terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Igreja, analfabetismo e doenças venéreas...


Não é que eu goste de ser polêmico. Na verdade, sempre que vejo algo que me parece unânime, eu tento enxergar outro ponto de vista. Já dizia Nelson Rodrigues: A unanimidade é burra. Acredito nisso.

Um bom exemplo foi algo que eu vi no colégio e me fez pensar. Os alunos têm que entregar um projeto todo fim de ano letivo, e apresentam o mesmo para uma banca de professores e para outros ouvintes. Muito interessante.
E como parte disso tudo, eles acabam fazendo propaganda na escola para que as pessoas se interessem e assistam os projetos. Enquanto passava pelo corredor, li alguns cartazes que estavam dividindo o espaço, de forma democrática, com outros tantos. Eles estavam na seqüência e diziam: “A igreja pediu perdão pela inquisição.”, “A igreja pediu perdão aos judeus, por ter se calado durante a segunda grande guerra.”, “Quando a igreja vai pedir perdão pelos mortos pela AIDS?”.

Eis aí a questão. Eu acho que nunca. E acho que nem deveria.

Algumas pessoas alegam que a África, onde a maior parte da população é católica, tem os maiores índices de AIDS do mundo. Isso por quê? Porque em parte a igreja proíbe o uso de preservativos. Tudo seria muito mais fácil se a igreja liberasse então os preservativos, não?
Bom, eu acredito no ser humano. Acredito que somos fracos, que não gostamos de sacrifícios e que não gostamos em nada de assumirmos nossos erros e nossas fraquezas.

Pra começo de conversa, a igreja católica, com seu pensamento extremamente conservador, proíbe o sexo antes do casamento. Segundo que ela libera o sexo somente entre pessoas casadas. Terceiro que ela proíbe o adultério. Então alguém poderia me dizer, como diabos, uma pessoa pode pegar AIDS desse jeito? Se ela for católica, não tem por onde.

Não estou defendendo a igreja, não. Estou defendendo uma das coisas que admiro nela. Essa forma de ir contra todos e manter a sua opinião.

O problema, não é que a igreja não permita o uso de preservativo. O problema, a meu ver, é que as pessoas não gostam de seguir a risca algo que não lhes agrade totalmente. Quer ser católico? Ora, fique sem transar. Espere casar (e depois continue sem transar, por que não sei se você sabe, o casado também não faz sexo).

Isso aconteceu com a educação aqui no Brasil. Triste. Fazendo um paradoxo com a igreja, a educação no Brasil, ouviu o apelo do povo e cada vez mais, facilitou a coisa toda. Se você, conseguir enganar a secretaria de uma escola e matricular um cachorro, você terá em nove anos um cachorro com o ensino fundamental completo. Ou seja, um cachorro com mais estudos do que o nosso presidente.

Isso acontece porque para conseguirmos financiamentos e empréstimos, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), exigem que atinjamos alguns números. Não importa de que maneira. Analfabetismo, mortalidade infantil, etc.

Como combater o analfabetismo? Pare de reprovar. Fácil assim. Como ninguém teve essa idéia antes? Genial.

Pois é. Posso estar errado, claro. Mas eu não acredito nisso de facilitar. Não facilito com meus alunos, como eles me pedem, porque acredito no potencial deles. Eles ficam bravos comigo, mas no final do semestre, quando terminam os projetos de conclusão de módulo, eles percebem que o alcance deles é maior do que imaginavam. E apesar de todo o desespero, sempre conseguem terminar, entregar e apresentar.

Meus alunos têm que se preocupar, é quando eu começar a facilitar, pois eu sou como a igreja católica.

Quer o céu? Faça por merecê-lo.

3 comentários:

Gwen disse...

Mais um que aderiu ao modelo de gestao de competencias do Dr. House. Rs...
Gostei do texto. Acho que foi um dos melhores.

Gwen disse...

Essa menina é assustadora:

http://www.youtube.com/watch?v=KC0on_LpoMM

Prós disse...

Nossa... Essa vai arrancar grana de muitos... que acreditam.