quinta-feira, 12 de julho de 2007

Sábado...

Sábado foi um dia corrido.
Claro, se você levar em consideração, que eu acordei as 13:00h.
Fui para o parque Vila Lobos, estrear o meu novo, usado, taco de hockey.
É complicado começar um esporte novo. Gasta-se muito. Ainda mais, se não estivermos falando de um esporte popular. Só para se ter uma idéia, um novo taco para jogar hockey, custa entre R$100,00 e R$250,00. Você gosta da sua canela. Das duas? Então prepare o bolso, pois lá se vão mais R$350,00. E os dedos? Você utiliza muito, seus dedos? As luvas chegam a custar R$250,00. Mais a puck que custa R$18,00. Além das proteções secundárias para o saco e a cabeça, que são o fraldão e o capacete. Tudo, tudo sai por volta de R$1.200,00. Para começar. Mas se você não tiver muito apego a seu corpo, e tiver muita vontade de treinar, então pode fazer como eu e comprar um taco usado e uma puck nova. Total geral R$60,00. E muitos ferimentos.
Sábado mesmo eu fraturei de leve o braço e consegui uma pequena distensão na coxa interna esquerda. Coisa boba. Vale pelo prazer de fazer um gol, arrancar a puck de um cara que vai fazer um gol, ou simplesmente, fazer alguém sair em piores condições do que você. Simplesmente uma delicia. Todos os meus problemas ficaram na quadra, juntos ao meu suor e um pouco de sangue. É como dizem: “Se você não sangrou em quadra, é porque ainda não jogou hockey direito.”.
Mentira. Essa eu inventei para não me sentir tão mal. Mas o esporte vale. Emagreci uns dois quilos.
Pena que o parque fecha as 18:00h. E a gente só sai porque já está escuro. Os guardas ficam loucos.
O negócio é que eu nunca saí tão cansado daquele lugar. Tudo doía. Até meus pensamentos doíam.
Peguei o carro e fui para casa me arrumar. Ainda tinha uma baladinha a noite. Uma festa japonesa.
O clube ficava em Cotia e chegamos por volta das 21:00h. O estacionamento muito bem demarcado foi montado as pressas em cima do campo de beisebol. Alguns caras estavam organizando o lugar e disseram, “Memorizem, base 3 no quadrante esquerdo do diamante.”. Ainda bem. Poderíamos nos perder sem a informação precisa do flanelinha. Atravessamos o diamante, passamos pelos bancos e chegamos às arquibancadas. Meio quilometro de escadas acima e chegamos à festa, que era divida em dois corredores com cerca de seis metros de largura, paralelos, separados por uma escadaria.
No corredor de baixo as barracas ocupavam um lado e as mesas o outro e no de cima havia barracas dos dois lados. Sem surpresa para uma festa japonesa. Comidas típicas japonesas, sendo vendidas em algumas barracas e comidas típicas de festas juninas, em outras.
As comidas japonesas são boas porque não é necessária nenhuma preparação. Sashimi, por exemplo. Em que outro lugar você pega uma porra de um peixe morto, tira postas dele, põe os pedaços dentro de uma tigela e vende para alguém por R$7,00? O gasto maior, além do fio da faca, é de um pouco de molho Shoyo. Fácil.
O lugar estava lotado. Estavam presentes, pelo menos, três vezes a população de Tóquio. E digo isso levando em consideração o auge de Tóquio, quando nenhum monstro do Spectromen havia ainda destruído a pobre cidade.
A verdade é que eu não queria comer nada muito cru, então fui procurar um Yakisoba. Presença garantida em qualquer festa de japonês, além dos amendoins, claro. Achamos entre os patamares, um estádio, onde estava rolando uma feirinha, com produtos, é claro, japoneses. E, além disso, havia uma super banca vendendo o único produto comestível que utilizava gás, para sua confecção. E um maldito Karaokê. Com musicas, advinha? Japonesas.
Atendendo na super banca, embaixo do palco do Karaokê, estava um japonês de aproximadamente 185 anos. Pedi um Yakisoba sem carne, e ele me olhou, primeiro como se eu fosse um extraterrestre e depois como se eu tivesse problemas mentais. Eu tive que lançar um “Têm?”. Ele se virou para a cozinha, falou algo na língua oriunda da terrinha que fica ao lado da China, com certeza me sacaneando, pois vieram risadas da cozinha, e alguns segundos depois, veio com a travessinha. Foi aí que eu experimentei um pouco da milenar sabedoria oriental. Ele segurou com as duas mãos a travessa, esticou os braços em minha direção e falou: “Se você achar um pedaço de carne, deixe de lado.”
Eu fiquei parado. A única coisa que consegui pensar para responder para o lendário japonês, foi: ”Muito obrigado pela sugestão. Farei isso.”. Não havia nenhum pedaço de carne. Mas precisei comer ouvindo os idosos japoneses cantando naquela estranha língua. E músicas estranhas. Algo terrível, como uma mistura de pagode, com musica brega. É verdade. Acredite. Pagode não é considerado musica brega. E é considerado pelos incautos, como música.
Ao subir as escadas para acessar os corredores, nos deparamos com três brutamontes, entupindo a passagem. Como ninguém saía eu virei e disse educadamente: “Ow, dá pra dar licença?”. Ele se virou pra mim e disse, “Pedindo educadamente dá.” E saiu. O sangue imediatamente subiu e eu analisei as condições. Primeira, o posicionamento. Após passarmos por ele, ficamos no mesmo patamar e ele na beira da escada. Excelente posição. Mas me sobrariam dois problemas de mesma magnitude, os amigos dele. Segunda condição a ser analisada, aliados homens. Nenhum por perto. A coisa não estava boa. E eu ainda estava arrebentado do Hóckey.
Perguntei “Precisa pedir?” e ele respondeu “Precisa”. Como é ruim quando só te sobra o cinismo como arma e a única coisa que você pode fazer é balançar a cabeça e dar uma risadinha. Eu não queria o peixe e no final tive que engolir um sapo. E que sapo. Bem verruguento.
Após o incidente vimos a queima de fogos, muito bonita e após a queima, voltei para o estádio, para olhar a feirinha. Passando por uma barraca, encontrei a katana, mais linda que já vi. E não resisti ao impulso de comprá-la. Vai ficar linda no meu apartamento. E eu posso deixá-la onde quiser, quando voltar pra lá, afinal não haverá muita coisa para disputar o espaço com ela.
É uma pena que quando subi as escadas dessa vez, não havia ninguém bloqueando a minha passagem.
Realmente uma pena.

3 comentários:

Gleyciely MoraEs disse...

Que sabado heim? rsrs

Dejeve Cetier disse...

"Após passarmos por ele, ficamos no mesmo patamar"

quer dizer, levando-se em conta o fator altura, nao se pode dizer q o patamar fazia mta diferença 8D

katana? Bahhh... Napalm, Napalm resolve ;D

Anônimo disse...

Só podia ter ficado sem falar do pagode (rsrsrs)
Beijos, queritcho.