Finalmente o frio. Eu fico preocupado com essa demora. Juro. Me dá a impressão, cada vez maior, de que as coisas estão ficando loucas. Quando vejo um ipê florescendo em época errada, eu imagino que deva ser bem pior para o resto das espécies que convivem com a gente no planeta.
Estamos detonando esse lugar.
Mas não é sobre isso que eu vou escrever. Já tem bastante gente escrevendo sobre esse assunto. Mas eu não farei como a maioria, que escreve, e não faz absolutamente nada para mudar. Eu não vou escrever nada e, também não vou fazer porra nenhuma. Pelo menos não serei hipócrita.
Na verdade eu vou escrever é sobre alguns efeitos do frio nas pessoas. Não nas pessoas em geral. Mas nos meus alvos favoritos. Adivinhem? As mulheres. Claro.
Não. Não sou gay. Muito pelo contrario. Eu amo as mulheres. E é por isso que falo tanto a respeito delas.
Alguém já parou para pensar que o inverno é para esses seres, o que o outono é para as árvores? É verdade. O inverno acaba com elas.
A principio elas ficam mais elegantes. Estão vindo de um verão, estão com o corpo bonito, um belo bronzeado e, nos primeiros dias frios, ainda ficam magníficas dentro de seus casacos elegantes e suas botas maravilhosas. O problema é que isso só ocorre no inicio. Vamos por partes. Folha por folha, até que a arvore esteja horrorosa.
Verdade número um – O desbotamento do bronzeado.
Ele é a primeira vitima fatal do inverno. O frio chega e, aquela cor que era a cor do pecado, desgasta. No seu lugar vem uma cor mais pálida, que não esconde nenhuma mancha ou defeito na pele. Elas ficam sem a sua arma preferida. O que fazem então? Em um ato de desespero, vão para o salão de beleza mais próximo e passam a pagar pelo sol artificial. O astro rei encaixotado. O bendito bronzeamento artificial. Começam os gastos para reparar os estragos que o inverno traz. Mas como o corpo fica coberto a maior parte de tempo, depois de algumas seções, elas param de tentar.
Verdade número dois – A extinção da depilação.
Sim. Elas freqüentam o salão de beleza. Continuam a fazer o cabelo e ficam deitadas horas na maquina para bronzear, mas não querem nem saber da depilação. As casadas então, nunca. Elas não vão para a praia, vão? Elas não vão usar roupas cavadas, vão? Elas não vão fazer sexo, vão?
Então por que diabos precisariam se depilar? Para os seus maridos? Se elas fizerem isso, é perigoso que os cretinos entendam tudo errado, e queiram transar com elas. Urgh! Isso seria anti-natural.
Os pelos ajudam a aquecer o corpo.
Verdade número três – O banho como ultimo recurso.
O numero de banhos é reduzido com a chegada do implacável inverno. Onde antes eram dois ou mesmo três, agora passam a um, e olhe lá. O banho no inverno faz com que a pele desfolhe e fique ressecada. Um horror. O cabelo então. Uma vez a cada dois dias.
O óleo natural protege contra o frio.
Verdade número quatro – A coleção de tecido adiposo.
Lembra-se daquele corpo escultural que ficava a mostra com roupas curtas? Agora ele está escondido atrás de camadas de roupa. Quando o inverno se for, alguns quilos ficarão. Foram adquiridos, durante o inverno, com foundues, chocolates quentes, cremes de queijo, cebola e etc. Talvez ela nunca mais use roupas curtas.
Mas a gordura ajuda a aquecer.
Verdade número cinco – O aumento desenfreado da carência.
De todos os males trazidos pelo inverno, esse sem duvida é o pior deles. A carência. Uma mulher carente é uma mulher pegajosa. E não estou falando isso devido ao reduzido número de banhos.
Elas ficam grudentas, mesmo. Uma mulher carente é uma mulher perigosa, uma mulher descontrolada. Até as casadas ficam mais doces. Isso é muito, muito assustador.
Verdade número seis – Multi-abertura dos lábios.
Os lábios das mulheres racham. Mais do que os lábios dos homens. Viram um Grand Canyon de pele morta. Realmente uma cena chocante de se ver. Tem que estar preparado. O consumo de batom aumenta e, como a boca esta inchada, pintada de um vermelho bem discreto, ela passa a ser o que mais aparece na mulher. É claro que com esse frio, os lábios só precisam competir com os cabelos. Todo o resto está coberto e escondido.
Quando chega a primavera, trazendo os primeiros dias quentes, junto vem a depressão. Elas se olham no espelho e ficam apavoradas. Elas se enxergam brancas demais, com a pele ressecada demais, os cabelos judiados demais, gordas demais e peludas demais. Os meses que antecedem o verão são de um esforço sobre-humano para recuperar o que foi perdido. Que ninguém interfira no processo de cura.
As academias lotam.
As depiladoras voltam a trabalhar, após meses paradas.
As praias ficam desertas. Claro. Quem quer ir a praia desse jeito? Após um longo inverno.
E quem disse que o aquecimento global é de todo ruim? Se nunca mais fizer frio, aqui no Brasil, sabemos que pelo menos parte da população ficará feliz. A parte feminina, claro.
As geleiras? As geleiras que derretam.
segunda-feira, 30 de julho de 2007
sexta-feira, 27 de julho de 2007
Verdades sobre o Wahhabismo...
Vivemos em um mundo confuso, de pessoas confusas, com informações confusas. Algumas pessoas acham, por exemplo, que os seguidores do Islã, são terroristas. Isso não é verdade. Pelo menos no geral. Temos também católicos assassinos, evangélicos traficantes, espíritas estupradores. Pessoas más, que se dizem seguidoras de algo, existem em todos os lugares. Eu sei. Convivo com muitas delas, todos os dias, quem me conhece sabe.
Mas não podemos generalizar. Os seguidores de Mohammed (que significa “Digno de louvor”) sabem que a mensagem que ele deixou é clara. Afinal, tudo foi escrito em um livro chamado Alcorão. O livro sagrado dos mulçumanos traz o mistério do Deus - Uno e a história de suas revelações de Adão a Maomé, passando por Abraão, Moisés e Jesus, e também as prescrições culturais, sociais, jurídicas, estéticas e morais que dirigem a vida individual e social dos muçulmanos.
Os mulçumanos também têm algumas obrigações. Preste atenção se você quiser ser um seguidor do Islã. Todo muçulmano deve prestar o testemunho (chahada), ou seja, professar publicamente que Alá é o único deus e Maomé é seu profeta; fazer a oração ritual (salat) cinco vezes ao dia (ao nascer do Sol, ao meio-dia, no meio da tarde, ao pôr-do-sol e à noite), voltado para Meca e prostrado com a fronte por terra; dar a esmola legal (zakat) para a purificação das riquezas e a solidariedade entre os fiéis; jejuar do nascer ao pôr-do-sol, durante o nono mês do calendário muçulmano (Ramadan); e fazer uma peregrinação (hadjdj) a Meca ao menos uma vez na vida, seja pessoalmente, se tiver recursos, ou por meio de procurador, se não tiver.
Muito bem. Eu dei uma olhada no Alcorão e não achei em lugar nenhum, onde está escrito que os pagãos devem morrer, ou que as mulheres não têm os mesmos direitos e deveres dos homens. Aliás, foi o contrario. Ele prega a igualdade entre os sexos e tolerância religiosa.
Acontece, que um filho da puta chamado Muhammad bin abdul Wahhab, no século dezoito, começou a pregar o alcorão de forma extremista e puritana na península Arábica, criando a partir daí uma seita Islâmica, chamada Wahhabismo. Essa seita prega atitudes ultra-conservadoras, como desrespeito às mulheres, sectarismo e intolerância religiosa, interpretação radical do Islamismo, instigação de guerra civil, violência extrema, entre outras.
Para que fique bem claro, são eles que decidem explodir, os pagãos e os “desviados mulçumanos”. Eles colocam explosivos amarrados no corpo escolhem um lugar bem movimentado e “bum”. Vão em direção a setenta virgens.
Vamos aos fatos.
De acordo com o ultimo censo realizado, ficou constatado, que no Brasil inteiro, os pesquisadores, não conseguiram encontrar nem sessenta e oito virgens. Isso significa que no mundo todo, não deve haver um numero expressivo de virgens. Eu me pergunto então, por que no céu isso seria diferente? Quem quer morrer virgem? Imagino que não seja fácil encontrar esse numero de mal-amadas, para cada homem-bomba do planeta.
Só no Iraque a quantidade de homens-bomba, a cada ano, supera em muito o total de virgens, em todo o Brasil.
Vamos estudar outro fato. Os homens-bomba amarram uma quantidade enorme de explosivos no corpo. Em que lugar? Na cintura. Pois bem. Quando o TNT explode, qual você acha que é a primeira parte do corpo que explode? Eu respondo. É o pinto.
Ele morre, e acorda no céu. Quando ele vai falar qualquer coisa, descobre que sua voz assumiu um timbre de soprano, agudo e alto. Algo está errado, ele percebe. As setenta virgens vêm correndo em sua direção, alegres, saltitantes, batendo palmas (entenda como quiser), sabendo que finalmente, deixarão de ser virgens, quando percebem que aquele órgão tão esperado, foi arrancado do corpo ele. Explodiu. Nada. Nenhum resquício de pinto. Deve estar jogado em algum lugar da terra. E na terra.
Foi nesse ponto que eu entendi tudo. Não são necessárias, realmente, setenta virgens, para cada, homem-bomba. É necessário apenas um grupo. E elas todas devem ter pelo menos oitenta anos. Basta ficar fazendo o rodízio das mesmas virgens. Coitadas. Continuarão assim para todo o sempre.
Outro fato a ser analisado então, é que só no Iraque, deve haver um homem-bomba para cada dois habitantes sunitas e um xiita. É o único lugar do mundo, onde você esta andando na rua e de repente, pisa em algo mole. Imediatamente você olha para baixo achando que pisou em um monte de cocô e vê que na verdade é um pinto. Foi arrancado de algum lugar pela raiz.
Outro homem-bomba foi para o céu.
Imagine o numero absurdo de mulheres no céu se fosse diferente.
Impossível. Todos sabemos que as mulheres não vão para lá.
Purgatório. No máximo.
Mas não podemos generalizar. Os seguidores de Mohammed (que significa “Digno de louvor”) sabem que a mensagem que ele deixou é clara. Afinal, tudo foi escrito em um livro chamado Alcorão. O livro sagrado dos mulçumanos traz o mistério do Deus - Uno e a história de suas revelações de Adão a Maomé, passando por Abraão, Moisés e Jesus, e também as prescrições culturais, sociais, jurídicas, estéticas e morais que dirigem a vida individual e social dos muçulmanos.
Os mulçumanos também têm algumas obrigações. Preste atenção se você quiser ser um seguidor do Islã. Todo muçulmano deve prestar o testemunho (chahada), ou seja, professar publicamente que Alá é o único deus e Maomé é seu profeta; fazer a oração ritual (salat) cinco vezes ao dia (ao nascer do Sol, ao meio-dia, no meio da tarde, ao pôr-do-sol e à noite), voltado para Meca e prostrado com a fronte por terra; dar a esmola legal (zakat) para a purificação das riquezas e a solidariedade entre os fiéis; jejuar do nascer ao pôr-do-sol, durante o nono mês do calendário muçulmano (Ramadan); e fazer uma peregrinação (hadjdj) a Meca ao menos uma vez na vida, seja pessoalmente, se tiver recursos, ou por meio de procurador, se não tiver.
Muito bem. Eu dei uma olhada no Alcorão e não achei em lugar nenhum, onde está escrito que os pagãos devem morrer, ou que as mulheres não têm os mesmos direitos e deveres dos homens. Aliás, foi o contrario. Ele prega a igualdade entre os sexos e tolerância religiosa.
Acontece, que um filho da puta chamado Muhammad bin abdul Wahhab, no século dezoito, começou a pregar o alcorão de forma extremista e puritana na península Arábica, criando a partir daí uma seita Islâmica, chamada Wahhabismo. Essa seita prega atitudes ultra-conservadoras, como desrespeito às mulheres, sectarismo e intolerância religiosa, interpretação radical do Islamismo, instigação de guerra civil, violência extrema, entre outras.
Para que fique bem claro, são eles que decidem explodir, os pagãos e os “desviados mulçumanos”. Eles colocam explosivos amarrados no corpo escolhem um lugar bem movimentado e “bum”. Vão em direção a setenta virgens.
Vamos aos fatos.
De acordo com o ultimo censo realizado, ficou constatado, que no Brasil inteiro, os pesquisadores, não conseguiram encontrar nem sessenta e oito virgens. Isso significa que no mundo todo, não deve haver um numero expressivo de virgens. Eu me pergunto então, por que no céu isso seria diferente? Quem quer morrer virgem? Imagino que não seja fácil encontrar esse numero de mal-amadas, para cada homem-bomba do planeta.
Só no Iraque a quantidade de homens-bomba, a cada ano, supera em muito o total de virgens, em todo o Brasil.
Vamos estudar outro fato. Os homens-bomba amarram uma quantidade enorme de explosivos no corpo. Em que lugar? Na cintura. Pois bem. Quando o TNT explode, qual você acha que é a primeira parte do corpo que explode? Eu respondo. É o pinto.
Ele morre, e acorda no céu. Quando ele vai falar qualquer coisa, descobre que sua voz assumiu um timbre de soprano, agudo e alto. Algo está errado, ele percebe. As setenta virgens vêm correndo em sua direção, alegres, saltitantes, batendo palmas (entenda como quiser), sabendo que finalmente, deixarão de ser virgens, quando percebem que aquele órgão tão esperado, foi arrancado do corpo ele. Explodiu. Nada. Nenhum resquício de pinto. Deve estar jogado em algum lugar da terra. E na terra.
Foi nesse ponto que eu entendi tudo. Não são necessárias, realmente, setenta virgens, para cada, homem-bomba. É necessário apenas um grupo. E elas todas devem ter pelo menos oitenta anos. Basta ficar fazendo o rodízio das mesmas virgens. Coitadas. Continuarão assim para todo o sempre.
Outro fato a ser analisado então, é que só no Iraque, deve haver um homem-bomba para cada dois habitantes sunitas e um xiita. É o único lugar do mundo, onde você esta andando na rua e de repente, pisa em algo mole. Imediatamente você olha para baixo achando que pisou em um monte de cocô e vê que na verdade é um pinto. Foi arrancado de algum lugar pela raiz.
Outro homem-bomba foi para o céu.
Imagine o numero absurdo de mulheres no céu se fosse diferente.
Impossível. Todos sabemos que as mulheres não vão para lá.
Purgatório. No máximo.
segunda-feira, 23 de julho de 2007
Profissão - Professor...
Então. Começaram as aulas de novo. E de novo eu começo a trabalhar.
Sim. Educador é uma profissão. Ainda mais em um país como o nosso, onde um professor, para ganhar um salário razoável, eu não disse bom, eu disse razoável, precisa trabalhar em até três ou quatro locais diferentes. Hoje mesmo, eu estava fazendo as contas de quanto eu trabalho. Durante dois dias da semana eu entro em aula as 08:00h e só saio das aulas as 23:00h. Mais ou menos 15 horas de trabalho em um dia. Nos demais dias, os mais tranqüilos, eu entro as 13:00h e saio as 23:00h, trabalhando 10 horas. Isso me dá um total de 60 horas em uma semana e, aproximadamente 240 horas em um mês. Isso sem contar, é claro, as infindáveis horas corrigindo as provas, o que é extremamente chato, e preparando as aulas. Sim, porque ninguém enfrenta uma classe com, em média, quarenta adolescentes, sem uma aula bem preparada. A não ser, é claro, que a pessoa seja masoquista. Acontece.
É por esses motivos que eu estou cansado de ouvir dos meus alunos “Ei professor. Você trabalha também, ou só dá aulas?”.
Como assim, eu trabalho também? Quer dizer que quem dá aulas não trabalha? É isso? A vontade mesmo, depois de tantas vezes que eu já ouvi a essa pergunta, é responder, sem nem alterar o tom de voz – “Não seu bastardo, filho de uma puta. Eu só dou aula. Eu realmente não faço mais porra nenhuma da vida. Eu só fico aqui, sendo sustentado pelos impostos pagos pelo bosta do seu pai, para aturar uns cretinos como você, para que ELE possa então, trabalhar de verdade.”.
Vontade não me falta. Mas eu acho que isso não se encaixa muito bem no perfil de um educador, e é por isso que eu não respondo dessa forma. Eu uso a minha resposta padrão. “Eu não entendi a sua pergunta. Por favor, faça ela de novo, bem pausadamente dessa vez.”. Alguns pegam a mancada na hora. Outros ainda não, e ficam com a cara de questionadores. Vamos lá. Eu formo técnicos. Pessoas que serão profissionais, assim que saírem do ultimo módulo. E o mercado é implacável lá fora. Ele não tem dó de pessoas inocentes. Qual a minha função? Acabar com todo e qualquer resquício de inocência que ainda possa haver no coração dos meus alunos. Eu sou pago pra isso. Então que resposta seria mais apropriada do que “Vai se foder.”?
Eles já estão acostumados comigo. Acho que por isso não ficam tão assustados.
Essa é uma das melhores profissões do mundo. Em poucas empresas, um bom serviço é reconhecido. Em uma escola, quando se dá uma boa aula, imediatamente você tem o retorno. E isso vale até mesmo o baixo salário.
Temos também duas férias em um ano. Uma em julho, bem curtinha de uma semana, às vezes duas, e uma em dezembro, com pelo menos trinta dias. Isso é muito bom também.
Mas o que eu mais gosto é do tipo de relação que se estabelece, logo no primeiro contato. Eu chego e aviso como vai ser, o que eles vão enfrentar e o que vai fazer com que eles reprovem, ou sejam aprovados. Eu já tenho experiência para saber disso. E nada mais justo que avisar.
Mas, o primeiro contato com os alunos, é como deveria ser, com todos os outros primeiros contatos, em todas as outras áreas. Claro, objetivo e, mostrando quais são as regras do jogo.
Eu prefiro assim.
O problema é que nos apegamos a eles. Conhecemos seus nomes, suas fraquezas, seus pontos fortes. De alguns até seus problemas emocionais, e algumas vezes, inclusive, nos pedem conselhos. E depois de um ano e meio eles vão embora. E a vida tem que recomeçar.
Outra vantagem de ser professor.
Você acaba ficando bom com recomeços.
E a vida continua.
Que venham os novos alunos.
Sim. Educador é uma profissão. Ainda mais em um país como o nosso, onde um professor, para ganhar um salário razoável, eu não disse bom, eu disse razoável, precisa trabalhar em até três ou quatro locais diferentes. Hoje mesmo, eu estava fazendo as contas de quanto eu trabalho. Durante dois dias da semana eu entro em aula as 08:00h e só saio das aulas as 23:00h. Mais ou menos 15 horas de trabalho em um dia. Nos demais dias, os mais tranqüilos, eu entro as 13:00h e saio as 23:00h, trabalhando 10 horas. Isso me dá um total de 60 horas em uma semana e, aproximadamente 240 horas em um mês. Isso sem contar, é claro, as infindáveis horas corrigindo as provas, o que é extremamente chato, e preparando as aulas. Sim, porque ninguém enfrenta uma classe com, em média, quarenta adolescentes, sem uma aula bem preparada. A não ser, é claro, que a pessoa seja masoquista. Acontece.
É por esses motivos que eu estou cansado de ouvir dos meus alunos “Ei professor. Você trabalha também, ou só dá aulas?”.
Como assim, eu trabalho também? Quer dizer que quem dá aulas não trabalha? É isso? A vontade mesmo, depois de tantas vezes que eu já ouvi a essa pergunta, é responder, sem nem alterar o tom de voz – “Não seu bastardo, filho de uma puta. Eu só dou aula. Eu realmente não faço mais porra nenhuma da vida. Eu só fico aqui, sendo sustentado pelos impostos pagos pelo bosta do seu pai, para aturar uns cretinos como você, para que ELE possa então, trabalhar de verdade.”.
Vontade não me falta. Mas eu acho que isso não se encaixa muito bem no perfil de um educador, e é por isso que eu não respondo dessa forma. Eu uso a minha resposta padrão. “Eu não entendi a sua pergunta. Por favor, faça ela de novo, bem pausadamente dessa vez.”. Alguns pegam a mancada na hora. Outros ainda não, e ficam com a cara de questionadores. Vamos lá. Eu formo técnicos. Pessoas que serão profissionais, assim que saírem do ultimo módulo. E o mercado é implacável lá fora. Ele não tem dó de pessoas inocentes. Qual a minha função? Acabar com todo e qualquer resquício de inocência que ainda possa haver no coração dos meus alunos. Eu sou pago pra isso. Então que resposta seria mais apropriada do que “Vai se foder.”?
Eles já estão acostumados comigo. Acho que por isso não ficam tão assustados.
Essa é uma das melhores profissões do mundo. Em poucas empresas, um bom serviço é reconhecido. Em uma escola, quando se dá uma boa aula, imediatamente você tem o retorno. E isso vale até mesmo o baixo salário.
Temos também duas férias em um ano. Uma em julho, bem curtinha de uma semana, às vezes duas, e uma em dezembro, com pelo menos trinta dias. Isso é muito bom também.
Mas o que eu mais gosto é do tipo de relação que se estabelece, logo no primeiro contato. Eu chego e aviso como vai ser, o que eles vão enfrentar e o que vai fazer com que eles reprovem, ou sejam aprovados. Eu já tenho experiência para saber disso. E nada mais justo que avisar.
Mas, o primeiro contato com os alunos, é como deveria ser, com todos os outros primeiros contatos, em todas as outras áreas. Claro, objetivo e, mostrando quais são as regras do jogo.
Eu prefiro assim.
O problema é que nos apegamos a eles. Conhecemos seus nomes, suas fraquezas, seus pontos fortes. De alguns até seus problemas emocionais, e algumas vezes, inclusive, nos pedem conselhos. E depois de um ano e meio eles vão embora. E a vida tem que recomeçar.
Outra vantagem de ser professor.
Você acaba ficando bom com recomeços.
E a vida continua.
Que venham os novos alunos.
sexta-feira, 20 de julho de 2007
Por que as mulheres não podem ser gentis...?
Por que as mulheres não podem ser gentis? É isso o que fiquei me perguntando hoje à tarde. Uma coisa engraçada aconteceu comigo. Fui paquerado. É claro que já aconteceu outras vezes, mas nunca antes de forma tão direta. Direta como um soco no estomago. Eu respeito isso. Acho legal. Gosto de pessoas que sabem o que querem e ainda mais das que tem coragem para agir. Vou passar todo o trecho da conversa.
Cenário: Parque Vila Lobos – Pista de patinação.
Eu estava patinando quando passei por uma garota de bicicleta.
- Oi. Você dá aulas de patinação? – Perguntou a garota.
- Não. O professor é outro cara. Ele chama Ted. Mas não está aqui hoje.
- Hum. Você é amigo dele?
- Sou. Se você quiser o Alan – apontei para o negão de 2,00m sentado em um dos bancos – tem um cartão dele. Você pode agendar as aulas por telefone.
- Quantos anos você tem? – Como se não tivesse escutado nada do que eu falei.
- 32. E você? – Eu tive que perguntar. Ela me olhou com cara de que fosse católica e eu tivesse dito que Deus é uma invenção da cabeça dela.
- Nossa. Você parece ter menos. Eu tenho 19.
Nesse ponto eu olhei em volta. Ainda não tinha percebido as intenções da garota, mas nos dias de hoje se os guardas vêem um cara da minha idade conversando com uma garota dessa idade, eles já vem dando borrachada.
- Obrigado. – Eu tive que dar risada. Vocês deveriam ter visto a cara dela. Como, “Meu Deus, eu achei um cara de 32 anos patinando no Vila Lobos durante a semana.” Foi bem engraçado.
- Você é casado? – Ela perguntou.
- Não. Sou separado. – Engraçado ela ter perguntado isso hoje.
- E você tem namorada? – Juro que foi só aí que eu entendi as reais intenções dela. Dei uma risada e apoiei as mãos nos joelhos. Estava cansado.
- Sim. Eu tenho uma namorada. – Ela ficou vermelha. Constrangida pra dizer o mínimo. Percebi na hora.
- Você quer o cartão do Ted? – Perguntei.
- Não. Eu sei andar. Eu só fiz isso pra puxar assunto.
Foi aí que eu percebi o que poderia ter feito por ela. Eu simplesmente deveria dizer a verdade. E foi o que eu fiz.
- Me sinto lisonjeado por ter sido paquerado por uma garota tão bonita. Mas eu realmente tenho namorada. – Falei para com um sorriso.
- Sorte dela. – Continuou na bicicleta em direção ao outro lado.
- Obrigado.
Isso me fez pensar.
Por que as mulheres não podem ter esse tipo de atitude? Por que elas não podem simplesmente serem gentis, ao receber uma cantada?
Porra. É difícil demais para alguém chegar junto assim e ainda desempenhar uma conversa legal. Como esquecer o lance que eu contei em “A difícil vida de solteiro”? A mulherada tem as coisas mais facilmente, sim.
Para elas é bem mais tranqüilo. Para o cara que já passou por isso, sabe que não custa nada ser mais gentil. Evitar fazer caras e bocas e, sair da situação de forma delicada.
Você quer ver como a coisa é mais difícil para os homens? Que levante a mão o cara que foi em uma entrevista de emprego e voltou dizendo: “O entrevistador se encantou comigo. Ele disse que me quer trabalhando na empresa, mas em um cargo mais alto, do que eu me candidatei.” Isso nunca acontece com os homens. Nunca. Se algum homem passou por essa situação, me desminta, por favor. Mas eu não conheço ninguém. Mesmo. E entre as mulheres, só essa semana eu já soube de duas. Ambas bonitas.
A verdade seja dita. Eu não acredito na bondade humana, ainda mais quando se tratam de sexos opostos. Não é que eu seja um cara mal, ou que me falte fé nos seres humanos. Mas é que eu não me iludo com algumas coisas. E as pessoas, tendem a ficarem bravas comigo quando digo essas coisas. Eu não falo para desmerecer. Mesmo porque, as duas mulheres as quais me referi, anteriormente, são, segundo me consta, extremamente capazes. Mas mesmo entre homens capazes, esse tipo de situação não ocorre.
É. As coisas são mais fáceis para as mulheres, sim.
Se não fossem, elas teriam um pouco mais de delicadeza, na hora de dizer não.
E também, um pouco menos de ilusões, na hora de dizer sim.
Cenário: Parque Vila Lobos – Pista de patinação.
Eu estava patinando quando passei por uma garota de bicicleta.
- Oi. Você dá aulas de patinação? – Perguntou a garota.
- Não. O professor é outro cara. Ele chama Ted. Mas não está aqui hoje.
- Hum. Você é amigo dele?
- Sou. Se você quiser o Alan – apontei para o negão de 2,00m sentado em um dos bancos – tem um cartão dele. Você pode agendar as aulas por telefone.
- Quantos anos você tem? – Como se não tivesse escutado nada do que eu falei.
- 32. E você? – Eu tive que perguntar. Ela me olhou com cara de que fosse católica e eu tivesse dito que Deus é uma invenção da cabeça dela.
- Nossa. Você parece ter menos. Eu tenho 19.
Nesse ponto eu olhei em volta. Ainda não tinha percebido as intenções da garota, mas nos dias de hoje se os guardas vêem um cara da minha idade conversando com uma garota dessa idade, eles já vem dando borrachada.
- Obrigado. – Eu tive que dar risada. Vocês deveriam ter visto a cara dela. Como, “Meu Deus, eu achei um cara de 32 anos patinando no Vila Lobos durante a semana.” Foi bem engraçado.
- Você é casado? – Ela perguntou.
- Não. Sou separado. – Engraçado ela ter perguntado isso hoje.
- E você tem namorada? – Juro que foi só aí que eu entendi as reais intenções dela. Dei uma risada e apoiei as mãos nos joelhos. Estava cansado.
- Sim. Eu tenho uma namorada. – Ela ficou vermelha. Constrangida pra dizer o mínimo. Percebi na hora.
- Você quer o cartão do Ted? – Perguntei.
- Não. Eu sei andar. Eu só fiz isso pra puxar assunto.
Foi aí que eu percebi o que poderia ter feito por ela. Eu simplesmente deveria dizer a verdade. E foi o que eu fiz.
- Me sinto lisonjeado por ter sido paquerado por uma garota tão bonita. Mas eu realmente tenho namorada. – Falei para com um sorriso.
- Sorte dela. – Continuou na bicicleta em direção ao outro lado.
- Obrigado.
Isso me fez pensar.
Por que as mulheres não podem ter esse tipo de atitude? Por que elas não podem simplesmente serem gentis, ao receber uma cantada?
Porra. É difícil demais para alguém chegar junto assim e ainda desempenhar uma conversa legal. Como esquecer o lance que eu contei em “A difícil vida de solteiro”? A mulherada tem as coisas mais facilmente, sim.
Para elas é bem mais tranqüilo. Para o cara que já passou por isso, sabe que não custa nada ser mais gentil. Evitar fazer caras e bocas e, sair da situação de forma delicada.
Você quer ver como a coisa é mais difícil para os homens? Que levante a mão o cara que foi em uma entrevista de emprego e voltou dizendo: “O entrevistador se encantou comigo. Ele disse que me quer trabalhando na empresa, mas em um cargo mais alto, do que eu me candidatei.” Isso nunca acontece com os homens. Nunca. Se algum homem passou por essa situação, me desminta, por favor. Mas eu não conheço ninguém. Mesmo. E entre as mulheres, só essa semana eu já soube de duas. Ambas bonitas.
A verdade seja dita. Eu não acredito na bondade humana, ainda mais quando se tratam de sexos opostos. Não é que eu seja um cara mal, ou que me falte fé nos seres humanos. Mas é que eu não me iludo com algumas coisas. E as pessoas, tendem a ficarem bravas comigo quando digo essas coisas. Eu não falo para desmerecer. Mesmo porque, as duas mulheres as quais me referi, anteriormente, são, segundo me consta, extremamente capazes. Mas mesmo entre homens capazes, esse tipo de situação não ocorre.
É. As coisas são mais fáceis para as mulheres, sim.
Se não fossem, elas teriam um pouco mais de delicadeza, na hora de dizer não.
E também, um pouco menos de ilusões, na hora de dizer sim.
quarta-feira, 18 de julho de 2007
Mais um fim de semana...
É. Foi realmente um bom final de semana.
Começou já na sexta-feira na abertura dos jogos Pan-americanos. Logo no inicio, quando o nosso chefe do Estado Maior, o querido, (querido, pois segundo as pesquisas, 66% da população do País, acha que ele vem fazendo um mandato bom ou ótimo), Luis Inácio “Lula” da Silva, foi apresentado em espanhol, que é a língua oficial dos jogos, e o povo que em sua grande maioria, não entende o idioma, ao som do nome do presidente, começou a vaiar. Foi lindo. Quase escorreram lágrimas pelo meu rosto. O público estava diminuindo as vaias, quando o excelentíssimo , foi apresentado de novo, mas agora em bom português, e recomeçaram a vaiar. Que orgulho. Desta vez não contive as lagrimas.
Lagrimas de alegria.
Eu me sentia sozinho, sabe? Meio abandonado em meio ao restante, em meio a apenas 44% da população, que considera o mandato regular ou péssimo. Que fique bem claro, eu acho péssimo. Ele ficou sem graça. Mas, foi vaiado ainda outras quatro vezes. Seis vezes ao todo, para que ninguém perca as contas. Não é que eu não goste dele. O problema é que eu não gosto de gente incompetente. E, me desculpem os Lulistas, PTistas e vermelhistas em geral, o cara é um poço de incompetência. E não um poço qualquer, um do tipo artesanal.
Com aquela cara de “fiz merda”, o presidente ainda achou que seria prudente não abrir os jogos e passou a honra para outra pessoa, Carlos Athur, o Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro. Depois convencido por seus assessores, Lula ainda tentou recuperar a honra de abrir os jogos, mas já era muito tarde.
O ministro dos esportes, Orlando Silva Jr., ainda tentou limpar a barra presidencial e disse que o que houve, deve ter sido, pasmem, “orquestrado pela oposição”.
Imagine agora, meu amigo, a dificuldade que não deve ter sido selecionar entre os 44%, os mais descontentes e vender ingressos para a abertura só para eles. Isso é que é competência.
Nas próximas eleições só votarei na oposição.
Outra coisa boa que aconteceu, no meu final de semana, foi ter assistido à excelente peça teatral chamada “Comédia ao cubo”. Impressionante como três pessoas, com um mínimo de cenário, conseguem fazer, em aproximadamente, uma hora e meia uma peça engraçada. Foi a primeira vez que eu vi um circo de um homem só. Texto pouco conciso, pouco costurado, só servia de desculpa para o talento dos atores que arrancavam gargalhadas do público. A peça esta em cartaz todos os sábados, até 25/08, no shopping Higienópolis e começa a 0:00h.
Recomendo. R$20,00 bem gastos, a não ser que você tenha carteirinha de estudante. Então, o preço caí pela metade.
Achei que com um fim de semana tão bom a semana seria boa também. Ainda mais com a chuva no meio da época de estiagem em São Paulo. Uma pena que em meio a tudo de bom que vem acontecendo, um acidente como esse, a queda do Vôo 3054 da TAM, tão feio e tão previsto, tenha estragado a felicidade de todo um país. Não escreverei sobre ele. Não tenho essa capacidade e, não pretendo fazer como os telejornais menores, que ficam falando um monte de besteira a respeito do que não sabem. Não vou acusar nada nem ninguém. Eu teria, muito provavelmente, que voltar atrás depois, e quem me conhece sabe que não gosto de fazer isso.
Espero que a próxima semana seja melhor.
Começou já na sexta-feira na abertura dos jogos Pan-americanos. Logo no inicio, quando o nosso chefe do Estado Maior, o querido, (querido, pois segundo as pesquisas, 66% da população do País, acha que ele vem fazendo um mandato bom ou ótimo), Luis Inácio “Lula” da Silva, foi apresentado em espanhol, que é a língua oficial dos jogos, e o povo que em sua grande maioria, não entende o idioma, ao som do nome do presidente, começou a vaiar. Foi lindo. Quase escorreram lágrimas pelo meu rosto. O público estava diminuindo as vaias, quando o excelentíssimo , foi apresentado de novo, mas agora em bom português, e recomeçaram a vaiar. Que orgulho. Desta vez não contive as lagrimas.
Lagrimas de alegria.
Eu me sentia sozinho, sabe? Meio abandonado em meio ao restante, em meio a apenas 44% da população, que considera o mandato regular ou péssimo. Que fique bem claro, eu acho péssimo. Ele ficou sem graça. Mas, foi vaiado ainda outras quatro vezes. Seis vezes ao todo, para que ninguém perca as contas. Não é que eu não goste dele. O problema é que eu não gosto de gente incompetente. E, me desculpem os Lulistas, PTistas e vermelhistas em geral, o cara é um poço de incompetência. E não um poço qualquer, um do tipo artesanal.
Com aquela cara de “fiz merda”, o presidente ainda achou que seria prudente não abrir os jogos e passou a honra para outra pessoa, Carlos Athur, o Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro. Depois convencido por seus assessores, Lula ainda tentou recuperar a honra de abrir os jogos, mas já era muito tarde.
O ministro dos esportes, Orlando Silva Jr., ainda tentou limpar a barra presidencial e disse que o que houve, deve ter sido, pasmem, “orquestrado pela oposição”.
Imagine agora, meu amigo, a dificuldade que não deve ter sido selecionar entre os 44%, os mais descontentes e vender ingressos para a abertura só para eles. Isso é que é competência.
Nas próximas eleições só votarei na oposição.
Outra coisa boa que aconteceu, no meu final de semana, foi ter assistido à excelente peça teatral chamada “Comédia ao cubo”. Impressionante como três pessoas, com um mínimo de cenário, conseguem fazer, em aproximadamente, uma hora e meia uma peça engraçada. Foi a primeira vez que eu vi um circo de um homem só. Texto pouco conciso, pouco costurado, só servia de desculpa para o talento dos atores que arrancavam gargalhadas do público. A peça esta em cartaz todos os sábados, até 25/08, no shopping Higienópolis e começa a 0:00h.
Recomendo. R$20,00 bem gastos, a não ser que você tenha carteirinha de estudante. Então, o preço caí pela metade.
Achei que com um fim de semana tão bom a semana seria boa também. Ainda mais com a chuva no meio da época de estiagem em São Paulo. Uma pena que em meio a tudo de bom que vem acontecendo, um acidente como esse, a queda do Vôo 3054 da TAM, tão feio e tão previsto, tenha estragado a felicidade de todo um país. Não escreverei sobre ele. Não tenho essa capacidade e, não pretendo fazer como os telejornais menores, que ficam falando um monte de besteira a respeito do que não sabem. Não vou acusar nada nem ninguém. Eu teria, muito provavelmente, que voltar atrás depois, e quem me conhece sabe que não gosto de fazer isso.
Espero que a próxima semana seja melhor.
quinta-feira, 12 de julho de 2007
Sábado...
Sábado foi um dia corrido.
Claro, se você levar em consideração, que eu acordei as 13:00h.
Fui para o parque Vila Lobos, estrear o meu novo, usado, taco de hockey.
É complicado começar um esporte novo. Gasta-se muito. Ainda mais, se não estivermos falando de um esporte popular. Só para se ter uma idéia, um novo taco para jogar hockey, custa entre R$100,00 e R$250,00. Você gosta da sua canela. Das duas? Então prepare o bolso, pois lá se vão mais R$350,00. E os dedos? Você utiliza muito, seus dedos? As luvas chegam a custar R$250,00. Mais a puck que custa R$18,00. Além das proteções secundárias para o saco e a cabeça, que são o fraldão e o capacete. Tudo, tudo sai por volta de R$1.200,00. Para começar. Mas se você não tiver muito apego a seu corpo, e tiver muita vontade de treinar, então pode fazer como eu e comprar um taco usado e uma puck nova. Total geral R$60,00. E muitos ferimentos.
Sábado mesmo eu fraturei de leve o braço e consegui uma pequena distensão na coxa interna esquerda. Coisa boba. Vale pelo prazer de fazer um gol, arrancar a puck de um cara que vai fazer um gol, ou simplesmente, fazer alguém sair em piores condições do que você. Simplesmente uma delicia. Todos os meus problemas ficaram na quadra, juntos ao meu suor e um pouco de sangue. É como dizem: “Se você não sangrou em quadra, é porque ainda não jogou hockey direito.”.
Mentira. Essa eu inventei para não me sentir tão mal. Mas o esporte vale. Emagreci uns dois quilos.
Pena que o parque fecha as 18:00h. E a gente só sai porque já está escuro. Os guardas ficam loucos.
O negócio é que eu nunca saí tão cansado daquele lugar. Tudo doía. Até meus pensamentos doíam.
Peguei o carro e fui para casa me arrumar. Ainda tinha uma baladinha a noite. Uma festa japonesa.
O clube ficava em Cotia e chegamos por volta das 21:00h. O estacionamento muito bem demarcado foi montado as pressas em cima do campo de beisebol. Alguns caras estavam organizando o lugar e disseram, “Memorizem, base 3 no quadrante esquerdo do diamante.”. Ainda bem. Poderíamos nos perder sem a informação precisa do flanelinha. Atravessamos o diamante, passamos pelos bancos e chegamos às arquibancadas. Meio quilometro de escadas acima e chegamos à festa, que era divida em dois corredores com cerca de seis metros de largura, paralelos, separados por uma escadaria.
No corredor de baixo as barracas ocupavam um lado e as mesas o outro e no de cima havia barracas dos dois lados. Sem surpresa para uma festa japonesa. Comidas típicas japonesas, sendo vendidas em algumas barracas e comidas típicas de festas juninas, em outras.
As comidas japonesas são boas porque não é necessária nenhuma preparação. Sashimi, por exemplo. Em que outro lugar você pega uma porra de um peixe morto, tira postas dele, põe os pedaços dentro de uma tigela e vende para alguém por R$7,00? O gasto maior, além do fio da faca, é de um pouco de molho Shoyo. Fácil.
O lugar estava lotado. Estavam presentes, pelo menos, três vezes a população de Tóquio. E digo isso levando em consideração o auge de Tóquio, quando nenhum monstro do Spectromen havia ainda destruído a pobre cidade.
A verdade é que eu não queria comer nada muito cru, então fui procurar um Yakisoba. Presença garantida em qualquer festa de japonês, além dos amendoins, claro. Achamos entre os patamares, um estádio, onde estava rolando uma feirinha, com produtos, é claro, japoneses. E, além disso, havia uma super banca vendendo o único produto comestível que utilizava gás, para sua confecção. E um maldito Karaokê. Com musicas, advinha? Japonesas.
Atendendo na super banca, embaixo do palco do Karaokê, estava um japonês de aproximadamente 185 anos. Pedi um Yakisoba sem carne, e ele me olhou, primeiro como se eu fosse um extraterrestre e depois como se eu tivesse problemas mentais. Eu tive que lançar um “Têm?”. Ele se virou para a cozinha, falou algo na língua oriunda da terrinha que fica ao lado da China, com certeza me sacaneando, pois vieram risadas da cozinha, e alguns segundos depois, veio com a travessinha. Foi aí que eu experimentei um pouco da milenar sabedoria oriental. Ele segurou com as duas mãos a travessa, esticou os braços em minha direção e falou: “Se você achar um pedaço de carne, deixe de lado.”
Eu fiquei parado. A única coisa que consegui pensar para responder para o lendário japonês, foi: ”Muito obrigado pela sugestão. Farei isso.”. Não havia nenhum pedaço de carne. Mas precisei comer ouvindo os idosos japoneses cantando naquela estranha língua. E músicas estranhas. Algo terrível, como uma mistura de pagode, com musica brega. É verdade. Acredite. Pagode não é considerado musica brega. E é considerado pelos incautos, como música.
Ao subir as escadas para acessar os corredores, nos deparamos com três brutamontes, entupindo a passagem. Como ninguém saía eu virei e disse educadamente: “Ow, dá pra dar licença?”. Ele se virou pra mim e disse, “Pedindo educadamente dá.” E saiu. O sangue imediatamente subiu e eu analisei as condições. Primeira, o posicionamento. Após passarmos por ele, ficamos no mesmo patamar e ele na beira da escada. Excelente posição. Mas me sobrariam dois problemas de mesma magnitude, os amigos dele. Segunda condição a ser analisada, aliados homens. Nenhum por perto. A coisa não estava boa. E eu ainda estava arrebentado do Hóckey.
Perguntei “Precisa pedir?” e ele respondeu “Precisa”. Como é ruim quando só te sobra o cinismo como arma e a única coisa que você pode fazer é balançar a cabeça e dar uma risadinha. Eu não queria o peixe e no final tive que engolir um sapo. E que sapo. Bem verruguento.
Após o incidente vimos a queima de fogos, muito bonita e após a queima, voltei para o estádio, para olhar a feirinha. Passando por uma barraca, encontrei a katana, mais linda que já vi. E não resisti ao impulso de comprá-la. Vai ficar linda no meu apartamento. E eu posso deixá-la onde quiser, quando voltar pra lá, afinal não haverá muita coisa para disputar o espaço com ela.
É uma pena que quando subi as escadas dessa vez, não havia ninguém bloqueando a minha passagem.
Realmente uma pena.
Claro, se você levar em consideração, que eu acordei as 13:00h.
Fui para o parque Vila Lobos, estrear o meu novo, usado, taco de hockey.
É complicado começar um esporte novo. Gasta-se muito. Ainda mais, se não estivermos falando de um esporte popular. Só para se ter uma idéia, um novo taco para jogar hockey, custa entre R$100,00 e R$250,00. Você gosta da sua canela. Das duas? Então prepare o bolso, pois lá se vão mais R$350,00. E os dedos? Você utiliza muito, seus dedos? As luvas chegam a custar R$250,00. Mais a puck que custa R$18,00. Além das proteções secundárias para o saco e a cabeça, que são o fraldão e o capacete. Tudo, tudo sai por volta de R$1.200,00. Para começar. Mas se você não tiver muito apego a seu corpo, e tiver muita vontade de treinar, então pode fazer como eu e comprar um taco usado e uma puck nova. Total geral R$60,00. E muitos ferimentos.
Sábado mesmo eu fraturei de leve o braço e consegui uma pequena distensão na coxa interna esquerda. Coisa boba. Vale pelo prazer de fazer um gol, arrancar a puck de um cara que vai fazer um gol, ou simplesmente, fazer alguém sair em piores condições do que você. Simplesmente uma delicia. Todos os meus problemas ficaram na quadra, juntos ao meu suor e um pouco de sangue. É como dizem: “Se você não sangrou em quadra, é porque ainda não jogou hockey direito.”.
Mentira. Essa eu inventei para não me sentir tão mal. Mas o esporte vale. Emagreci uns dois quilos.
Pena que o parque fecha as 18:00h. E a gente só sai porque já está escuro. Os guardas ficam loucos.
O negócio é que eu nunca saí tão cansado daquele lugar. Tudo doía. Até meus pensamentos doíam.
Peguei o carro e fui para casa me arrumar. Ainda tinha uma baladinha a noite. Uma festa japonesa.
O clube ficava em Cotia e chegamos por volta das 21:00h. O estacionamento muito bem demarcado foi montado as pressas em cima do campo de beisebol. Alguns caras estavam organizando o lugar e disseram, “Memorizem, base 3 no quadrante esquerdo do diamante.”. Ainda bem. Poderíamos nos perder sem a informação precisa do flanelinha. Atravessamos o diamante, passamos pelos bancos e chegamos às arquibancadas. Meio quilometro de escadas acima e chegamos à festa, que era divida em dois corredores com cerca de seis metros de largura, paralelos, separados por uma escadaria.
No corredor de baixo as barracas ocupavam um lado e as mesas o outro e no de cima havia barracas dos dois lados. Sem surpresa para uma festa japonesa. Comidas típicas japonesas, sendo vendidas em algumas barracas e comidas típicas de festas juninas, em outras.
As comidas japonesas são boas porque não é necessária nenhuma preparação. Sashimi, por exemplo. Em que outro lugar você pega uma porra de um peixe morto, tira postas dele, põe os pedaços dentro de uma tigela e vende para alguém por R$7,00? O gasto maior, além do fio da faca, é de um pouco de molho Shoyo. Fácil.
O lugar estava lotado. Estavam presentes, pelo menos, três vezes a população de Tóquio. E digo isso levando em consideração o auge de Tóquio, quando nenhum monstro do Spectromen havia ainda destruído a pobre cidade.
A verdade é que eu não queria comer nada muito cru, então fui procurar um Yakisoba. Presença garantida em qualquer festa de japonês, além dos amendoins, claro. Achamos entre os patamares, um estádio, onde estava rolando uma feirinha, com produtos, é claro, japoneses. E, além disso, havia uma super banca vendendo o único produto comestível que utilizava gás, para sua confecção. E um maldito Karaokê. Com musicas, advinha? Japonesas.
Atendendo na super banca, embaixo do palco do Karaokê, estava um japonês de aproximadamente 185 anos. Pedi um Yakisoba sem carne, e ele me olhou, primeiro como se eu fosse um extraterrestre e depois como se eu tivesse problemas mentais. Eu tive que lançar um “Têm?”. Ele se virou para a cozinha, falou algo na língua oriunda da terrinha que fica ao lado da China, com certeza me sacaneando, pois vieram risadas da cozinha, e alguns segundos depois, veio com a travessinha. Foi aí que eu experimentei um pouco da milenar sabedoria oriental. Ele segurou com as duas mãos a travessa, esticou os braços em minha direção e falou: “Se você achar um pedaço de carne, deixe de lado.”
Eu fiquei parado. A única coisa que consegui pensar para responder para o lendário japonês, foi: ”Muito obrigado pela sugestão. Farei isso.”. Não havia nenhum pedaço de carne. Mas precisei comer ouvindo os idosos japoneses cantando naquela estranha língua. E músicas estranhas. Algo terrível, como uma mistura de pagode, com musica brega. É verdade. Acredite. Pagode não é considerado musica brega. E é considerado pelos incautos, como música.
Ao subir as escadas para acessar os corredores, nos deparamos com três brutamontes, entupindo a passagem. Como ninguém saía eu virei e disse educadamente: “Ow, dá pra dar licença?”. Ele se virou pra mim e disse, “Pedindo educadamente dá.” E saiu. O sangue imediatamente subiu e eu analisei as condições. Primeira, o posicionamento. Após passarmos por ele, ficamos no mesmo patamar e ele na beira da escada. Excelente posição. Mas me sobrariam dois problemas de mesma magnitude, os amigos dele. Segunda condição a ser analisada, aliados homens. Nenhum por perto. A coisa não estava boa. E eu ainda estava arrebentado do Hóckey.
Perguntei “Precisa pedir?” e ele respondeu “Precisa”. Como é ruim quando só te sobra o cinismo como arma e a única coisa que você pode fazer é balançar a cabeça e dar uma risadinha. Eu não queria o peixe e no final tive que engolir um sapo. E que sapo. Bem verruguento.
Após o incidente vimos a queima de fogos, muito bonita e após a queima, voltei para o estádio, para olhar a feirinha. Passando por uma barraca, encontrei a katana, mais linda que já vi. E não resisti ao impulso de comprá-la. Vai ficar linda no meu apartamento. E eu posso deixá-la onde quiser, quando voltar pra lá, afinal não haverá muita coisa para disputar o espaço com ela.
É uma pena que quando subi as escadas dessa vez, não havia ninguém bloqueando a minha passagem.
Realmente uma pena.
terça-feira, 10 de julho de 2007
Noticias...
Duas noticias de extrema importância.
Uma eu localizei nas minhas buscas notívagas e se trata de uma descoberta importantíssima.
A terra é menor do que os cientistas pensavam.
De acordo com um artigo localizado no link http://www.apolo11.com/curiosidades.php a terra é cinco milímetros menor do que achavam os cientistas.
Isso mesmo. Sem sacanagem. Juro. Aprendemos tudo errado a esse respeito na escola. Malditos professores desinformados. Ao invés dos 12.756.272,49km, conhecidos, subtraia desse número, cinco milímetros.
E eu que achei que não tinha nada pra fazer nas férias. Deveria ter pensado nisso antes. Pegaria uma trena e faria a medição da terra. Alguém mais esperto e mais desocupado do que eu resolveu fazer isso antes. Aliás, o novo sistema utilizado para fazer a medição pode ter, segundo o artigo, um erro de dois milímetros a cada 1000 Km. Portanto, pode haver um erro de aproximadamente, segundo os meus cálculos, 25.512,54 milímetros. Algumas coisas na internet podem ser mais inúteis do que esse blog.
Ta vendo? Não se sinta tão mal em visitá-lo de vez em quando.
A outra noticia importante, talvez da mesma magnitude dessa, é que eu resolvi colocar um contador para visitas no meu blog, haja visto que ninguém comenta nada mesmo. Pelo menos eu saberei se alguém realmente entra aqui, além de minha mãe, claro.
Novas postagens serão deixadas entre terça e quarta-feira.
Um abraço e boa semana pra você.
terça-feira, 3 de julho de 2007
Adubo..
Tarde de terça-feira, estamos próximos ao final do ano letivo de 2001. A semana de provas passou e estamos chegando nas avaliações de recuperação. Todos os alunos estão presentes e ansiosos pela divulgação das notas, que será feita por Miriam, a professora de português. Um dos alunos é um adolescente de 17 anos, chamado Ricardo, que está fazendo pela segunda vez o primeiro ano do ensino médio. Ricardo já teve diversos problemas de comportamento em outras escolas e nessa não foi diferente. Três colegas mais novos espancados, diversas advertências e duas reuniões marcadas com os pais. O pai, advogado sempre dizia que o filho seria punido em casa e que, portanto, a escola não precisava se preocupar com isso. E como as brigas foram sempre a mais de trezentos metros da escola, não seria afinal, da conta do Diretor. Os meninos que se acertem. Muitas discussões inúteis com os pais que não viam que o filho realmente estava desajustado. Não só mentalmente, mas socialmente. E ainda tinha um problema grave de concentração. Não conseguia passar do “Razoável” nas matérias e não suportava que outros colegas de classe fossem muito melhores que ele. O motivo das brigas tinha, invariavelmente, sido esse. Contara aos pais que batera em alunos “CDF´s” que ficavam perturbando-o durante a aula. Mentiras fáceis para alvos fáceis. Impressionante, ele acha como pessoas tão estudadas, podiam acreditar tão facilmente, em tudo que lhes era contado. Assim eram os seus pais. Advogados, sempre preocupados demais com os clientes e achando que o filho de 17 anos já era suficientemente maduro para não mentir.
A professora começa, então, a divulgar as notas e segue promovendo a grande maioria dos alunos. Poucos ficam para a recuperação, entre eles Ricardo. Ao saber da nota, ele sente uma sensação de raiva crescendo dentro dele e sente o seu rosto quente. É assim desde que ele era pequeno e sempre que não conseguia algo que queria a sensação era a mesma. Como se roubassem algo dele. Não importa que ele não estude o suficiente ou que não fez todos os trabalhos. Alguns outros alunos também não foram tão bem e estão com notas melhores. E a professora ainda falou a nota olhando pra ele. Isso foi ou não foi, afinal, uma provocação? Ela não deveria ter feito isso. Ela deveria ter mais consideração pelas pessoas.
Alguns alunos vão até a carteira falar com a professora, mas ele não. Ele permanece quieto, de braços cruzados, sentado em sua carteira, esperando a raiva ir embora. Mas ela não vai. Ela só aumenta. Ainda mais quando a professora, naquela sua pose, tão cheia de si, levanta-se e começa a escrever na lousa que matéria iria ser cobrada na prova. Toda a matéria do ano. Ela enlouqueceu? Toda a matéria do ano? Ele não se contém e pergunta se ela não achava que era muita coisa. A professora se vira para ele e com ar de superioridade faz uma pausa e diz: “O senhor deveria ter feito todos os meus trabalhos em sala de aula Ricardo, ao invés de perturbara mim e a seus colegas.”. Ela falou dessa forma com ele na frente de toda classe. Isso não se faz. Deveria tê-lo chamado em um canto e dito, se ela realmente achava aquilo.
A aula acaba e Ricardo sai da sala puto da vida, empurrando um colega que estava em sua frente na porta. A professora ao ver a cena, chama por Ricardo e ainda briga com ele na frente de todos os colegas. Ele se controla pra não bater na professora, vira as costas e continua. Ouve ainda a professora chamar por ele, mas a ignora. Se vier outra advertência, que se dane.
Ele vai para casa, tenta assistir o jornal e a novela, mas não consegue se concentrar. Quando o relógio da parede aponta 20h45min ele tem uma idéia. Vai até o quarto, veste uma roupa preta, que costuma usar em baladas, abre a gaveta do armário, pega o soco inglês e guarda-o no bolso da calça. Pega a carteira, as chaves de casa e no caminho da porta grita para seus pais:
- Vou sair com o Gustavo. Volto antes das duas.
- Precisa de dinheiro? – Responde o pai, deitado no sofá da sala de TV.
- Não. – Fecha a porta e sai.
Toma o ônibus, que ele pega todos os dias da semana, antes do almoço e se dirige para a escola. Aproveita que o porteiro não está em sua posição e passa pela portaria da escola sem ser visto. Vai até o estacionamento e espera em meio a sombras até a saída das aulas por volta das 23h00min.
Dentro da escola o sinal bate. A professora de Português, Miriam, se atrasa um pouco para descer, pois está atendendo alunos do período noturno que ficaram para recuperação em sua matéria. Outros professores passam por ela na entrada da sala dos professores a caminho de casa. Após atender ao ultimo dos alunos ela entra na sala, e vê que é a antepenúltima pessoa a deixar o prédio. Apenas dois professores estão discutindo, ainda em relação há uma mudança de grade da qual discordam e, todos viram, discordaram a semana toda. Ela passa por eles.
- Rapazes. Ainda não entraram em um acordo? – Mas percebe que eles estão realmente bravos e complementa – Vamos pra casa. Amanhã vocês terminam.
- Daqui a pouco nós vamos Miriam. Boa noite. – responde o mais alto, Eliseu.
- Boa noite pra vocês.
Eles parecem não tomar muito conhecimento disso. A professora assina o livro de presença e caminha em direção ao estacionamento. Olha dentro da bolsa e verifica se as chaves de seu carro estão lá dentro. Chegando ao carro ela ainda esta com a cabeça baixa, quando quase na porta do carro é surpreendida por um vulto, que estava a sua espera.
- Olá professora.
- Ricardo? – Ela reprime um grito. Olha em volta e não vê ninguém. O porteiro deve ter saído, pois esta fora de vista. – O que você esta fazendo aqui?
- Eu quero conversar com a senhora a respeito das minhas notas.
- Conversamos amanhã. – Ela tenta desviar de Ricardo e colocar a chave no trinco para abrir seu carro. Ricardo a segura com uma mão e a empurra para longe. – O que é isso Ricardo? Ficou louco.
- Eu só quero conversar professora. Na boa.
- Amanhã conversamos. Afaste-se ou eu grito.
Quando Miriam se prepara para gritar, Ricardo fecha o punho e acerta um soco embaixo das costelas de Miriam, que imediatamente deixa o ar dos pulmões escaparem em um espasmo de dor. Olhando para ele confusa e assustada.
- A senhora vai me ouvir de qualquer jeito. – Ele diz isso apertando os ombros da professora, que ainda não conseguiu recuperar a respiração.
A mulher tenta se livrar de Ricardo que percebe que pode ter ido longe demais com essa história. Mas agora é tarde para voltar atrás. Seus pais que lidem com isso depois. Ele tenta a fazer ficar parada e vê que no estado em que se encontra Miriam, ele não conseguirá fazê-la ouvir. Não desse jeito. Eis que toma a decisão errada.
Os dois professores que ficaram pra trás na sala, se chamam Eliseu e Victor. Eliseu é professor de biologia e Victor de história e são amigos desde sempre. Na verdade não lembram há quanto tempo são amigos, mas na ultima semana uma discussão vem tomando o tempo dos dois a respeito da grade curricular do curso e eles percebem que é muito tarde para estar na escola. Decidem continuar a discussão no bar mais próximo e dessa vez regada a cerveja. Quem vê os dois a distancia sempre pensa que estão brigando quando discutem, mas isso esta longe da verdade. Eles só não conseguem controlar o volume e os ânimos.
Pegam o material, assinam o livro e saem do prédio, a tempo de ver uma cena que congela o sangue dos dois. Uma pessoa esta segurando Miriam com uma das mãos e com a outra acerta-lhe o rosto, com tamanha violência que a professora cai para trás em direção ao carro e bate a cabeça de mal jeito na lataria do carro. O barulho é alto e ela cai com o pescoço mole em direção ao chão.
Victor larga seu material no chão e corre em direção ao vulto que agora ele percebe ser um dos alunos do período vespertino. Tenta se aproximar pelas costas para pegar o cara desprevenido, mas a primeira reação de Eliseu é gritar para Ricardo. Victor nem chega a ouvir direito o que Eliseu grita, mas vê que Ricardo se voltou pra ele. Antes de conseguir atingir-lhe um golpe, Victor recebe uma pancada em seu rosto e cai de mau jeito em direção ao chão. Todo o lado direito de seu rosto esta quente e ele não consegue mais pensar.
Eliseu, mais alto que Victor, aproximadamente do tamanho de Ricardo, com seus 1,90m, pula pra cima dele tentando agarrá-lo. Consegue passar os dois braços prendendo os do aluno, e ambos ficam se debatendo. Victor tenta desesperadamente retomar a consciência e se levantar, mas a sua primeira tentativa falha e ele cambaleia em direção a um tubo de ferro de mais ou menos um metro de altura, encaixado no chão do estacionamento, que demarca o inicio da vagas, acertando o seu ombro esquerdo. Balança a cabeça, mas algo parece repuxar toda a pele do lado direito de seu rosto. Seus testículos se contraem e sua cabeça gira.
Eliseu, por sua vez, foi bem sucedido ao agarrar Ricardo, mas ele consegue após pouco tempo se livrar do abraço, quando seus braços bem treinados pelo Jiu-Jitsu, abrem caminho pelos cansados do professor de biologia. Ao ver que não será possível mantê-lo preso Eliseu aproveita que seus braços estão livres e aplica um soco que pega no peito de Ricardo, e um outro que passa de raspão pelo lado esquerdo de seu rosto. Antes do terceiro golpe, o punho fechado do aluno vai de encontro a sua garganta, deixando-o sem defesa para o golpe que vem em seguida e que acerta seu queixo. Eliseu sente o seu peso sumir e, olha para cima enquanto vai de encontro ao chão, vendo as luminárias fracas do estacionamento aberto, rodarem em cima de sua cabeça. O impacto é forte e as imagens somem de sua visão. Tudo fica escuro.
Ricardo passa a mão no rosto e olhando para Eliseu, com muita raiva, enfia a mão direita dentro do bolso. Tira o soco inglês e com a mão para cima ajeita o encaixe. Ele olha para o professor caído a sua frente e decide que vai bater nele até desfigurá-lo. Quando ouve o barulho vindo de trás, é tarde demais. Um barulho que apenas os tubos quando movidos muito rápido, podem fazer. “Vuuu” e a parte de trás de seu joelho direito recebe a pancada. Ele cai imediatamente sem ter como se levantar, pois sabe que não há mais o que o sustente em pé. Aquela parte de seu corpo foi destruída.
Ajoelhado com a dor começando a tomar conta de seu cérebro ele olha para o lado e vê seu algoz, em pé meio cambaleante, com um tubo de ferro na mão, e um olho praticamente fechado pelo inchaço, causado por uma pancada que ele mesmo desferiu.
- Você me paga. – Diz olhando com raiva para o professor de história.
Victor, com o tubo nas duas mãos, cospe sangue para o lado e olha com o único olho que ainda enxerga alguma coisa para o aluno caído.
- Não nessa vida, seu bosta.
O professor de história aperta o tubo com as duas mãos e acerta um golpe na cabeça do aluno, que emite um som nauseante como o de um melão acertando o asfalto. O rosto de Ricardo vira para o lado ao qual foi arremessado e os olhos parecem procurar alguma coisa, enquanto giram loucamente em suas órbitas. Fica assim por um ou dois segundos e então desaba, de bruços no chão. Suas pernas sofrem espasmos e balançam loucamente enquanto o resto do corpo parece imóvel. Sangue começa a sair pela sua boca e ouvidos.
Victor ainda sem entender exatamente o que aconteceu, larga a barra de ferro e vai de encontro a seus dois colegas que estão no chão. Eliseu ainda mostra alguma reação, mas Miriam está estática. Ele se aproxima da professora e percebe que ela esta viva. Um alívio invade o professor. Ela só esta desmaiada. Seu amigo esta tentando se levantar, e ele nem sequer tenta ajudá-lo, pois sabe que não seria de grande valia. Não em seu estado atual. Solta seu peso, contra a lataria do carro ao lado de Miriam e fica sentado, exausto, vendo o corpo do aluno começar a acalmar. Seus espasmos, pós mortem estão diminuindo.
Após trinta minutos sentados no chão, quando a professora, já acordara e passara os últimos dez, chorando, eles começam a discutir sobre o que deveriam fazer.
- Eu dei o golpe quando ele estava ajoelhado. Não serei perdoado por isso. Vou para a cadeia.
- Você pode alegar legitima defesa. Nós vimos o que aconteceu. – Dizia a professora ainda chorando.
- Não. Nós não vimos. Estávamos desacordados. E os pais dele (disse apontando para o corpo), virão pra cima do Victor. Acho que ele não vai conseguir se livrar dessa.
- Nós podemos mentir – Replicou a professora.
- Precisamos decidir o que faremos. Vamos fazer uma votação. – Sugeriu Victor.
E eles votaram.
Ganharam por dois votos a um.
Dois anos e pouco depois, vários colegas estão conversando na sala dos professores, comemorando o aniversario de uma colega, quando Izilda, a cozinheira, entra com uma torta de vegetais, com velas em cima. O clima de final de ano, tomou conta de todos e sem alunos para dar aulas, eles ficam cumprindo o horário, jogando conversa fora. Victor e Eliseu, discutem por alguma conversa que foi iniciada por outro professor, que diz alegremente:
- Melhor pararem, senhores. Lembram-se o que aconteceu da ultima vez, não lembram?
- Por favor, professor, não me lembre essas coisas. Eu fico envergonhado com a minha infantilidade. Não deveria ter chegado ao extremo. Foi a minha primeira e ultima briga. – Disse Victor fingindo estar envergonhado.
- E quem pagou o pato foi Miriam ao tentar apartar a briga entre vocês dois. Aprendeu uma valiosa lição não é Miriam? – Risadas na sala.
Miriam pareceu extremamente desconfortável com o comentário e só balançou cabeça. O outro professor, percebendo a mancada resolveu mudar de assunto.
- E essa torta Izilda? Esta gostosa, mesmo?
- Esta gostosa e é especial. Foi feita com legumes fresquinhos. Direto da horta, que fica nos fundos da escola. - Disse Izilda.
Eliseu, Victor e Miram, se olharam rápido.
Nenhum deles comeria a torta de vegetais.
Não com os vegetais colhidos dessa horta.
A professora começa, então, a divulgar as notas e segue promovendo a grande maioria dos alunos. Poucos ficam para a recuperação, entre eles Ricardo. Ao saber da nota, ele sente uma sensação de raiva crescendo dentro dele e sente o seu rosto quente. É assim desde que ele era pequeno e sempre que não conseguia algo que queria a sensação era a mesma. Como se roubassem algo dele. Não importa que ele não estude o suficiente ou que não fez todos os trabalhos. Alguns outros alunos também não foram tão bem e estão com notas melhores. E a professora ainda falou a nota olhando pra ele. Isso foi ou não foi, afinal, uma provocação? Ela não deveria ter feito isso. Ela deveria ter mais consideração pelas pessoas.
Alguns alunos vão até a carteira falar com a professora, mas ele não. Ele permanece quieto, de braços cruzados, sentado em sua carteira, esperando a raiva ir embora. Mas ela não vai. Ela só aumenta. Ainda mais quando a professora, naquela sua pose, tão cheia de si, levanta-se e começa a escrever na lousa que matéria iria ser cobrada na prova. Toda a matéria do ano. Ela enlouqueceu? Toda a matéria do ano? Ele não se contém e pergunta se ela não achava que era muita coisa. A professora se vira para ele e com ar de superioridade faz uma pausa e diz: “O senhor deveria ter feito todos os meus trabalhos em sala de aula Ricardo, ao invés de perturbara mim e a seus colegas.”. Ela falou dessa forma com ele na frente de toda classe. Isso não se faz. Deveria tê-lo chamado em um canto e dito, se ela realmente achava aquilo.
A aula acaba e Ricardo sai da sala puto da vida, empurrando um colega que estava em sua frente na porta. A professora ao ver a cena, chama por Ricardo e ainda briga com ele na frente de todos os colegas. Ele se controla pra não bater na professora, vira as costas e continua. Ouve ainda a professora chamar por ele, mas a ignora. Se vier outra advertência, que se dane.
Ele vai para casa, tenta assistir o jornal e a novela, mas não consegue se concentrar. Quando o relógio da parede aponta 20h45min ele tem uma idéia. Vai até o quarto, veste uma roupa preta, que costuma usar em baladas, abre a gaveta do armário, pega o soco inglês e guarda-o no bolso da calça. Pega a carteira, as chaves de casa e no caminho da porta grita para seus pais:
- Vou sair com o Gustavo. Volto antes das duas.
- Precisa de dinheiro? – Responde o pai, deitado no sofá da sala de TV.
- Não. – Fecha a porta e sai.
Toma o ônibus, que ele pega todos os dias da semana, antes do almoço e se dirige para a escola. Aproveita que o porteiro não está em sua posição e passa pela portaria da escola sem ser visto. Vai até o estacionamento e espera em meio a sombras até a saída das aulas por volta das 23h00min.
Dentro da escola o sinal bate. A professora de Português, Miriam, se atrasa um pouco para descer, pois está atendendo alunos do período noturno que ficaram para recuperação em sua matéria. Outros professores passam por ela na entrada da sala dos professores a caminho de casa. Após atender ao ultimo dos alunos ela entra na sala, e vê que é a antepenúltima pessoa a deixar o prédio. Apenas dois professores estão discutindo, ainda em relação há uma mudança de grade da qual discordam e, todos viram, discordaram a semana toda. Ela passa por eles.
- Rapazes. Ainda não entraram em um acordo? – Mas percebe que eles estão realmente bravos e complementa – Vamos pra casa. Amanhã vocês terminam.
- Daqui a pouco nós vamos Miriam. Boa noite. – responde o mais alto, Eliseu.
- Boa noite pra vocês.
Eles parecem não tomar muito conhecimento disso. A professora assina o livro de presença e caminha em direção ao estacionamento. Olha dentro da bolsa e verifica se as chaves de seu carro estão lá dentro. Chegando ao carro ela ainda esta com a cabeça baixa, quando quase na porta do carro é surpreendida por um vulto, que estava a sua espera.
- Olá professora.
- Ricardo? – Ela reprime um grito. Olha em volta e não vê ninguém. O porteiro deve ter saído, pois esta fora de vista. – O que você esta fazendo aqui?
- Eu quero conversar com a senhora a respeito das minhas notas.
- Conversamos amanhã. – Ela tenta desviar de Ricardo e colocar a chave no trinco para abrir seu carro. Ricardo a segura com uma mão e a empurra para longe. – O que é isso Ricardo? Ficou louco.
- Eu só quero conversar professora. Na boa.
- Amanhã conversamos. Afaste-se ou eu grito.
Quando Miriam se prepara para gritar, Ricardo fecha o punho e acerta um soco embaixo das costelas de Miriam, que imediatamente deixa o ar dos pulmões escaparem em um espasmo de dor. Olhando para ele confusa e assustada.
- A senhora vai me ouvir de qualquer jeito. – Ele diz isso apertando os ombros da professora, que ainda não conseguiu recuperar a respiração.
A mulher tenta se livrar de Ricardo que percebe que pode ter ido longe demais com essa história. Mas agora é tarde para voltar atrás. Seus pais que lidem com isso depois. Ele tenta a fazer ficar parada e vê que no estado em que se encontra Miriam, ele não conseguirá fazê-la ouvir. Não desse jeito. Eis que toma a decisão errada.
Os dois professores que ficaram pra trás na sala, se chamam Eliseu e Victor. Eliseu é professor de biologia e Victor de história e são amigos desde sempre. Na verdade não lembram há quanto tempo são amigos, mas na ultima semana uma discussão vem tomando o tempo dos dois a respeito da grade curricular do curso e eles percebem que é muito tarde para estar na escola. Decidem continuar a discussão no bar mais próximo e dessa vez regada a cerveja. Quem vê os dois a distancia sempre pensa que estão brigando quando discutem, mas isso esta longe da verdade. Eles só não conseguem controlar o volume e os ânimos.
Pegam o material, assinam o livro e saem do prédio, a tempo de ver uma cena que congela o sangue dos dois. Uma pessoa esta segurando Miriam com uma das mãos e com a outra acerta-lhe o rosto, com tamanha violência que a professora cai para trás em direção ao carro e bate a cabeça de mal jeito na lataria do carro. O barulho é alto e ela cai com o pescoço mole em direção ao chão.
Victor larga seu material no chão e corre em direção ao vulto que agora ele percebe ser um dos alunos do período vespertino. Tenta se aproximar pelas costas para pegar o cara desprevenido, mas a primeira reação de Eliseu é gritar para Ricardo. Victor nem chega a ouvir direito o que Eliseu grita, mas vê que Ricardo se voltou pra ele. Antes de conseguir atingir-lhe um golpe, Victor recebe uma pancada em seu rosto e cai de mau jeito em direção ao chão. Todo o lado direito de seu rosto esta quente e ele não consegue mais pensar.
Eliseu, mais alto que Victor, aproximadamente do tamanho de Ricardo, com seus 1,90m, pula pra cima dele tentando agarrá-lo. Consegue passar os dois braços prendendo os do aluno, e ambos ficam se debatendo. Victor tenta desesperadamente retomar a consciência e se levantar, mas a sua primeira tentativa falha e ele cambaleia em direção a um tubo de ferro de mais ou menos um metro de altura, encaixado no chão do estacionamento, que demarca o inicio da vagas, acertando o seu ombro esquerdo. Balança a cabeça, mas algo parece repuxar toda a pele do lado direito de seu rosto. Seus testículos se contraem e sua cabeça gira.
Eliseu, por sua vez, foi bem sucedido ao agarrar Ricardo, mas ele consegue após pouco tempo se livrar do abraço, quando seus braços bem treinados pelo Jiu-Jitsu, abrem caminho pelos cansados do professor de biologia. Ao ver que não será possível mantê-lo preso Eliseu aproveita que seus braços estão livres e aplica um soco que pega no peito de Ricardo, e um outro que passa de raspão pelo lado esquerdo de seu rosto. Antes do terceiro golpe, o punho fechado do aluno vai de encontro a sua garganta, deixando-o sem defesa para o golpe que vem em seguida e que acerta seu queixo. Eliseu sente o seu peso sumir e, olha para cima enquanto vai de encontro ao chão, vendo as luminárias fracas do estacionamento aberto, rodarem em cima de sua cabeça. O impacto é forte e as imagens somem de sua visão. Tudo fica escuro.
Ricardo passa a mão no rosto e olhando para Eliseu, com muita raiva, enfia a mão direita dentro do bolso. Tira o soco inglês e com a mão para cima ajeita o encaixe. Ele olha para o professor caído a sua frente e decide que vai bater nele até desfigurá-lo. Quando ouve o barulho vindo de trás, é tarde demais. Um barulho que apenas os tubos quando movidos muito rápido, podem fazer. “Vuuu” e a parte de trás de seu joelho direito recebe a pancada. Ele cai imediatamente sem ter como se levantar, pois sabe que não há mais o que o sustente em pé. Aquela parte de seu corpo foi destruída.
Ajoelhado com a dor começando a tomar conta de seu cérebro ele olha para o lado e vê seu algoz, em pé meio cambaleante, com um tubo de ferro na mão, e um olho praticamente fechado pelo inchaço, causado por uma pancada que ele mesmo desferiu.
- Você me paga. – Diz olhando com raiva para o professor de história.
Victor, com o tubo nas duas mãos, cospe sangue para o lado e olha com o único olho que ainda enxerga alguma coisa para o aluno caído.
- Não nessa vida, seu bosta.
O professor de história aperta o tubo com as duas mãos e acerta um golpe na cabeça do aluno, que emite um som nauseante como o de um melão acertando o asfalto. O rosto de Ricardo vira para o lado ao qual foi arremessado e os olhos parecem procurar alguma coisa, enquanto giram loucamente em suas órbitas. Fica assim por um ou dois segundos e então desaba, de bruços no chão. Suas pernas sofrem espasmos e balançam loucamente enquanto o resto do corpo parece imóvel. Sangue começa a sair pela sua boca e ouvidos.
Victor ainda sem entender exatamente o que aconteceu, larga a barra de ferro e vai de encontro a seus dois colegas que estão no chão. Eliseu ainda mostra alguma reação, mas Miriam está estática. Ele se aproxima da professora e percebe que ela esta viva. Um alívio invade o professor. Ela só esta desmaiada. Seu amigo esta tentando se levantar, e ele nem sequer tenta ajudá-lo, pois sabe que não seria de grande valia. Não em seu estado atual. Solta seu peso, contra a lataria do carro ao lado de Miriam e fica sentado, exausto, vendo o corpo do aluno começar a acalmar. Seus espasmos, pós mortem estão diminuindo.
Após trinta minutos sentados no chão, quando a professora, já acordara e passara os últimos dez, chorando, eles começam a discutir sobre o que deveriam fazer.
- Eu dei o golpe quando ele estava ajoelhado. Não serei perdoado por isso. Vou para a cadeia.
- Você pode alegar legitima defesa. Nós vimos o que aconteceu. – Dizia a professora ainda chorando.
- Não. Nós não vimos. Estávamos desacordados. E os pais dele (disse apontando para o corpo), virão pra cima do Victor. Acho que ele não vai conseguir se livrar dessa.
- Nós podemos mentir – Replicou a professora.
- Precisamos decidir o que faremos. Vamos fazer uma votação. – Sugeriu Victor.
E eles votaram.
Ganharam por dois votos a um.
Dois anos e pouco depois, vários colegas estão conversando na sala dos professores, comemorando o aniversario de uma colega, quando Izilda, a cozinheira, entra com uma torta de vegetais, com velas em cima. O clima de final de ano, tomou conta de todos e sem alunos para dar aulas, eles ficam cumprindo o horário, jogando conversa fora. Victor e Eliseu, discutem por alguma conversa que foi iniciada por outro professor, que diz alegremente:
- Melhor pararem, senhores. Lembram-se o que aconteceu da ultima vez, não lembram?
- Por favor, professor, não me lembre essas coisas. Eu fico envergonhado com a minha infantilidade. Não deveria ter chegado ao extremo. Foi a minha primeira e ultima briga. – Disse Victor fingindo estar envergonhado.
- E quem pagou o pato foi Miriam ao tentar apartar a briga entre vocês dois. Aprendeu uma valiosa lição não é Miriam? – Risadas na sala.
Miriam pareceu extremamente desconfortável com o comentário e só balançou cabeça. O outro professor, percebendo a mancada resolveu mudar de assunto.
- E essa torta Izilda? Esta gostosa, mesmo?
- Esta gostosa e é especial. Foi feita com legumes fresquinhos. Direto da horta, que fica nos fundos da escola. - Disse Izilda.
Eliseu, Victor e Miram, se olharam rápido.
Nenhum deles comeria a torta de vegetais.
Não com os vegetais colhidos dessa horta.
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