segunda-feira, 12 de maio de 2008

Mais uma sexta em São Paulo...


A minha sexta-feira começou cedo. Acordar às cinco e meia da manhã, tomar um café corrido e enfrentar o congestionamento de sempre. Voltei para casa, tomei um banho fiz a barba, almocei e saí de novo. Fui chamado para fazer uma entrevista em uma boa instituição de treinamento em TI na Paulista. Um trânsito de arrebentar.
Bom, ninguém mandou morar na cidade das oportunidades.
A tal da entrevista estava marcada para as 14:00h e mesmo saindo de casa ao meio dia e meia, quando meu relógio apitou as duas da tarde eu ainda estava sobre a ponte da Anhanguera, a pouco mais de 10 quilômetros de casa. Não sou de desistir, então continuei o árduo caminho e pouco mais de uma hora de atraso e meio tanque de combustível depois, lá estava eu nas calçadas da Avenida Paulista. E acredite ou não, peguei trânsito na calçada também. Juro. Tudo parado.
Larguei a porra do carro, em um estacionamento a coisa de trezentos metros do prédio e queria ir andando rápido, mas estão reformando as calçadas, então o público que normalmente encontra três metros de calçada para andar, não podia contar com mais de um metro, o que resultou em um engarrafamento de pedestres. Problemas de paulistano.
Cheguei, sem saber se iriam me atender, e como era de se esperar, me pediram para entrar em uma sala e me deram um vingativo chá de cadeira. Chá amargo, diga-se de passagem. Eu só pensava na volta.
Meia hora depois, a entrevistadora entrou pela sala, se apresentou e começamos o bate-papo. Uma coisa que vem com a idade, é que você sempre sabe quais serão as perguntas. Se fossem feitas na ordem, daria para responder antes mesmo de serem feitas.
A volta não foi tão feia como achei que seria. Também não foi sem transito, mas nem se comparou a ida. Mas cheguei atrasado ao outro colégio e ainda tinha dois conselhos de classe pela frente.
Finalmente é chegada a noite, eu calculei que saindo às 21:00h eu chegaria com sobra de tempo para o show do WhiteSnake. Calculei errado. O trânsito ainda estava uma bosta e só cheguei ao show quando o ponteiro pequeno já passava do número onze. Maravilha, para fechar o dia chegando em todos os compromissos com atraso. E demorei mais 15 minutos para achar um estacionamento, haja visto que não há vagas no Credicard Hall, para todos os carros. Na verdade, nem para a metade deles. Pra variar, como acontece com quem chega tarde a esses eventos, deixei o carro na rua e R$17,00 (porque chorei) na mão de um flanelinha filho-da-puta, que só estava ganhando a vida honestamente.
Estava tudo apinhado dentro daquele lugar e eu acho que venderam pelo menos mil ingressos a mais, além da lotação. Pelo menos. Não dava nem pra se mexer. Demoramos uma meia hora para achar um lugar em que era possível balançar a cabeça e levantar os braços, de forma que eles pudessem voltar a posição original depois, e fomos agraciados pelos sons de “Here i go again” e “Burn” entre outros, para lavar a alma de quem ouvia. Os caras mandam muito.
Mas dali a pouco, quando a coisa estava esquentando de verdade, que já estava começando a valer a pena todo o esforço, o trânsito, o flanelinha e o ingresso, o David Coverdale agradece, diz que ama São Paulo e dá um tchauzinho. As cortinas se fecham e... não abrem mais.
Fiquei esperando um pouco, porque dentro de mim algo dizia, “Não, espera que ele volta. Ele ainda não cantou Love Ain´t no Stranger. Espera que ele volta.”
Não voltou. O filho-da-puta simplesmente seguiu o script, arrecadou a grana e vazou do palco. Disse que amava São Paulo e se arrancou.
Porra. Ainda por cima o poser é mentiroso. Quem consegue amar essa porcaria dessa cidade em uma sexta-feira de congestionamento.
Acho que ele foi para o show de helicóptero.