quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Apenas um farol...

Sentado em meu sofá, o cinzeiro ao lado dos copos vazios, perdido em pensamentos, nesse lugar velho que cheira a vinho e cigarro eu tento lembrar, quanto tempo faz. Quando foi que alguém me disse que eu perdi minha única amiga.

Fecho os olhos e volto ao cemitério.

Os raios de sol do amanhecer deitam por cima do funeral, lembrando os braços quebrados da lei humana, que me parecem, sempre foram besteira. Ouço por entre as árvores, algumas pessoas dizendo que ela morreu pelo seu coração partido.

O vento bate em meu rosto e minha mente se deixa levar. Eu fico imaginando ela, que sempre teve o rosto lindo, correndo, delicada, por esse lugar, que em nada a lembra.

Me sinto preso, como em meio a um desfile do dia da independência. Ela reclama que está frio. Tento achar a saída, mas não consigo. Eu sei que deve estar em algum lugar, bem aqui na minha frente, mas não consigo achá-la em meio à feiúra e cobiça.

Vemos o sol por cima da ponte, onde termina a cidade. Ele está nos dizendo que tudo o que existe é bom e que o vazio morreu. Corremos em direção a ele. Ela corre demais, até não sobrar nada e quando chega ao fim, é só o parapeito de sua janela.

Sou arremessado de volta ao velho sofá. Me sinto tão sozinho com o corpo pesado e penso que às vezes, gostaria de ver esse lugar pegar fogo. Ele parece com um caminhão batido. Eu já mudei as coisas de lugar, tentei arrumar, mas tudo parece sempre bagunçado, nada muda o que parece que morreu com ela. Eu tentei ligar o seu motor, mas o motor não funciona.

Eu fico me dizendo: Hey, vamos, tente mais um pouco, nada é para sempre. Deve haver algo melhor do que o simples meio termo. Eu e a Cinderela, mesmo com tudo, conseguimos dirigir até em casa, com apenas um farol.

Cara eu sei que não mudei, mas eu não sou a mesma pessoa, caminhando em meio a essa cidade de sonhos moribundos e sombras.

Acho que a morte dela esta me matando...


Baseado na letra de One Headlight – The Wallflowers.

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