garotas conversavam animadamente no sofá. Não me viram passar. A TV com o DVD ficava presa na mesma parede do banheiro. Minha camiseta já estava grudando no corpo com o suor. Sentei no vaso e quando ia acabar com o meu sofrimento uma das garotas pausou o DVD e pediu pra trocarem. O ambiente ficou completamente silencioso. A dor na minha barriga aumentando enquanto elas escolhiam a porra do DVD. Tenho certeza que trinquei dentes, de tanto que os apertava uns contra os outros. Colocaram novo DVD, apertaram o play e eu finalmente pude acabar com a minha agonia, abafando um gemido de alivio.
Se me perguntassem naquela hora, qual era a melhor coisa do mundo eu teria respondido sem pestanejar que o que eu estava fazendo definitivamente merecia a medalha de ouro. Lei da relatividade.

Conclui o serviço rapidamente, limpei a área afetada ocultei no cesto as provas do crime e apertei a descarga para me livrar da evidencia principal. Olhei sem ação. A água subiu, subiu, subiu e parou a poucos centímetros da borda do vaso. E então, vagarosamente, lentamente, sem pressa nenhuma, começou a descer. Matéria orgânica que deveria ser levada para longe dos olhos, grudava teimosamente na cerâmica e insistia em permanecer no local. A privada estava entupida antes do serviço ter sido executado e ninguém havia me avisado. Na sala as meninas ainda conversavam e assistiam o DVD. Preciso sair logo daqui, antes que dêem a minha falta, pensei. Terei que arriscar outra descarga. Mesmo que levante suspeitas. Como um combatente encostei a mão no gatilho e esperei, com os olhos fechados e o ouvido atento, por uma explosão de risadas na sala. Quando veio apertei e outra vez o processo se repetiu.

A guerra estava ficando perdida. Eu não tinha mais muito tempo. Logo alguém faria a filha da putisse de bater na porta e perguntar se eu estava bem. Agora era tudo ou nada. Apertei novamente a descarga, mas, dessa vez eu segurei apertado por mais tempo. Que idéia brilhante. Foi nesse momento que eu vi a merda (sem trocadilhos) que eu fiz. A água subia cada vez mais e não descia, se aproximando lentamente da borda. Queria gritar: Nãããoooo. Mas olhei em impotente silêncio enquanto a água juntamente com uma bela quantidade de matéria orgânica espalhada chegava até a parte de cima, fazia aquela bordinha que fica pra fora mais não cai e voltava, ainda mais devagar para dentro do vaso. Foi por pouco. Olhei sem esperanças a coisa toda presa ao vaso como a barba no rosto do Lula. Não podia me demorar mais. Sai do banheiro, fechei a porta atrás de mim e passei, aparentemente sem chamar a atenção das meninas.

Precisava sair logo dali, para que não me ligassem ao fato. Fui em direção ao casal da carona. “Pessoal, estou muito cansado e preciso acordar cedo amanhã. Vamos?”. Eles concordaram e eu fui tomado de esperanças. Pelo menos ninguém vai ter certeza. Foi quando meu amigo disse: “Espere só um minuto que eu vou ao banheiro. Estou apertado.” Ferrou. Agora estou perdido. Pense rápido Ivan.

Quando ele virou as costas e entrou eu disse para os outros em volta: “Querem apostar que ele vai cagar?”

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Cabeleireiros...


Terça-feira eu fui cortar o cabelo. É engraçado como existem regras ocultas no mundo. Padeiros são portugueses, pasteleiros são japoneses, garotos propaganda de lojas de móveis e veículos são chatos e cabeleireiros torcem para um time grande de São Paulo que não seja o Santos, Palmeiras ou Corinthians. Não. A Portuguesa não pode ser considerada um time grande.

A verdade é que por mais de vinte anos eu cortei o cabelo com a mesma pessoa, e ele fugia a regra, ou pelo menos aparentava fugir. Tinha mulher e filhos. O problema é que ele está bem velho e agora com início de mal de Parkinson. Sempre que ele utilizava a maquina para cortar o meu cabelo eu tentava demonstrar calma, apesar de machucar toda a cabeça. Jamais reclamei. Chegava a fazer ferida, mas eu suportava quieto. Como todos os outros clientes. Eu sempre agradeci por terem inventado a maquina de cortar cabelos e por nenhum momento senti inveja dos infelizes que cortavam a moda antiga, com a tesoura. É o preço por se ter um cabeleireiro de macho.

O que realmente me assustava era quando ele tentava acertar o “pezinho”. E ele sempre fazia isso com a navalha. Agora imagine a navalha se aproximando do seu pescoço / nuca, apoiada em uma mão tremula. Acredite, a sensação não é boa. E isso me fez pensar. É claro que o preço de R$28,00 para passar a maquina 2 uma vez por mês também contribuiu.

Entrei no primeiro salão, por que agora é assim que se chamam: salões. Qualquer boca de porco é um salão de beleza. Não tem mais barbearia como antigamente. Uma mulher me atendeu. “Gostaria de cortar o cabelo.”, disse eu. “O senhor tem horário marcado?”, ela rebateu. “Tem que marcar horário para cortar o cabelo???”. Muito educada ela ignorou a pergunta e verificou a agendinha aberta à sua frente. Disse-me que não tinha horário para aquele dia, mas, se eu quisesse, ela poderia tentar marcar para quarta. Fui embora. Entrar em um salão de beleza para cortar o cabelo, até vai, mas marcar hora é um pouco demais.

Não é tão difícil achar um salão em São Paulo, você anda pela rua e conta um pet shop, um bar e duas igrejas e antes de terminar o quarteirão, pronto! Temos um salão de beleza.

Entrei e perguntei se havia alguém para cortar o cabelo. Um cabeleireiro chegou requebrando e dizendo que encarava o difícil serviço de cortar o meu cabelo com a maquina 2. Primeiro ele perdeu um bom tempo tentando me convencer a não passar a maquina, que esse tipo de corte não combinava com o meu rosto e que a minha barba falhada estava “over” no meu rosto, e a moda era deixar franja lisa, e amis um monte de bla bla blás. Ouvi impassível, fingi pensar no assunto em silencio por quase um minuto e disse “Então vamos fazer assim, passe a maquina 2 no meu cabelo e no meu rosto.”. Ele não ficou contente, mas, percebeu que apenas perderia tempo tentando me dissuadir.

Enquanto cortava o meu cabelo, comentou que a barba dele estava comprida, que precisaria depilar de novo. Isso mesmo. O sujeito depila o rosto! “Imagino que isso deve doer pra cacete!”, falei fazendo careta de dor, e ele mandou “Tem coisa que dói muito mais querido. A primeira vez só dói, depois dói mas é recompensador e depois só é gostoso.”. Só pra entender melhor. Estamos falando sobre depilação não é?

Cortei o cabelo, economizei treze Reais, e ainda estou pensando se abandono de vez o antigo cabeleireiro.

Se ele ao menos parasse de usar a navalha...

quinta-feira, 25 de março de 2010

Ida ao dentista é o canal...

Que terça-feira brava. O dia começou com a ida ao dentista. Tratamento de canal. O primeiro grande desafio é o de levantar cedo (ainda mais pra quem não gosta disso, como eu), sabendo que todo o esforço será dedicado apenas para sofrer de boca aberta. Tomar um café da manhã, passar o fio dental e não esquecer de aparar os pelos da barba. Cara, quando eu esqueço de cortar os pelos do rosto, aquela maldita luva de borracha contra os aparelhos fazem uma depilação pelo a pelo. Como se não bastasse a dor proporcionada dentro da boca.

Sentei na cadeira, relaxei o máximo possível (o que realmente não significou muito) e começamos o tratamento. Dentistas, apesar de toda a tecnologia disponível, ainda lembram torturadores medievais. Eles usam brocas, lixas, agulhas, instrumentos com pontas tortas e afiadas, alicates, fogo e coisas que eu tenho medo até de lembrar. Inquisição dentária.


Eu gostaria de saber porque eles fazem questão de deixar as mesinhas com os instrumentos bem na altura dos olhos do paciente, de forma que seja possível ver tudo o que eles pegam para colocar na sua boca. E fico curioso também em saber por que todo dentista gosta de dizer o que vai fazer. "Agora eu vou pegar essa lixa de metal e lixar entre os seus dentes para tirar esse excesso. Vai doer um pouquinho.". É claro que vai doer. E não vai ser um pouquinho. Soa como "Agora eu vou puxar essas catracas e quebrar os ossos de suas pernas e braços. Depois vamos queimar você vivo."


Quando ele começou a trabalhar o único som no escritório, além do horrível som da broca, era o do rádio. E tocava Amy Winehouse. Eu odeio Amy Winehouse. A perfeita trilha sonora para a tortura. O efeito seria quase o mesmo se ele parasse de trabalhar e deixasse apenas o rádio me maltratando.


Pensei: "Calma. Logo isso acaba. Primeiro a Amy vai parar de cantar e logo depois o dentista termina o seu trabalho.". Verdade. A música acabou. Mas, começou outra. E depois mais uma. E o locutor entra e avisa que após pequeno intervalo comercial a estação voltaria com o especial da Amy. Que felicidade. O tratamento terminou antes do fim do programa. E acredite, demorou uma vida. Quase duas.


A única coisa boa é que quando acaba você fica com aquela sensação de alívio. Dá vontade de prestar depoimento na Discovery Channel no programa "sobrevivi". Mas esse sentimento logo é substituído pela angústia, quando ao sair do consultório o Doutor acena e lhe diz: "Tchau. Até a semana que vem."


E essa semana passa voando...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Troféu “pênis áureo”...


Resolvi terminar o ano com uma tradição que há de se iniciar aqui. Será a distribuição do troféu pênis áureo, entregue aquelas personalidades, instituições ou organizações que resolverem foder com o maior número de pessoas ou foderem com poucas pessoas, porém com muita qualidade. Esse prêmio será representado por um totem em formato fálico com aproximadamente 25 cm de comprimento apoiado em uma base em formato de escroto, feito de material sólido e, obviamente, folhado a ouro.
Os candidatos são:

- CET SP
A Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo promete freqüentar muitos e muitos pênis áureos, já que sempre se esforça para constar na lista, servindo como exemplo de superação a cada ano. Este ano estão concorrendo representados por um semáforo instalado a poucos metros de uma nova saída da marginal, logo após a ponte do piqueri, sentido penha-lapa.
A idéia foi simplesmente sensacional e conta ainda com vias que se transformaram em mão única divididas por este mesmo semáforo. Para constatar a perfeição do projeto basta passar por lá em qualquer horário. Agora mesmo, às 02h30, quando estou escrevendo este artigo, com certeza há alguém parado e muito preocupado em perder a traseira do carro para quem sai da marginal.

-Demutran
Não. Não é lenda. Existe mesmo um Departamento Municipal de Trânsito em Osasco. E para provar isso, é com orgulho que são representados pelas recentes mudanças na estrutura do trevo da Anhaguera em Osasco. São a prova de que com pouco esforço (apenas pintando novas faixas no chão e apagando as antigas) e nenhum investimento, é possível prejudicar a vida de motoristas e moradores de uma região de uma forma nunca antes imaginada. O trajeto maldito para o temido trevo de Osasco, que antes demandava pelo menos 40 minutos, foi estendido para nada mais, nada menos do que 1h30. Em alguns trechos o carro fica completamente parado por mais de 10 minutos. É fantástico. E o melhor é que já no primeiro dia de mudanças, eles conseguiram criar um congestionamento monstro dos dois lados da Anhanguera, com filas de até três quilômetros, às 22h. Definitivamente um feito a ser lembrado. Outro fato interessante é o do Demutran trabalhar religiosamente até as 20h. Depois disso eles simplesmente vão embora, como se o problema estivesse resolvido.

José Serra.
O nosso querido governador conseguiu essa indicação ao voltar atrás na decisão de que as aulas perdidas durante o recesso estendido, por culpa da gripe H1N1, não precisariam ser repostas desde que o conteúdo fosse recuperado. Quando voltou atrás detonou a saúde de milhares de professores e alunos que acordaram mais cedo ou dormiram mais tarde, ou ainda, como é o meu caso, acordaram mais cedo e dormiram mais tarde, para recuperar os dias letivos. Obviamente, esse tipo de sacrifício foi totalmente em vão por que a qualidade das aulas cai sensivelmente já que docentes e discentes estão exaustos. Um exemplo de que é possível foder ainda mais com uma classe que já se imaginava no fundo do poço.

And the Pênis goes to...
...Demutran.
Aplausos. A escolha foi difícil já que todo os candidatos se esforçaram muito e mostraram extrema competência para atingir os seus objetivos, mas o Demutran, por utilizar o menor número de recursos e investimento zero. Mostraram não apenas eficácia, como também uma eficiência brutal para prejudicar o maior número de pessoas possível e com grande qualidade.
O único problema é que o troféu precisará ser dividido. A parte fálica ficaria merecidamente com o Demutran, que poderá guardar onde considerar melhor, enquanto ao prefeito do PT, o Sr. Emídio, caberia a parte de baixo do troféu. Acredito que dessa forma ficaria perfeito, pois a parte dele seria merecidamente representada pelos escrotos.
Coincidência?

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Chinês...

- Bom dia. Qual o preço desses filhotes? – pergunta a garota ao vendedor na loja.

O vendedor dos filhotes de cachorro aponta um por um, indicando os preços. São pelo menos doze filhotes, felpudos e fofinhos. A garota olha mais um pouco e, finalmente se decide.

- Quero aquele ali.

- Claro, como quiser.

O vendedor pega o filhote do caixote de vidro e leva para os fundos da loja. Depois de alguns minutos ele volta com um jornal e um punhado de carne dentro. A garota olha sem acreditar. É o animal desossado. Incrédula ela se dirige irritada para o vendedor:

- Não! O que você fez? Eu queria em filés.



Povo estranho esse chinês. Como pode uma raça que come cães? Tudo bem, os indianos devem imaginar a mesma coisa de nós, que comemos a vaca. Mas, cachorro? Aí é sacanagem.

Fomos a um restaurante chinês, na liberdade. A verdade é que eu fujo desse tipo de culinária, já que os nossos amigos de olho puxado, são conhecidos por comerem tudo o que se mexe. Gafanhotos, baratas, aranhas, lesmas, cães, gatos, enfim, tudo. Pra eles, tudo mesmo pode virar uma "lefeição". Algumas vezes você foge, outras você luta. Havia chegado a minha vez de enfrentar os chineses e a sua tão temida "culinália".

Entramos no restaurante e nos dirigimos ao andar superior. Obviamente nenhum dos atendentes falava a língua de meu país de origem, mas eles apontaram em vários caminhos errados dentro do estabelecimento, até encontrarmos nossos amigos, que já haviam feito o pedido da entrada. Uma porção de rolinhos primavera. Esclarecendo que a porção chinesa é composta por 12 unidades, diferente da francesa, que é composta por duas. Deve ser proporcional ao número de habitantes de cada país. Como estávamos, por coincidência e desistência de dois dos mais espertos membros, em doze também, uma porção seria a quantidade exata para o grupo.

Apesar da demora em chegar os rolinhos, fomos distraídos pela decodificação dos pratos do cardápio. E o atendimento deve ser excelente para os padrões chineses. Quando perguntada do porque da demora, a chinesa mandou rapidamente um "espela". Claro. Há outra saída?

Graças ao bom Deus esses orientais tem também um cardápio voltado para pessoas semi-normais, com comidas semi-normais do tipo frango xadrez e yakissoba, que foram selecionados pelo grupo junto com uma tigela de Shimeji e um de camarões.

Chegaram os rolinhos, juntamente com os refrigerantes. Cada pessoa presente na mesa pegou um e o ultimo ficou sem. Veio um a menos.

- Você quer reclamar? Foi perguntado ao sorteado.

- Melhor não. Ouvi dizer que cospem na comida.

Havia óleo no rolinho. Muito. O suficiente para separar a minha urina da água algumas horas depois de ter ingerido e o corpo ter desistido de digerir. O resto deve ter ido para as veias ao redor do coração. Mas estavam bons. Ou eu estava com fome às três da tarde.

Os pratos foram chegando em sequência a começar pelos camarões. E que camarões. Gigantescos. O próximo prato para deleite dos que por azar são alérgicos a camarão foi o Yakisoba. Delicioso. E foi seguido pelo frango xadrez e a tigela de Shimeji. Esse último, definitivamente, o mais estranho. Os cogumelos pareciam glandes. Não, não é um chinês dizendo que os cogumelos eram enormes. É isso mesmo que você está pensando, glandes, as pontas das genitálias masculinas.

Estranhamente o prato ficou intocado.

Mais uma rodada de refrigerantes e muita conversa jogada fora, alguém pediu a conta. No total, com todos muito satisfeitos, a conta não saiu por mais de 17 Reais por pessoa. Barato e no geral, gostoso. Mesmo assim, como houve o incidente do rolinho primavera que estava faltando, um amigo resolveu conferir a conta.

- Alguém sabe como se escreve refrigerante em chinês?




Agradecimentos à amiga Mel pela história fofa do início do texto.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009