quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Viagem - Dias 02 e 03 - Trindade...


Acordei as oito e meia, café da manhã na pousada mesmo e toca pra Trindade. Peguei a estrada ainda antes das nove. São mais ou menos uns 40 quilômetros de Cunha até o final do asfalto, cruzando por umas duas pequenas cachoeiras e então começa a trilha, que eles, os moradores de Cunha, chamam de serra. Os dez quilômetros de estrada mais bonitos que eu já peguei.

Durante o percurso muita lama, buracos e pedras, em locais que só passam um carro por vez, mas que compensam o sofrimento do carro com corredeiras e paisagens maravilhosas. Talvez, a melhor parte de toda a viagem. As prefeituras não podem asfaltar esse trecho histórico, da estrada do ouro, então o numero de carros é muito reduzido. Algumas ruínas de construções antigas fazem parte do cenário.

Evite datas como o natal, pois bandidos de moto cercam o carro e roubam os turistas, conforme me disseram depois.

Se você tiver um carro baixo e gostar um mínimo desse carro, então, não tome esse caminho. Por todo o percurso é possível encontrar calotas de carros e pedras arranhadas pelo fundo dos carros.

No meio da serra, uma visão inusitada no meio do nada. Um bar. Um cidadão abriu um bar de sucos bem no meio da serra. Não deve vender muito, acredito.

Ao final da trilha, já no começo do asfalto existe um morador que vende esculturas e artesanatos. Vale dar uma parada por curiosidade. Da varanda dele, já é possível avistar Paraty. Mais cem metros, uma ponte estreita, onde só passa um veiculo por vez e uma cachoeira, linda ao lado.
Ao final da serra, já se encontra o trevo de Paraty. Não tem como errar. Mais doze quilômetros de estrada pela direita do trevo e a humilde e quase invisível entrada para Trindade, já aparece, permitindo o acesso pelo acostamento.

Também não é aconselhável pegar essa estradinha a noite. Muitas curvas, em um ângulo acentuado, primeiro para cima e depois para baixo, forçam o motor e o freio o tempo todo. A torcida é para não cruzar com os ônibus da cidade. Eles desafiam todas as leis do universo que dizem respeito à sua largura e comprimento e descem a serra em alta velocidade.

Ao final da serra a praia está à esquerda. Um rio corta a rua e segue em direção ao mar. Eis aí uma armadilha. Depois da serra os freios estão praticamente incandescentes e ao cruzar o rio com o carro, os discos costumam empenar. Dá pra ver a careta dos motoristas que se lembram disso assim que passam. Eu fiz careta. Não há outro caminho. É uma boa idéia descansar na beira da praia para o carro esfriar e então seguir viagem.

Há na cidade muitos campings e pousadas, mas durante a alta temporada os preços das diárias, ficam bem salgados, variando entre R$ 120,00 e R$ 150,00, o casal. Sim. Só fazem preços para casal. Quem seria o perdedor que iria para aquele lugar paradisíaco sozinho?

Ainda bem que nos campings eles ainda não cobram por tamanho da barraca, mas por pessoa. Alguns desses lugares ficam bem na beira da praia, mas o que parece perfeito pode não se mostrar uma boa idéia, já que pessoas estranhas (e como tem pessoas estranhas nesse lugar), cruzam os terrenos o tempo todo para acessar as praias. Seria uma preocupação com as barracas e mochilas.

Trindade é um lugar maravilhoso, que faz jus ao nome, com a combinação de praias, mata e cachoeiras. Muitas trilhas pela cidade, garantem a diversão de quem não curte muito o sol.
Algumas praias são acessíveis, apenas de barco, ou por trilhas que podem levar duas horas para serem vencidas.

Há todo o tipo de turista, mas o que mais me deixou a vontade, é que a maioria das pessoas, não importa a idade, vai com a barraca, acampando. Todos na mesma situação, todos procurando economizar seus cobres, duramente somados para as férias. Conheci muita gente interessante, vinda de Brasília, Minas e interior de São Paulo. Não conheci nenhum carioca. Uma indicação de que a sorte estava voltando.

E tudo nessa cidade, fede a maconha. Tudo. O cheiro está em qualquer lugar que você vá. Principalmente à noite na praia. Toda noite tem show na praia do Meio, onde as pessoas levantam as bitucas e ficam balançando os cigarrinhos, ao som do reggae. Incrível como ainda há espaço para outro tipo de vegetação naquele lugar. E que bom que essa fumaça não agride a camada de Ozônio. Senão eles poderiam tirar o primeiro lugar da China, como destruidores do meio ambiente.

Uma outra coisa boa é a aparente segurança. Apesar de não ter visto em nenhum momento a policia circulando, enquanto estive por lá, não soube de ninguém que foi assaltado.

Um milagre, se levarmos em consideração que Trindade pertence ao Estado do Rio de Janeiro.

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